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Congressos de pesquisadores negros na UNEB reafirmam continuidade das lutas por equidade e direitos

Solenidade de abertura lotou teatro da universidade, reunindo gestores, lideranças e comunidade

Queremos viver em plenitude. Indignar-se, abalar-se e manifestar-se, veementes, diante das injustiças e das violências com as quais nós, negros, convivemos diuturnamente nos diferentes espaços e territórios.”

Com essas palavras, a reitora da UNEB, Adriana Marmori, declarou abertos o X Congresso Baiano de Pesquisadores(as) Negros(as) (X CBPN) e V Congresso de Pesquisadores(as) Negros(as) do Nordeste (V Copene-NE), na tarde de ontem (3), em sessão solene no teatro da universidade, no Campus I, em Salvador.

Sediadas na UNEB, essas edições dos eventos, cuja programação se prolonga até o próximo dia 7, trazem reflexões sobre a resistência negra com tema “Malês, 190 anos: legado ancestral e a continuidade das lutas“. As atividades estão sendo transmitidas ao vivo pelo canal da TV UNEB no YouTube.  

Reitora Adriana Marmori: compromisso da UNEB com luta antirracista

Os congressos reúnem pesquisadores, docentes, estudantes e ativistas de diferentes regiões do país, colocando no centro dos debates a importância da preservação da memória das lutas negras e das riquezas culturais, patrimônios do povo negro.

“Aqui, na UNEB, reafirmamos nossa presença, nossa existência, nossa exigência de respeito e nossa determinação em continuar construindo”, disse Sandra da Silva, presidente da Associação de Pesquisadores(as) Negros(as) da Bahia (APNB), entidade organizadora dos eventos, em parceria com a Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros(as) (ABPN) e o Centro de Estudos Africanos e da Diáspora Africana nas Américas (AfroUneb).

Em sua fala, Adriana Marmori também reafirmou o compromisso institucional da UNEB com a luta antirracista e pelo direito do negro de ocupar os espaços acadêmico e lutar por uma vida mais digna. “Na academia, na ciência engajada, encarnada imbricada e contextualizada, produzida em defesa do povo preto, nos fóruns, seminários, congressos, nos componentes curriculares de muitos cursos, nas salas de aula. Mas, infelizmente, apesar de tantos esforços, o racismo estrutural ainda existe“, alertou a reitora.

Sandra da Silva (APNB): “Aqui reafirmamos nossa existência e determinação”

“Chegamos à era da barbárie, em que as vidas humanas se confundem com objetos descartáveis. É a cultura do ter sobrepondo-se à cultura do ser. É preciso resistir, sempre. E vamos resistir. Não somos descendentes de escravos, somos descendentes de seres humanos que foram escravizados“, completou Adriana Marmori.

Além da reitora, a mesa solene de abertura contou com a participação do presidente da ABPN, Adilson dos Santos, da presidente da APNB e uma das coordenadoras dos eventos, Sandra da Silva, da coordenadora do AfroUneb, Suely Santana, da também coordenadora dos congressos, Irenilza Oliveira, e da deputada estadual Olívia Santana. Outros convidados compuseram a ala de honra da abertura, como a vice-reitora Dayse Lago e a pró-reitora de Ações Afirmativas (Proaf), Dina Rosário, da universidade.  

Enfrentamento ao racismo

Nas diferentes palestras e mesas do X CBPN e do V Copene-NE, tem sido reiterada a questão de como o povo negro tem resistido historicamente a todo jugo imposto pelo sistema racista, nas lutas contra a discriminação racial, política, educacional, econômica, social, filosófica, epistemológica e cultural.

Adilson dos Santos (ABPN): racismo mesmo com títulos e reconhecimento

A capacidade intelectual dos negros ainda é constantemente questionada. Contra essa visão eurocêntrica do conhecimento, falou a presidente da APNB: “Frequentemente, temos nossas capacidades cognitivas questionadas. As pessoas nos observam e, mesmo sem expressarem verbalmente, transmitem sentimentos de repulsa por meio da linguagem corporal”, denunciou Sandra da Silva, acrescentando que “a existência de uma associação de pesquisadores composta por doutores e pós-doutores, com reconhecimento nacional e internacional, que se dedicam a trazer o coletivo, a população, para o centro, é fundamental”.

