
A UNEB sediou, nessa segunda-feira (25), no Campus I, em Salvador, a abertura da primeira edição da Escola Brasileira de Pensamento Decolonial (1ª EBPD).
O evento, que é realizado em parceria com a Universidade Federal da Bahia (Ufba), tem como tema central a “Desaprendizagem do legado racista em territórios americanos“.
A mesa de abertura aconteceu no Teatro UNEB e reuniu o chefe de gabinete da Reitoria, Pedro Daniel, o diretor da Faculdade de Arquitetura da Ufba, Fábio Velame, e o coordenador-geral da EBPD, João Pena, entre outros gestores da universidade e representações, a exemplo do grupo de pesquisa ¡Dale! – Decolonizar a América Latina e seus Espaços e do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Ufba.

Em seguida foi realizada a conferência “Por quê Fanon? Por quê agora?“, com o professor Deivison Faustino, da Universidade de São Paulo (USP). O conferencista refletiu sobre a relevância do pensamento e ação do intelectual martinicano Franz Fanon (1925 – 1961) – homenageado no evento na passagem dos seus 100 anos de nascimento. Nessa edição, a EPBD homenageia também a pensadora brasileira Lélia Gonzalez (1935 – 1994), pela passagem dos seus 90 anos.
À tarde, a programação contemplou uma sessão pública da Universidade Popular dos Movimentos Sociais, reunindo lideranças, docentes e discentes para uma reflexão a partir dos saberes construídos nas vivências desses coletivos.

A extensa programação da 1ª EBPD vai até o próximo sábado (30), com atividades inteiramente gratuitas na UNEB, na Ufba e em outros três locais da região metropolitana (veja programação).
A proposta da iniciativa é debater questões como epistemologia decolonial, territorialidades afrodiaspóricas, intelectualidades negras, quilombolas e indígenas, além de especificidades do colonialismo português no Brasil.
Desaprender o racismo
O pensamento decolonial é o campo de pensamento crítico que denuncia a continuidade da influência da colonialidade – sistema de gênese colonial e baseado em racismo, expropriação econômica e imposição de racionalidade eurocêntrica – na produção de conhecimentos, subjetividades e assimetrias de poder na América Latina e no Caribe.

Segundo o coordenador-geral da EBPD, João Pena, “o pensamento decolonial, que tem raça como elemento central, nasceu na América Latina, em países andinos, onde a questão indígena é muito forte”.
“Pensamos que, no Brasil, precisamos enegrecer o pensamento decolonial. A proposta da Escola Brasileira de Pensamento Decolonial é, a partir do enegrecimento desse pensamento, entender a nossa própria realidade. Ela parte da nossa experiência, da nossa herança afro-brasileira, trazendo, por exemplo, a contribuição de Lélia Gonzalez, que é um intelectual fundamental para entendermos a nossa própria sociedade”, considerou João Pena.
Na avaliação do coordenador, é fundamental que todos na universidade estudem sobre a história cultural afro-brasileira. “Todos nós, quando nos formamos, temos papéis sociais a cumprir. Então, seja qual for a sua profissão, sua atuação pode impactar positivamente no enfrentamento do racismo. Portanto, a universidade precisa incluir esse debate, de forma ampla, na graduação e na pós-graduação. A EBPD se propõe a provocar essa reflexão. Mas não só a reflexão, pois precisamos de ações concretas que visem construir um outro futuro”, destacou.
João Pena é docente do Programa de Pós-Graduação em Estudos Territoriais (Proet) e do curso de Urbanismo da UNEB. A EBPD é uma iniciativa do grupo de pesquisa ¡Dale! – Decolonizar a América Latina e seus Espaços e do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Ufba, e conta com financiamento do CNPq e apoio do Ministério da Igualdade Racial e outros parceiros.
Informações: www.escoladecolonial.org e @escoladecolonial (IG).
Texto e fotos: Leandro Pessoa/Ascom.
















