
Em um momento marcado pela reverência às tradições afro-brasileiras e pelo diálogo com comunidades religiosas, a UNEB recebeu, na última segunda-feira (9), a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e representantes da Irmandade da Boa Morte. A recepção foi conduzida pela reitora Adriana Marmori, na Reitoria da instituição, localizada no Campus I, em Salvador.

O encontro teve como objetivo discutir a preservação da memória e da história secular da confraria religiosa, além de fortalecer a tradicional Festa da Boa Morte, realizada tradicionalmente no município de Cachoeira.
O encontro também foi acompanhado pelo chefe de Gabinete da Reitoria, Pedro Daniel Souza, pela vice-reitora, Dayse Lago, e pela pró-reitora de Ações Afirmativas (Proaf) da Universidade, Dina Maria Rosário.
Após a reunião, a ministra seguiu para o terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, onde concedeu, in memoriam, à Mãe Stella de Oxóssi o título honorífico de Promotora da Igualdade Racial.
“Costumo dizer que o Ministério da Igualdade Racial é um ministério do povo, construído coletivamente, independentemente da pauta. Realizamos caravanas, como a da Juventude Negra Viva e dos Povos de Terreiro, para ouvir as demandas. Uma delas resultou no decreto assinado pelo presidente Lula, em novembro passado, que institui a Política Nacional dos Povos de Terreiro, voltada ao combate ao racismo religioso e ao fortalecimento cultural. Seguimos com escuta ativa e participação social, pois cuidamos de mais da metade do país. Hoje é dia de celebração, mas a mensagem é clara: enquanto houver vida, haverá luta”, destacou Anielle Franco.

Durante a cerimônia, a reitora Adriana Marmori ressaltou o papel fundamental de Mãe Stella na valorização da cultura afro-brasileira e na preservação da memória dos povos tradicionais. “Mãe Stella deixou um legado de combate à intolerância religiosa e foi imortalizada na Academia Baiana de Letras. Hoje, o Ministério da Igualdade Racial a homenageia com o título de matriarca, reconhecimento merecido por sua luta pelos povos tradicionais e de matriz africana. É nosso papel, como universidade pública, manter viva essa memória”, declarou.
A atual ialorixá do terreiro, Mãe Ana de Xangô, também destacou a importância do reconhecimento prestado à sua antecessora. “Mãe Stella foi minha Ialorixá e uma pioneira no enfrentamento ao racismo religioso e à intolerância. Sua trajetória afirma o legado que deixa à sociedade brasileira. A mensagem que fica é de respeito, tradição e união. Que possamos viver e praticar os ensinamentos que ela nos deixou”, disse.
Para a secretária estadual da Igualdade Racial (Sepromi), Ângela Guimarães, o reconhecimento institucional da trajetória de Mãe Stella representa um marco na valorização da cultura afro-brasileira: “Mãe Stella abriu caminhos para que o candomblé pudesse existir em sua forma tradicional e inspirou políticas públicas como a Lei 10.639. Ela é uma referência na luta antirracista e na promoção da igualdade racial”, afirmou.
O evento contou com a presença de diversas autoridades políticas e religiosas do estado, consolidando-se como um marco na valorização das tradições afro-brasileiras e no fortalecimento das políticas de igualdade racial.
A cerimônia integrou a programação comemorativa pelo centenário de Mãe Stella de Oxóssi, realizada ao longo deste ano com a parceria da UNEB.
Cobertura: Rozin Daltro/Ascom e Michele Menezes/Proaf, sob supervisão de Danilo Cordeiro/Ascom
Fotos: Danilo Oliveira/Ascom









































































































