Com tema “10 anos desaguando (re)existências, alianças, rebeldias e afetos em ginga“, o X Enlesbi contará com programação diversa. O “rito de chegança”, dia 22, às 14h, abertura do evento, vai tratar do Enlesbi em rede: diálogos entre movimento social e universidade. Logo depois, vão acontecer rodas de conversa sobre identitarismo e políticas públicas na atualidade, a marcha das mulheres negras por reparação e bem viver, e religiosidades e racismo estrutural.
No dia 23, a partir das 9h, outras rodas de conversa estão agendadas sobre maternagem, “avosidade” e relações intergeracionais, lésbias e bissexuais com deficiência, entre outras temáticas. Durante as atividades, vão acontecer atividades artístico-culturais, a exemplo do Varal Artístico-PoéticoErótico.
E no último dia (24), antes do encerramento, está prevista a realização do Ato Público da Visibilidade de Lésbicas e Mulheres Bissexuais da Bahia.
O Enlesbi visa ser um espaço para articular lésbicas e mulheres bissexuais militantes autônomas e independentes da Bahia, no intuito de construir referências que orientem movimentos sociais, poder público e a academia sobre como abordar as lesbianidades, bissexualidades e suas intersecções no enfrentamento ao racismo, sexismo, lesbofobia e outras formas de violência contra pessoas LGBTQIAPN+.
O evento será também importante ponto de articulação para a Rede LGBTQIAPN+ da UNEB, apoiando a inclusão e a conexão entre diversos segmentos da comunidade acadêmica, além de reforçar o papel da universidade na promoção de direitos e igualdade.
A iniciativa tem o apoio do Instituto Odara, Rede LesBi Brasil, Frente Nacional de Lésbicas Desfem, Grupo Amuleto, Coletivo de Mulheres Negras Ayomidê Yalodê, grupo de pesquisa Candaces (UNEB), entre outras entidades.
Encontro consolida espaço para fortalecimento das lutas e conquistas das mulheres lésbicas e bissexuais
Salvador foi palco da 9ª edição do Encontro de Lésbicas e Mulheres Bissexuais da Bahia (Enlesbi-BA), realizado entre os dias 13 e 15 setembro. Consolidado como um espaço para o fortalecimento das lutas e conquistas das mulheres lésbicas e bissexuais, o evento reuniu participantes de diferentes regiões do estado e do Brasil, fomentando discussões sobre direitos, visibilidade e políticas públicas.
Evento contou com roda de conversa sobre Enfrentamento às Violências contra Lésbicas e Mulheres Bissexuais
Organizado em parceria com movimentos sociais, como a Liga Brasileira de Lésbicas e Mulheres Bissexuais (LBL), e a Universidade do Estado da Bahia (UNEB), o evento destacou a importância de amplificar a representatividade e as vozes das mulheres lésbicas e bissexuais em todos os âmbitos da sociedade.
Na manhã de sábado (14), a roda de conversa intitulada “Pensando a Construção de Redes Formais e Movimentos Sociais de Enfrentamento às Violências contra Lésbicas e Mulheres Bissexuais” contou com a participação de Rosane Vieira, pró-reitora de Extensão (Proex) da UNEB, e da professora Amélia Maraux.
“Ao apoiar eventos como o Enlesbi, estamos investindo recursos para que o movimento lésbico possa se articular de forma efetiva, construindo e avaliando políticas públicas que defendam as questões LGBTQIAPN+”, disse Rosane. Segundo a gestora, esse apoio não só fortalece o movimento lésbico, mas também enriquece a comunidade acadêmica da UNEB, permitindo que estudantes, docentes e técnicos que não têm acesso a essas discussões possam se informar, se tornar pessoas aliadas ou reconhecer sua própria conexão com a comunidade. “A extensão universitária, assim, cumpre seu papel fundamental ao facilitar a articulação e o engajamento com temas de relevância social, promovendo uma transformação significativa tanto na universidade quanto na sociedade”, frisou.
