
A UNEB vai participar nesta quarta-feira (2) das comemorações dos 202 anos das lutas pela Independência do Brasil na Bahia.
Gestores e comunidade acadêmica da universidade se concentram, como em anos anteriores, no Largo da Soledade, na Lapinha, bairro histórico de Salvador, a partir das 7h. Depois, seguem o tradicional cortejo cívico do 2 de Julho, junto com autoridades, lideranças políticas e comunitárias e a população.
A comunidade unebiana vai ainda ao Largo do Carmo, no bairro de Santo Antônio Além do Carmo, onde está sediado o Centro de Estudos dos Povos Afro-Indígenas Americanos (Cepaia), pertencente à universidade.

“Desejo a todas e todos um ótimo 2 de Julho, um dia de luta, de resistência, que marca sobretudo a luta das mulheres, como Maria Felipa, Maria Quitéria e Joana Angélica, em um processo de resistência histórica pela independência de nosso Brasil que ocorreu na Bahia”, destaca a reitora Adriana Marmori.
A vitória definitiva do povo baiano sobre o jugo português em 2 de julho de 1823 é considerada por historiadores a verdadeira Independência do Brasil pela intensa participação popular – representada nas figuras do caboclo e da cabocla no desfile atual – nas lutas que se prolongaram por mais de um ano.
Segundo o professor Alfredo Matta, do Campus I da UNEB, na capital, pesquisador de história da Bahia, a principal luta contra o domínio português aconteceu neste estado. Para ele, o 2 de Julho valoriza a Bahia no cenário nacional. “Um grande problema que vejo é que o Brasil desconhece essa importância quase sempre: é tida como uma luta regional”, observa.

O professor alerta para o fato de que essa foi uma luta pluriétnica. “Todos os setores sociais baianos se envolveram, mulheres se envolveram, pessoas de todas as raças e cores. Isso é uma forma que o Sul e Sudeste do país têm de reduzir a importância do Nordeste brasileiro”, afirma o pesquisador.
Ainda na avaliação de Alfredo Matta, “a UNEB, sendo uma universidade plural e popular como é, que aceita toda a diversidade da população baiana em seu seio e desenvolve o conhecimento acadêmico e científico, mas também alternativo, expressa essa baianidade, que foi a mesma baianidade que provocou a luta, que venceu a luta da independência. Então, a UNEB tem uma legitimidade enorme para participar dessa comemoração do 2 de Julho. Portanto, acredito que, se a UNEB não estiver presente no desfile, a independência não vai estar convenientemente representada. Porque esta universidade representa exatamente o povo que lutou pela independência. E mais: continuamos aqui, hoje, lutando pela universidade e pela igualdade a que o povo almejava naquela época”.

O historiador e professor Charles Sá, da UNEB em Eunápolis, também ressalta a participação de setores da população baiana nas lutas pela independência. O docente defende também que “a universidade, a academia, deve se fazer presente nas comemorações do 2 de Julho, particularmente a UNEB”.
Charles Sá põe em relevo o compromisso da universidade com o pensar a história, seus problemas e seus dilemas do ponto de vista da ciência e do conhecimento. “E, no nosso caso, a UNEB tem como característica esse olhar voltado para os setores mais marginalizados da nossa sociedade. A UNEB foi sempre pioneira em seu olhar para as mulheres, as pessoas da comunidade LGBTQIAPN+, as pessoas trans, os negros, os quilombolas, os indígenas, os participantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra). Enfim, para aqueles que são marginalizados, que são em grande parte os indivíduos que estiveram presentes naquelas lutas. Então, é importante que a UNEB esteja presente e que reflita sobre o significado do 2 de julho hoje”, analisa o historiador.
Texto: Toni Vasconcelos/Ascom. Imagem: divulgação.
Fotos: Danilo Oliveira/Ascom (reitora) e arquivo pessoal (docentes).