Reforçando essa questão, o presidente da ABPN lembrou que “mesmo com títulos e reconhecimento, ainda enfrentamos o racismo“. “A estrutura deste país, infelizmente, impõe a desigualdade, a diferenciação e a exclusão. Por isso, ao celebrarmos a Revolta dos Malês, estamos também combatendo as barreiras que nos impedem de viver, como o genocídio constante da população negra e pobre”, afirmou Adilson dos Santos.

Na conferência de abertura, o professor da UNEB Wilson Mattos alinhou-se à perspectiva da importância dos congressos como “espaço de referência simbólica e prática, que incentiva a formação, o acesso à universidade e o destaque profissional das pessoas negras”.

Para professor Wilson Mattos, UNEB inspira negros a investir na formação

“A população negra não teve ou não tem, em sua grande maioria, oportunidade de frequentar espaços como este, seja de maneira formal ou informal. Como pioneira na adoção das cotas raciais, a UNEB configura-se como modelo para o negro de que é possível ingressar aqui, investir na formação profissional, se destacar no seu campo de atuação”, avaliou Wilson Mattos.

A ampla programação inclui conferências, mesas-redondas, grupos de trabalho, lançamento de livros, apresentações artísticas e atividades culturais, reunindo nomes de destaque da academia e de organizações sociais do Brasil e do exterior.

Com trajetória consolidada ao longo de quase duas décadas, o CBPN e o Copene-NE são referências na produção científica de pesquisadores negros e pesquisadoras negras sobre o povo negro no Brasil, articulando discussões sobre educação, saúde, cultura, comunicação, tecnologia, meio ambiente e políticas públicas.

Texto: Marcus Gomes/Ascom, com edição de Toni Vasconcelos/Ascom.
Fotos: Danilo Oliveira/Ascom.

Equidade de raça e gênero é tema da Conferência Livre de Ciência, Tecnologia e Inovação na UNEB

Evento integra construção de políticas públicas e orientações para as Conferências Estadual e Nacional de CT&I

A UNEB sediou na última quarta-feira (3), a Conferência Livre de Ciência, Tecnologia e Inovação. O evento, realizado no auditório Jurandyr Oliveira, no Campus I, em Salvador, reuniu gestores, acadêmicos, pesquisadores, estudantes e sociedade civil para diálogo sobre a temática “Equidade de Raça e Gênero: fator propulsor do Desenvolvimento Sustentável”.

A iniciativa integra a construção de políticas públicas e orientações para a Conferência Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação e da Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação que acontece, respectivamente, nesta quinta (4) e sexta-feira (5), em Salvador; e no mês de junho, em Brasília. 

A mesa de abertura contou com a presença do assessor-chefe da Reitoria da UNEB, Sérgio São Bernardo; da diretora da Fiocruz-Bahia, Marilda Gonçalves; do presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN), Iraneide Soares; e do chefe de gabinete da Secretaria estadual da Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), Marcius Almeida.

“Como sociedade, já reconhecemos que é impossível pensar ciência, tecnologia e inovação sem a diversidade. E a UNEB dá um grande exemplo dessa atuação como universidade. A equidade racial e de gênero são temas caros ao nosso cotidiano de fazer ciência, tecnologia e inovação, são marcadores que fazem parte da nossa prática. É muito significativo que a construção das propostas para a conferência estadual e nacional aconteçam aqui”, declarou Sérgio São Bernardo.

O representante da Secti, Marcius Almeida, ressaltou a importância da UNEB para a contribuição na construção das políticas públicas de ciência, tecnologia e inovação. “Estamos realizando a maior conferência estadual do país com a articulação das nossas Universidades Estaduais. E a UNEB foi importantíssima na mobilização dos territórios de identidade, mobilizando mais de três mil pessoas. Temos um documento que entregaremos à sociedade com mais de 50% das contribuições vindas dos movimentos sociais. Isso consolida uma expectativa da sociedade civil, do empresariado e da academia.”

Também participaram da abertura do evento os representantes da Associação de Pesquisadores Negros da Bahia (APNB), das Universidades Federais da Bahia (Ufba) e do Recôncavo da Bahia (UFRB), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), Conselho Estadual de Saúde da Bahia, e da Secretaria estadual de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi).