Rosane Vieira (esq.) e Amélia Maraux (dir.) destacaram importância do Enlesbi na articulação entre universidade e movimento social
Desde a sua criação, em 2013, o Enlesbi se destaca como o único encontro estadual voltado exclusivamente para lésbicas e mulheres bissexuais na Bahia. Amélia Maraux, docente da UNEB no Campus XIV, em Conceição do Coité, e uma das organizadoras do evento, ressaltou a importância histórica do encontro na articulação entre universidade e movimento social. “O projeto se consolidou como uma ação que articula o movimento social como produtor de conhecimento. A UNEB tem sido parceira desde a primeira edição e mantém seu compromisso com a pauta LESBI, que envolve visibilidade, ações afirmativas e o enfrentamento à lesbofobia”, afirmou, destacando como o Enlesbi serve como um exemplo concreto de como a universidade pode atuar na produção de conhecimento crítico e transformador.
Outras vozes presentes também trouxeram reflexões importantes. Bárbara Rabelo, discente do Campus XXIV da UNEB, em Xique-Xique, enfatizou o impacto da troca de experiências no evento: “A diversidade e os desafios discutidos proporcionaram não apenas aprendizado, mas também um sentimento de pertencimento, algo que muitas vezes falta nos espaços tradicionais”, afirmou. Para Bárbara, o Enlesbi proporcionou um espaço seguro e de acolhimento, algo essencial para o fortalecimento das identidades lésbicas e bissexuais.
Ocupar espaços
A exposição de colagens de fotografias da artista e catarinense, Guilhermina Cunha, foi uma das manifestações artísticas do evento. Guilhermina apresentou uma série de recortes e colagens que documentam a presença e as vivências de mulheres lésbicas e bissexuais nos movimentos sociais. “A intenção é mostrar os lugares onde estão as lésbicas, onde estão as mulheres bissexuais, onde estamos em todos os momentos”, explicou. Guilhermina destacou que, desde a primeira edição do Enlesbi, em 2013, tem participado ativamente do evento, enfatizando que a iniciativa é um meio para dissolver estigmas através do afeto e do debate por mais democracia e direitos humanos.
Enlesbi oportunizou exposição de colagens de fotografias da artista e catarinense Guilhermina Cunha
Representantes de 11 campi da UNEB estiveram presentes no evento. O Campus XXIV, em Xique-Xique, esteve representado por estudantes do curso de Engenharia Sanitária e Ambiental, bem como pelo coletivo Acordar, movimento social LGBTQIAPN+ da cidade. Aigara Miranda, diretora do campus, mulher negra e lésbica, destacou a importância de ocupar espaços de poder e decisão. “Acredito que é fundamental levantarmos as bandeiras da inclusão e transformarmos as vidas que estão em formação dentro da universidade”, salientou. A docente concluiu: “Enquanto pessoa, professora e gestora, é nosso papel trabalhar essa temática em todos os espaços da universidade, e mostrar a importância da nossa inclusão”.
O encontro contou com a participação de Luciara de Freitas, do Grupo Afirmativo de Mulheres Independentes (Gami-RN), movimento social do Rio Grande do Norte dedicado às mulheres lésbicas. Luciara, que se apresentou como uma mulher negra e bissexual, trouxe perspectiva sobre a importância de ocupar espaços e formar redes de apoio mútuo. Em sua fala, ela abordou a necessidade de visibilidade e reconhecimento dentro dos movimentos sociais. “Estamos aqui para desmistificar e trazer à tona questões de gênero e sexualidade que frequentemente são tratadas de maneira tímida. O Enlesbi é uma plataforma para afirmar a presença e as contribuições das mulheres lésbicas e bissexuais, assim como de outros corpos divergentes, em todos os setores”, ressaltou.
Grupo Afirmativo de Mulheres Independentes do RN participou do evento
A troca de experiências e a diversidade de vivências entre as participantes foi um dos grandes diferenciais do evento. Letícia Santos França, estudante do IFBA, mulher lésbica preta e quilombola, destacou a importância de ampliar as discussões políticas e de gênero em espaços como oportunizado no encontro. “Eu cheguei cheia de expectativas para o Enlesbi, é a primeira vez que estou participando, e com as poucas conversas que já tivemos, eu já consegui enxergar as coisas de uma forma totalmente diferente”, disse Letícia, reforçando que o evento contribuiu para sua própria forma de “reexistir” e trazer essa luta para outros espaços, como seu campus e além.
