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Professor da UNEB é diplomado sócio efetivo do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia

Solenidade de diplomação foi presidida pelo ex-governador Roberto Santos e o presidente do IGHB, Eduardo de Castro

Na noite da última terça-feira (16), o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB) diplomou como sócio efetivo da instituição o professor e assessor especial de Projetos Interinstitucionais para a Difusão da Cultura (Apidic) da UNEB, Gildeci Leite, que é pesquisador das áreas de crítica da cultura e baianidade.

A solenidade de diplomação, presidida pelo presidente de honra, o ex-governador Roberto Santos e o presidente do IGHB, Eduardo de Castro, foi realizada no auditório do instituto, sediado na Praça da Piedade, centro antigo de Salvador. Promotores de Justiça, jornalistas, professores e outras personalidades também foram diplomados.

“Sabemos da importância do instituto para a formação e compreensão da identidade baiana. Para mim, que sou estudioso da cultura e da baianidade, é muito importante adentrar o instituto como sócio efetivo. Fico muito feliz por ter sido agraciado com o título. Espero fazer conexões com a UNEB em busca de produção e difusão do conhecimento a partir do instituto”, pontuou Gildeci.

O novo sócio efetivo é professor de literatura da UNEB no curso de licenciatura em Língua Portuguesa e Literaturas, doutor em Difusão do Conhecimento pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), mestre em Letras pela mesma instituição e especialista em Educação.

Reitor José Bites parabenizou o novo sócio Gildeci Leite e Edivaldo Boaventura

Gildeci fundou e coordenou o Laboratório de Línguas, Literaturas, Baianidades e Cultura da Chapada (LLBCC) da UNEB. Também é editor da Seara Revista Virtual e da Coleção Vertentes Culturais da Literatura na Bahia. Presidiu as edições do Congresso Internacional de Línguas e Literaturas Africanas e Afro-Brasilidades (Cillaa) e do Simpósio Internacional de Baianidades (SINBaianidade) na UNEB. Com frequência, o docente publica artigos em jornais de grande circulação e em livros e periódicos científicos.

“Como estudioso da cultura e da baianidade, Gildeci tem muito a contribuir com o IGHB. Esse título de sócio é muito merecido, pois a sua dedicação à cultura baiana, sua produção e o seu potencial de articulação são de suma importância para este instituto”, destacou o reitor da UNEB, José Bites de Carvalho, que prestigiou a cerimônia, ao lado de gestores, docentes, técnicos e estudantes da universidade.

A indicação de Gildeci Leite para sócio efetivo do instituto foi iniciativa do ex-reitor da UNEB, Edivaldo Boaventura, que também faz parte do quadro de sócios do IGHB.

 * Texto e fotos: Ícaro Rebouças/Assessoria da Reitoria, com edição da Ascom

 

Professor participa de reunião com o secretário de Cultura da Bahia

post-secultba2O assessor de Projetos Interinstitucionais para a Difusão Cultural (Apidic) da UNEB, Gildeci Leite, se reuniu com o secretário de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), Jorge Portugal, na última quinta-feira (15). O encontro teve como pauta a discussão de acordo de cooperação entre as duas instituições.

Devem fazer parte das ações articuladas a organização da terceira edição do Simpósio Internacional de Baianidade (SINBaianidade) e do Congresso Internacional de Línguas e Literaturas Africanas e Afro-Brasilidades (Cillaa); os 200 anos das comemorações do 2 de Julho, em 2023; e as celebrações dos 100 anos de Mestre Didi. Um curso de Literatura Baiana também está em pauta.

Foto: Divulgação

Ascom Entrevista: David Hopffer Almada (Academia Cabo-Verdiana de Letras)

O cabo-verdiano David Hopffer Almada é um homem de muitas credenciais. Político, escritor e advogado são algumas delas. Em 1975, ainda aos 30 anos, assumiu o Ministério da Justiça de Cabo Verde, no primeiro ano de independência do país.

Personagem ativo do movimento que culminou na independência do país africano, David avalia que aquele momento histórico pode ser interpretado como “um tempo agridoce, em que dava ‘prazer’ sofrer todos os sacrifícios para fazer o país sobreviver, avançar e mostrar que era possível”.

A sua trajetória acadêmica e política o levaram a assumir também o Ministério da Informação, Cultura e Desportos do país e a conquistar uma cadeira na Academia Cabo-Verdiana de Letras (ACL).

Entusiasta das obras de Jorge Amado, o cabo-verdiano afirma que as semelhanças entre Brasil e Cabo Verde foram “criadas e impostas pela natureza, pela geografia e pela história” e que o intercâmbio literário entre os países deve contribuir “necessária e inequivocamente, para o reforço do conhecimento mútuo dos dois povos e para o reforço dos laços de amizade”.

David Hopffer Almada é um dos convidados do II Simpósio Internacional de Baianidade (SINBaianidade) e do II Congresso Internacional de Línguas e Literaturas Africanas e Afro-Brasilidades (CILLAA), eventos promovidos pela UNEB, entre os dias 9 e 11 de outubro, no Campus I, em Salvador.

O cabo-verdiano vai participar da mesa-redonda “A literatura de Cabo Verde apresentada por seus escritores”, no dia 10 de outubro, em companhia da compatriota Vera Duarte e da pesquisadora brasileira Simone Caputo Gomes.

Em entrevista concedida à Assessoria de Comunicação (ASCOM) da UNEB, David falou sobre os desafios da sua trajetória de vida, sobre a independência de Cabo Verde e sobre a expectativa para participar dos eventos na capital baiana.

  • Veja entrevista na íntegra:

ASCOM – Segundo informações apuradas em sites cabo-verdianos, o senhor descobriu sua aptidão para o Direito ainda muito jovem. E, aos 30 anos, assumiu o Ministério da Justiça no primeiro ano de independência do país. Fale um pouco sobre o desafio dessa experiência.

David Hopffer Almada (DHA) – Quando se deu a Independência do meu país, Cabo Verde, eu fui convidado para integrar o primeiro Governo da Móvel República, como Ministro da Justiça.

Foi muito importante assumir essas responsabilidades porque se vivia, nessa altura, um tempo novo, em que os sonhos eram muitos, a vontade indómita e a confiança num futuro melhor fazia mover montanhas, desafiar e ultrapassar todos os obstáculos e dificuldades.

Era um tempo agridoce, em que dava “prazer” sofrer todos os sacrifícios para fazer o país sobreviver, avançar e mostrar que era possível.

E na área específica em que estava, a da Justiça, o desafio era enorme e estimulante:

Construir um novo edifício jurídico, legal para o país nascente, aproveitando tudo o que fosse possível e conveniente conservar e preservar da época colonial, com olhos postos no novo mundo que se sonhava edificar.

Foi um desafio estimulante, que me honra e de que me orgulho até hoje.

ASCOM – Como a escolha da sua carreira profissional e a sua trajetória política, à frente do Ministério da Justiça, influenciaram as suas produções literárias?

DHA – A minha tendência literária já vinha de antes. Já quando andava no ensino secundário, escrevia, sobretudo, poemas, o que continuei a fazer durante o tempo da minha licenciatura (Direito) na Universidade de Coimbra (Portugal).

Não terá sido a liderança do Ministério da Justiça, mas os novos tempos vividos com a Independência conquistada, que estimularam a minha produção literária e terão dado até um novo rumo às temáticas dessa produção.

ASCOM – O senhor foi também Ministro da Informação, Cultura e Desportos de Cabo Verde. A partir da experiência no cargo, qual a sua avaliação da produção literária cabo-verdiana antes e depois da independência.

DHA – Cabo Verde muito antes da sua Independência já tinha uma produção literária própria, em que se vivia, se sentia e se proclamava a identidade do povo cabo-verdiano, nas suas diversas vertentes.

Por isso, é que hoje é consensual a opinião de que a “Independência Literária” foi assumida pelos cabo-verdianos muito antes da Independência Politica. Só que depois da Independência Nacional, criaram-se novas condições materiais, políticas e psicológicas para que a produção literária e a capacidade imaginativa do cabo-verdiano se expressassem mais e com mais veemência.

ASCOM – Quais são os principais temas abordados pela literatura do país?

DHA – Os temas abordados na literatura do país são muito diversos e estão se diversificando cada vez mais.

Enquanto que antes (da Independência) os temas tratados andavam, quase sempre, à roda da fome, da escassez das chuvas, do sofrimento, da vontade de querer ficar na terra e ter que partir; depois (da Independência), e nos novos tempos, o escritor cabo-verdiano, sem tirar o “pé do seu chão”, nem esquecer a sua realidade específica, começou a alargar o campo de visão dos temas abordados e tratados nos seus livros.

O escritor cabo-verdiano passou a ser mais universalista no conteúdo e na forma de tratamento dos assuntos.

ASCOM – Desde jovem, o senhor participou de importantes movimentos sociais. Como isso contribuiu para a sua decisão de ingressar na carreira literária?

DHA – A participação em movimentos culturais, sociais, políticos e outros impelem à tomada de consciência das realidades que nos cercam e nos empurram para a expressão daquilo que sentimos, vemos, ouvimos e lemos.

Às vezes cantando, às vezes pintando, às vezes escrevendo, conforme o jeito, a aptidão, a vocação de cada um. A mim, deu-me para escrever. E, assim, ingressei nisso.

ASCOM – Como concilia as carreiras jurídica, política e literária?

DHA – Parecendo que não, essas carreiras estão muito interligadas. Na política e no direito, lutamos por valores e objetivos e pela realização de sonhos. A literatura é, muitas vezes, a forma e a via da expressão e de luta por tais valores, sonhos e objetivos.

ASCOM – Quais são os pontos em comum entre as literaturas brasileira e cabo-verdiana?

DHA – A temática, desde logo, pela muita similitude e proximidade, tanto na maneira de ser, como na forma de encarar a vida. As similitudes entre Brasil e Cabo Verde foram criadas e impostas pela natureza, pela geografia e pela história.

ASCOM – A literatura brasileira influencia a sua obra de alguma forma?

Naturalmente. Dificilmente se lêem os romances de Jorge Amado, por exemplo, para não se sentir influenciado.

ASCOM – Quais contribuições o intercâmbio entre as literaturas cabo-verdiana e brasileira podem proporcionar para ambos os países?

DHA – Os principais laços de ligação entre cabo-verdianos e brasileiros advêm e resultam das proximidades da sua cultura e dos valores que esta insufla na alma de cada um dos povos. E a literatura é uma das maiores e melhores formas de expressão cultural desses povos.

Portanto, o intercâmbio entre literaturas dos dois países contribuirá, necessária e inequivocamente, para o reforço do conhecimento mútuo dos dois povos e para o reforço dos laços de amizade que, naturalmente, os ligam.

ASCOM – O que acha da proposta do II SINBAIANIDADE e II CILLAA? E quais são as suas expectativas para o evento?

DHA – A proposta é muito boa, interessante e oportuna. Por isso, aliás, é que aceitei o convite sem pestanejar. As minhas expectativas para o evento são boas e elevadas.