Saúde da população baiana

Após a mesa de abertura, diretora da Fiocruz-Bahia, Marilda de Souza Gonçalves, realizou uma palestra sobre os desafios enfrentados pela saúde da população baiana e como refletem o contexto de racismo estrutural e de feminicídio ainda existente no estado. 

Tomando como base os dados do Censo Demográfico do IBGE de 2022, ela conclui sobre a necessidade da realização de estudos nacionais que possam descrever as situações reais das políticas públicas relacionadas ao enfrentamento das desigualdades de gênero e raça. 

“Além dos censos, precisamos investigar a aplicação dessas políticas públicas a partir de estudos. É através da ciência que poderemos encontrar respostas, destacando aqui a importância do papel integrado às ciências sociais no que tange à temática da equidade racial e de gênero”, destacou Marilda. 

Em seguida foi realizado o painel “Ciência Tecnologia e Inovação na Saúde de Pessoas Negras, Indígenas e Povos Comunidades Tradicionais: o papel das lideranças”, que reuniu os representantes UFRB, Associação de Pesquisadores Negros, Centro de Referência das Pessoas com Doenças Falciformes, Conselho Estadual de Saúde da Bahia, do Instituto de Saúde Coletiva da Ufba.

Ao discutir o papel das lideranças, os participantes do painel abordaram também a importância que as mudanças de perspectiva adotadas junto aos pacientes na área da Saúde vem provocando questionamentos na equidade do fazer científico: 

“Durante quase um século havia um pensamento focado na doença, que foi o centro do olhar tanto de pesquisadores, quanto da gestão. A criação das associações de saúde trouxe então uma inflexão, em que a pessoa com a doença vai para o centro do debate. Quem é essa pessoa? Como ela vive? Ela é uma pessoa. E essa mudança de perspectiva muda tudo, nos leva a questionar a ciência que estamos produzindo. A produção de ciência passa a envolver também a acessibilidade, a sua disponibilidade”, afirmou Altair Lira, assessor de relações institucionais do Centro de Referência das Pessoas com Doenças Falciformes.

A programação teve continuidade com mais dois paineis, um para dialogar sobre “Educação, Políticas Afirmativas e o Fomento de Políticas Públicas para Ciência Tecnologia e Inovação” e outro sobre  “Tecnologias e Inovação para Equidade Racial e de Gênero na Ciência Tecnologia e Inovação”.

Propositiva

A Conferência Livre envolveu diferentes atores da sociedade para a construção de propostas concretas de políticas públicas dentro da temática de Equidade Racial e Gênero, entendendo-as como propulsoras de um desenvolvimento sustentável. O evento foi transmitido na íntegra pelo canal da TV UNEB no Youtube. 

Durante as atividades foram escolhidos três representantes da temática que irão participar da Conferência Estadual: Lilian da Encarnação, representante da UNEB; Sandra Maria Cerqueira, representante da APNB e Altair Lira, representante da área da Saúde.

“A UNEB é vocacionada à inclusão e à democracia, a se estruturar a partir da diversidade. Trabalhar com a equidade é pensar justiça social e a Universidade, pela sua própria natureza, tem caminhos construídos junto ao povo negro, quilombola e originários”, frisou Lílian Encarnação, coordenadora do Centro Estudos dos Povos Afro-Índio-Americanos (Cepaia) da UNEB. 

Os participantes realizaram também uma produção coletiva de dois documentos com as propostas de políticas públicas que serão levadas à apreciação na Conferência Estadual e também à Conferência Nacional, atendendo ao eixo 4 da programação que trata da Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Social.

A Conferência Livre foi uma iniciativa da Fiocruz-Bahia em parceria com o Cepaia da UNEB, APNB, Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC-Ufba), e das Secretarias estaduais de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) e de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti).

Texto e fotos: Leandro Pessoa/Ascom

UNEB sedia Conferência Livre de Ciência, Tecnologia e Inovação com temática sobre equidade de raça e gênero

“Equidade de Raça e Gênero: fator propulsor do Desenvolvimento Sustentável”. Esse é o tema da Conferência Livre de Ciência, Tecnologia e Inovação, a ser realizada nesta quarta-feira (3), às 9h, no auditório Jurandyr Oliveira, localizado no Departamento de Educação (DEDC) do Campus I da UNEB, em Salvador.

A iniciativa, que faz parte da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, tem como principal objetivo sistematizar contribuições e propostas que possam auxiliar, de forma efetiva, na ampliação da participação de negros e negras na área de Ciência, Tecnologia e Inovação, indicando caminhos para a construção de políticas públicas de incentivo à formação de pesquisadores, fomento à pesquisa e a ocupação dos espaços acadêmicos e de decisão, superando barreiras e dificuldades enfrentadas nos mais diversos âmbitos da sociedade.

Alinhada às proposições da Conferência Estadual e Nacional, o evento pretende envolver diferentes atores da sociedade como pesquisadores, acadêmicos, profissionais, estudantes, membros da sociedade civil e tantos outros grupos sociais. A ação integra o eixo 4 – Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Social.

O evento pretende envolver diferentes atores da sociedade como pesquisadores, acadêmicos, profissionais, estudantes, membros da sociedade civil e tantos outros grupos sociais. Os interessados em participar devem preencher o formulário de inscrição.

Promovidas pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, as Conferências são espaços de informação e conhecimento de excelência criados com o objetivo de contribuir para a melhoria da ciência, tecnologia e inovação brasileira. As atividades podem ser realizadas em âmbito municipal, estadual, temática, ou em qualquer outra configuração que estimule a participação social das instituições envolvidas.

O evento é uma iniciativa da Fiocruz-Bahia em parceria com o Centro de Estudos dos Povos Afro-Indígenas Americanos (Cepaia) da UNEB, Associação de Pesquisadores Negros da Bahia (APNB), Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC-Ufba), e das Secretarias estaduais de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) e de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti).

*Com informações da Fiocruz-Bahia. Imagem (destaque): Divulgação

Artivismo Preta: UNEB emociona público com evento de valorização e reverência à beleza e força da mulher preta

Evento mostrou beleza e ancestralidade da mulher negra

Beleza, saberes, ancestralidade, resistência. A mulher negra com toda a sua significância e significados foi reverenciada na tarde da última segunda-feira (31), durante o evento “Mulheridade Ancestral: Artivismo Preta”, realizado no Forte da Capoeira, no Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador.

A iniciativa, promovida pela Reitoria da UNEB, por meio da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas (Proaf), se destacou enquanto uma atividade artivista, alusiva ao Julho das Pretas, um movimento que, para as mulheres negras brasileiras, representa o enfrentamento aos diversos tipos de racismo e ao machismo que as acometem.

Dayse: iniciativa valoriza a mulher negra

O evento teve como objetivo maior agregar mulheres pretas que, direta ou indiretamente, desenvolvem projetos artístico-acadêmico-sociais, cujos objetivos se relacionam às políticas de ações afirmativas promovidas pela UNEB, além de visibilizar a produção científica, artístico-cultural e de tecnologia social de mulheres pretas.

“A UNEB não poderia estar de fora deste momento, que marca o mês de celebração das mulheres pretas, de celebração dos nossos corpos, da nossa arte, de empoderamento, de nossa poesia. Eventos como este são importantes porque demarcam a nossa posição política enquanto coletivo. A participação ativa da UNEB, sobretudo na execução direta dessas ações, é fundamental porque reforça o nosso compromisso com os princípios e valores institucionais, e, principalmente, dá visibilidade e valoriza as mulheres negras, que são maioria em nossa universidade”, destacou a vice-reitora, Dayse Lago.

Respeito, equidade e justiça

Para celebrar o Julho das Pretas, a UNEB organizou uma programação especial e diferente das ações já realizadas anteriormente. Nesta oportunidade, optou-se por promover um encontro de mulheres pretas, para que se expressassem por meio da arte antirracista e antimachista.

Nesse sentido, o evento reservou diversas intervenções artísticas que ressaltaram o protagonismo de mulheres poetisas, cantoras, instrumentistas e dançarinas.

Dina: evento visibiliza potências da UNEB

O Mulheridade Ancestral: Artivismo Preta nasceu do desejo de visibilizar as potências que existem na nossa universidade. A UNEB, justamente pela sua multicampia, possui uma quantidade muito grande de pesquisadoras, docentes, técnicas e estudantes, e lideranças de movimentos sociais que trabalham conosco na pesquisa e na extensão. São mulheres revolucionárias, que produzem saberes sofisticados, mas que, no cotidiano, são invisibilizadas por suas outras tarefas”, reforçou Dina Maria Rosário, pró-reitora de Ações Afirmativas (Proaf) da UNEB.

A gestora, principal organizadora do evento, pontuou que “este é um momento de reverenciar cada uma dessas mulheres, as nossas parceiras que aquilombam a UNEB com um tipo de feminismo, que é o feminismo negro. Hoje, temos uma reunião, um aquilombamento e um abraço de amor negro dessas mulheres unebianas. É uma felicidade muito grande trazer isso a partir da arte, da poesia, da dança, da música e da moda”, expressou Dina.

Mônica: looks inspirados na ancestralidade

O ponto de culminância do evento foi o desfile “Moda Preta”, assinado pela estilista Mônica Anjos. A atividade buscou reconhecer a potência negra feminina das estudantes, pesquisadoras, extensionistas, servidoras e terceirizadas unebianas, além de parceiras dos movimentos sociais e instituições governamentais.

 “Costumo dizer que todo corpo negro em movimento é um movimento negro. São várias mulheres que constroem suas narrativas de liderança para abrilhantar este encontro de afeto e de acolhimento”, afirmou Mônica.

A estilista destacou ainda que “trouxemos looks de diversas coleções, inspiradas na ancestralidade, no centenário da bailarina negra Mercedes Batista, trouxemos peças do Caminho das Águas, do Futuro é Ancestral, que foi nossa última coleção desfilada em São Paulo, trouxemos ainda Manifesto e Flores da Favela, que é a inserção da periferia no rolê da moda”, detalhou, reforçando a importância dessa ação para o fortalecimento da parceria afetiva com a UNEB, por intermédio do projeto Quilombo Urbano, criado por ela.

Samira: afirmação da identidade negra

Coordenadora do Movimento Negro Unificado (MNU) na Bahia, Samira Soares recebeu o convite para desfilar com entusiasmo.

“Estar hoje aqui neste espaço, participando de um desfile voltado para mulheres negras e inspiradoras, é muito importante e demonstra o quanto a gente tem produzido arte, cultura, afirmando a nossa identidade negra em todos os espaços. Este é um evento de representatividade, que celebra a nossa identidade negra, nossa beleza, mas, sobretudo, reafirma que somos capazes de estar em qualquer espaço que quisermos”, frisou Samira, uma das fundadoras da Marcha do Empoderamento Crespo.

Mulher negra e cultura ancestral

Negra Jhô: encontro valoriza a mãe África

Um dos destaques do evento foi a presença marcante da Negra Jhô, turbancista, trancista, dançarina, atriz e líder religiosa. Jhô é uma referência para mulheres negras em Salvador.

Em uma performance emocionante, Negra Jhô apresentou suas referências ancestrais, por meio da dança, da reverência, do respeito ao povo, ao corpo, à fé.

“É emocionante participar deste evento com a UNEB, ainda mais no Julho das Pretas, um mês de resistência. Essas ações, principalmente aqui no Forte da Capoeira, valorizam nossa ancestralidade, valorizam nossos corpos, valorizam nossa mãe África. Eu sou mulher negra, guerreira, autêntica e líder religiosa. Me fortaleço quando estou aqui neste templo histórico. Salvador é uma mãe e mulher negra. Parabéns a todas as mulheres pretas!”, celebrou Nega Jhô.

Evento teve performance “Iemanjá é preta”

O evento contou com a apresentação da banda percussiva TamborAAyó, composta apenas por mulheres. O grupo é regido por Mestra Mônica Millet, percussionista, diretora musical e neta de uma das mulheres negras e líderes religiosas mais importantes do cenário baiano, Mãe Menininha do Gantois. A atividade cultural contou com a participação da professora da UNEB Cláudia Sisan.