O Enlesbi contou com a contribuição de Erica Capinam, da Liga Brasileira de Lésbicas e Mulheres Bissexuais, que também participou da organização do encontro. Erica compartilhou que o evento é, antes de tudo, um espaço vital para a formação política e a resistência contínua. “Nosso maior desafio ainda é garantir o financiamento contínuo para que possamos ampliar o alcance do evento e aumentar o número de mulheres participantes”, asseverou Erica.
A 9ª edição do Enlesbi-BA consolidou o papel fundamental da universidade e dos movimentos sociais na promoção dos direitos e da visibilidade das mulheres lésbicas e bissexuais. Além disso, o ENLESBI-BA serve como um importante ponto de articulação para a recém-criada Rede LGBTQIAPN+ da UNEB, apoiando a inclusão e a conexão entre diversos segmentos da comunidade e reforçando o papel da universidade na promoção de direitos e igualdade.
Texto e fotos: Rozin Daltro/Ascom, com supervisão de Danilo Cordeiro/Ascom
Encontro abordou tema “Lesbianizar e sensualizar a arte de bem viver”
Lésbicas e mulheres bissexuais se reuniram no último fim de semana, entre os dias 25 e 27 de agosto, para refletir e trocar experiências sobre suas vivências durante a oitava edição do Encontro de Lésbicas e Mulheres Bissexuais da Bahia (Enlesbi), realizado no Hotel Concept, em Salvador.
O encontro, que neste ano abordou o tema “Lesbianizar e sensualizar a arte de bem viver”, contou com palestras, oficinas, rodas de conversa e apresentações culturais, além de promover a integração e o fortalecimento da rede de apoio entre as participantes.
“O viver lésbica e bissexual é uma arte de fato. E o nosso encontro tem um papel formador, de empoderamento. É uma imersão que traz outras vozes que possam contribuir no processo de discussão sobre o nosso viver”, explicou a professora Amélia Maraux, uma das organizadoras do evento.
O encontro contou com a presença de representantes de instituições apoiadoras e parceiras entre elas a vice-reitora da UNEB, Dayse Lago. “A UNEB tem o compromisso de estar junto e em parceria com os movimentos sociais, organizações sociais e coletivos que debatem o tema das lésbicas e mulheres bissexuais, pois a universidade, que defende a política de gênero e da diversidade, assume seus valores republicanos, democráticos e participativos na luta pelos direitos humanos de todas e todos, sem distinção de raça, gênero ou credo”, destacou.
O Enlesbi é um espaço que se dedica também a potencializar a organização de lésbicas e mulheres bissexuais no interior do estado, regiões onde as práticas de lesbocídio são mais presentes, conforme aponta dados do dossiê organizado pelo Núcleo de Inclusão Social (NIS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 2018. A partir da ação interiorizada do encontro que a jornalista e pesquisadora SarahSanches teve a sua vida transformada depois de participar de uma edição do evento.
“Eu era estudante da UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), e tive a alegria de conhecer o Enlesbi. Foi um momento muito emocionante para mim, que vinha nesse processo de me reconhecer enquanto lésbica. Estar em espaço coletivo, organizado, afetivo com outras mulheres lésbicas e bissexuais é marcante. A partir desse encontro que eu me senti subjetivamente fortalecida para reivindicar também os meus direitos”, afirmou a estudante de especialização em Gêneros, Raças e Sexualidades pelo Cegres/Diadorim da UNEB.
A estudante do curso de Ciências Sociais do campus I da UNEB, Jéssica Souza, teve a oportunidade de participar do seu primeiro Enlesbi, contribuindo com a organização do evento como monitora de ensino. “Como jovem negra e bissexual vejo que foi essencial a possibilidade de estar em um encontro em que posso expressar a minha orientação sexual e ser acolhida, além de vivenciar essa troca de experiência com mulheres jovens e mulheres mais velhas”, ressaltou a discente.
A programação ainda teve a mesa “Memórias e Histórias Virginianas” como homenagem à pesquisadora e uma das idealizadoras do Enlesbi, Virgínia Nunes, falecida em abril deste ano. As participantes tiveram a oportunidade de saudar umas às outras, saudando também à memória da professora Vírginia – iniciando o encontro com a inspiração de luta e solidariedade que ela representa.
