
A primeira turma-piloto da Universidade de Pacientes (UdP) concluiu a sua formação nesta quinta (4), resultado do programa desenvolvido pela UNEB em parceria com a Université des Patients (UdP), da Santé Sorbonne Université, na França.
A iniciativa, inédita no Brasil, formou 11 pacientes e cuidadores experts da doença falciforme (DF) durante dois ciclos de atividades, em um total de 54 horas de carga horária, realizados em agosto e começo de setembro, no Campus I da UNEB, em Salvador.
O curso de extensão foi ministrado pela professora Lennize Pereira, uma das responsáveis pela implantação da UdP na Sorbonne. A cerimônia de entrega dos certificados aos concluintes ocorreu no Departamento de Ciências da Vida (DCV), no campus, e contou com a participação da reitora Adriana Marmori e dos pró-reitores de Pós-Graduação (PPG), Elizeu Clementino, e de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas (PGDP), Rosângela Matos, além da docente e integrantes do programa.
Na UNEB, o programa UdP é uma realização conjunta da PPG e das pró-reitorias de Extensão (Proex) e de Graduação (Prograd), além do DCV.

Entre as enfermidades crônicas não transmissíveis, que são as priorizadas pela UdP, a doença falciforme foi escolhida para iniciar a formação na UNEB devido a sua prevalência na Bahia – entre janeiro de 2017 e abril de 2024, foram registrados 4.361 casos da doença. A DF acomete majoritariamente pessoas negras, maior contingente populacional na Bahia.
No segundo ciclo de atividades, os estudantes tiveram a oportunidade de dialogar com um gestor da Secretaria estadual da Saúde (Sesab), um paciente expert da universidade francesa, além de profissionais de saúde de outras áreas. Ao fim das atividades, receberam o certificado como pacientes e cuidadores experts.
“Nosso trabalho pedagógico é ajudar a passar da experiência à expertise, para que a voz do paciente seja escutada, não só como da pessoa que tem a experiência da doença, mas como alguém que tem experiência suficiente no sistema de saúde, além das experiências dos outros com quem ele compartilha e vai cada vez mais ajudar a sociedade”, explicou Lennize Pereira.
A proposta da Universidade de Pacientes é que os estudantes, a partir das próprias experiências e saberes adquiridos no tratamento, atuem em benefício de outros pacientes, cuidadores e equipes de saúde.
“Chamou a minha atenção a metodologia participativa do programa. A gente vem com os nossos saberes, nossos conhecimentos e, dentro do que precisa, vai sendo construído. Assim, a gente se sente integrada nos processos“, disse Naianne Dias, concluinte da primeira turma e diretora-geral da Associação Baiana das Pessoas com Doença Falciforme (Abadfal).
Articulação internacional
O acordo de cooperação entre a UNEB e a Santé Sorbonne Université para a realização da Universidade de Pacientes tem duração de cinco anos. A expectativa é de que, a cada semestre, sejam abertas novas turmas do curso de extensão, destinadas a pacientes e cuidadores de doenças crônicas não transmissíveis.

O acordo tem origem no projeto Educação, narrativa e saúde em perspectiva internacional, que reúne dez universidades brasileiras e outras nove estrangeiras, além da francesa, para o fomento de parcerias.
A Santé Sorbonne Université foi a primeira instituição de ensino superior no mundo a implantar uma Universidade de Pacientes. A ideia surgiu em 1997 com o trabalho da pesquisadora Catherine Tourette-Turgis, que acompanhava pacientes com Aids.
A iniciativa tornou-se um programa pedagógico em 2009, integrando pacientes com experiência em doenças crônicas no ensino universitário, especificamente em cursos de educação terapêutica.
A proposta busca validar as vivências dos pacientes e cuidadores, considerando-as oportunidade de aprendizagem e desenvolvimento. Dessa maneira, a UdP promove uma abordagem mais humanizada na área de saúde.
As formações são direcionadas especialmente às pessoas que vivem com doenças crônicas não transmissíveis, incentivando a sua participação efetiva nas políticas e práticas de saúde.
Saiba mais:
Reconhecer a experiência e a expertise do doente
Ascom Entrevista: Lennize Pereira Paulo
Texto: Leandro Pessoa/Ascom. Fotos: Danilo Oliveira/Ascom.
