As intervenções artísticas reservaram ainda a apresentação de “Poesia Falada”, da egressa da UNEB  Adrielle do Carmo; da dança performática “Negra, Preta sim”, com a professora do campus de Itaberaba Aline Damascena; além da performance “Iemanjá é preta”, com a professora de dança da Escola Arte em 8, Renata Oliveira, e a poesia autoral recitada por Cleide Bruno (egressa da UNEB) e Erva Doce.

O Centro Estudos dos Povos Afro-Índio-Americanos (Cepaia), o Casarão da Diversidade e o Forte da Capoeira foram apoiadores do evento.

Confira galeria de fotos do evento “Mulheridade Ancestral: Artivismo Preta”

Texto: Wânia Dias/Ascom. Fotos: Danilo Cordeiro/Ascom

Julho das Pretas: UNEB promove evento sobre respeito e equidade com artivistas negras nesta segunda (31), no Forte da Capoeira

A Reitoria da UNEB e a Pró-Reitoria de Ações Afirmativas (Proaf) da universidade, realizam, nesta segunda-feira (31), a partir das 16h, o evento “Mulheridade Ancestral: Artivismo Preta”, no Forte da Capoeira, no bairro Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador.

O evento tem caráter artivista e se soma a outras ações do movimento Julho das Pretas que aconteceram ao longo deste mês. A proposta é promover um encontro de mulheres pretas com suas diversas expressões artísticas antirracistas e antimachistas, se posicionando perante à sociedade para pautar relações de respeito, equidade e justiça.

“É uma ação artivista em reconhecimento das discentes, pesquisadoras, extensionistas, servidoras e terceirizadas parceiras dos movimentos sociais e instituições governamentais, como culminância do Julho das Pretas da UNEB e também de agregar mulheres pretas que, direta e/ou indiretamente, desenvolvem projetos artístico-acadêmico-sociais cujos objetivos se relacionam às políticas de ações afirmativas promovidas pela universidade, visibilizando a produção científico, artístico-cultural, e de tecnologia social de mulheres pretas”, explica a pró-reitora da Proaf, Dina Rosário.

O evento traz a arte para o centro do debate, com o protagonismo de mulheres poetisas, cantoras, instrumentistas e dançarinas na programação. A estilista Mônica Anjos, por exemplo, irá expor a coleção de trajes que criou para representar a força, resistência, ancestralidade e beleza da mulher.

A atividade conta ainda com o apoio do Centro Estudos dos Povos Afro-Índio-Americanos (Cepaia) da UNEB, do Casarão da Diversidade e do Forte da Capoeira.

Texto Proaf com edição da Ascom

UNEB lança nova temporada do podcast ‘Fala, Balbúrdia!’; tema da vez é Visibilidade Trans

Fala, galera! O primeiro episódio da terceira temporada da Balbúrdia já está no ar! 

Estamos em janeiro, mês marcado pelas lutas e mobilizações da população trans por respeito, equidade, garantia de direitos, acesso à educação e à saúde. A celebração tem como ponto alto o dia 29 de janeiro, Dia Nacional da Visibilidade Trans

Neste episódio vamos falar sobre o significado e a importância da Visibilidade Trans. Destacaremos os retrocessos e o assalto aos direitos dessa população promovidos nos últimos anos, além da ausência de dados sobre a real condição da comunidade trans, o que dificulta a criação de políticas públicas. Então chega mais que o tema da vez é: “VISIBILIDADE TRANS: EU EXISTO, EU RESISTO!”.

O megafone da Balbúrdia está com a pedagoga e mestranda do Programa de Pós-graduação em Educação e Contemporaneidade (PPGEduc) da UNEB, Thiffany Odara, mulher trans, ialorixá e autora do livro “Pedagogia da Desobediência: Travestilizando a Educação”.

Vem que está topzeira! 

Nos ouça no Spotify, Deezer, Google Podcast e no canal da TV UNEB, no YouTube. 

Conheça a equipe da Balbúrdia: 

Wânia Dias (apresentadora e editora executiva); Danilo Cordeiro (apresentador, produtor e editor de áudio); Leandro Pessoa (editor de áudio e produtor musical); Danilo Oliveira (produtor e suporte técnico); Anderson Freire (projeto gráfico e criador da marca da Balbúrdia); Jean Gomes (editor de vídeo e animador); Cristiane Costa (social media).