No último dia de atividades (27), as organizadoras do encontro promoveram a Caminhada da Visibilidade Lésbica e de Mulheres Bissexuais, nas proximidades do Hotel Concept. O ato possibilitou que as participantes expressassem nas ruas as suas lutas por respeito e reivindicação de políticas públicas para as lésbicas e mulheres bissexuais.
O Enlesbi teve a realização da UNEB, do Centro de Estudos em Gênero, Raça, Etnia e Sexualidade (Cegres/Diadorim) e da Liga Brasileira de Lésbicas e Mulheres Bissexuais (LBL).
A iniciativa contou com apoio das Secretarias de Políticas para as Mulheres (SPM), de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) e de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), além do Instituto Odara, Rede Lésbi Brasil, grupo de pesquisa Candaces da UNEB, Grupo Amuleto, Coletivo de Mulheres Negras Ayomidê Yalodê e do Fórum Baiano LGBT.
Elvis Cássio*
Núcleo de Jornalismo
Assessoria de Comunicação
Cerca de 150 pessoas participaram da quarta edição do Encontro de Lésbicas e Mulheres Bissexuais da Bahia (IV Enlesbi), que aconteceu entre os dias 18 e 21 de agosto.
Com o tema Lésbicas e Mulheres bissexuais por um feminismo interseccional: Refletindo sobre nossas teorias e práticas “Eu Te deixo Ser, deixa-me Ser então”, a iniciativa teve como objetivo tecer diálogos sobre questões da comunidade lésbica e bissexual, e possibilitar o compartilhamento de experiências no ativismo e no enfrentamento das violências.
A mesa de abertura, que aconteceu no Centro de Treinamento da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), em Itapuã, contou com a presença de diversas autoridades políticas, líderes e representantes de movimentos sociais e instituições parceiras.
“Falar sobre feminismo interseccional é combater as opressões de gênero, raça e classe social. Nosso objetivo é lutar por uma política de inclusão que possa reverter os altos índices de violência, buscando o fortalecimento de laços da auto-organização das lésbicas e bissexuais juntamente com os seus valores e direitos”, ressaltou a coordenadora do Centro de Estudos em Gênero, Raça/Etnia e Sexualidade (Diadorim/Cegres) da UNEB, professora Amélia Maraux,
A secretária de Promoção de Igualdade Racial (Sepromi), Fabya Reis, destacou que um dos principais desafios para as esferas governamentais é a incorporação de pautas, demandas e a execução de políticas com a observância das questões de gênero e da diversidade LGBT.
“Na Bahia, temos o Estatuto da Igualdade Racial de Combate à Intolerância Religiosa, para o qual estamos trabalhando na regulamentação do capítulo sobre mulheres negras, trazendo estes temas para o centro das discussões”, disse a secretária, lembrando que o planejamento de ações para a Década Internacional Afrodescendente deverá apontar políticas prioritárias a serem executadas até 2024, contemplando mulheres negras lésbicas e bissexuais.
A solenidade de abertura contou ainda com a presença de representantes das secretarias de Políticas para Mulheres (SPM), de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS) e da Educação (SEC), de Ongs , movimentos sociais e instituições parceiras.
Extensa programação
O encontro, que seguiu com programação até o dia 21 de agosto, contou com rodas de conversa e oficinas.
Entre as temáticas abordadas estavam Lesbianidades, Bissexualidades e negritudes em rede na América Latina: resistências e alternativas contra a ofensiva imperialista em defesa da Democracia; e Mais amor, mais prazer, por uma vida sem violência: refletindo sobre os Impactos da lesbofobia, bifobia, racismo, sexismo, classismo e heteronormatividade no corpo das lésbicas e mulheres bissexuais.
A articuladora estadual da Liga Baiana de Lésbicas (LBL) e também coordenadora do evento, Altamira Simões, destacou a grande presença de jovens no evento. “A participação dos jovens fortalece novos espaços de agrupamento para pensar políticas públicas para as lésbicas e bissexuais na Bahia”, salientou.
O evento reservou ainda atividades culturais e a III Caminhada lésbica e das mulheres bissexuais uma ação política e tem o intuito de denunciar o cenário de violência e vulnerabilidade a que estão submetidas as lésbicas e mulheres bissexuais, mas também vem celebrar a visibilidade das vivências, seus corpos e seus afetos comemorando o dia 29 de agosto, Dia Nacional da Visibilidade Lésbica.
*Com informações da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR)