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Dia 17 de janeiro a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, por unanimidade, o uso emergencial das vacinas Coronavac, desenvolvida no Instituto Butantan, com o Laboratório Chinês Sinovac, e a AstraZeneca, produzida através de parceria entre a Fiocruz e a Universidade de Oxford.
Mesmo já tendo sido autorizadas para uso pelas agências reguladoras dos seus países de origem, os imunizantes passaram por criteriosa análise também da Anvisa, antes de receber o parecer favorável para uso no Brasil.
Os dois imunizantes são os primeiros aprovados no país no combate à Covid-19. Na Bahia, a vacinação teve início no dia 19 de janeiro e, de acordo com dados do governo do estado, cerca de 20 mil baianos já foram imunizados.
Fases da Imunização: priorizando quem mais precisa!
Claudilson Bastos: A 1ª fase da vacinação é direcionada para o público com maior risco de contágio.
A princípio, de acordo com a primeira fase prevista no Plano de Vacinação Contra Covid-19 no Estado da Bahia, estão sendo vacinados indígenas, povos e comunidades tradicionais e ribeirinhas, idosos institucionalizados e profissionais de saúde que atuam na linha de frente do tratamento contra a Covid-19.
“A primeira fase da imunização contempla um público com maior risco de contágio por conta da alta exposição, como os trabalhadores da saúde, e também pessoas com baixa imunidade, que vivem em instituições ou comunidades isoladas, como os idosos e indígenas”, explicou o infectologista e professor da UNEB, Claudilson Bastos.
O plano ainda contempla outras três fases, que incluem, por exemplo, idosos com idade entre 60 a 74 anos, pessoas com comorbidades que apresentam maior chance para agravamento da doença, como portadores de doenças renais crônicas e cardiovasculares, profissionais da educação e pessoas em situação de rua. Detalhes sobre cada fase podem ser consultados no Plano de Vacinação Contra Covid-19 no Estado da Bahia.
Cooperação Mundial: juntos somos fortes!
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A atuação incansável de cientistas, professores, pesquisadores, profissionais e gestores de saúde de todo o mundo foi primordial para que a vacina contra o vírus Sars-COV-2 fosse criada em tão pouco tempo.
“Conscientes da gravidade da situação, pesquisadores, em uma iniciativa global, envidaram esforços para a criação da vacina. Esse comprometimento, somado a experiências anteriores e tecnologias já desenvolvidas, foi imprescindível para a construção de novos conhecimentos e evidências científicas, tornando possível a produção da vacina, em mais de um método, com estudos comprovando sua confiabilidade e eficácia”, destacou a epidemiologista Jeane Magnavita, coordenadora da Comissão de acompanhamento e orientação das condutas institucionais relativas à pandemia da Covid-19 da UNEB.
Paulo Barbosa: A expertise do Butantan e da Fiocruz, reconhecida mundialmente, foi essencial para articular parcerias tão importantes.
O professor da UNEB Paulo Barbosa, doutor em Saúde Coletiva, reforçou a importância da parceria com os laboratórios da China e de Oxford. Segundo ele, essas sociedades são de interesse mútuo, cujo objetivo é aumentar a capacidade produtiva para atender a enorme demanda mundial.
“O ponto forte desse acordo é a transferência de tecnologia, ou seja, somos capazes não só de envazar a vacina, mas também de produzi-la aqui. Isso permite atender mais rápido as demandas do país, o que, em um cenário de pandemia, é primordial”, pontuou o pesquisador apontando que a expertise do Butantan e da Fiocruz, reconhecida mundialmente, foi essencial para articular parcerias tão importantes.
Pode confiar! É segura e eficaz
A vacina do Butantan contra a Covid-19 possui 50,4% de eficácia. Já a da Fiocruz a eficácia fica em torno 70,4%. Ambas atendem a porcentagem exigida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para produção e uso de um imunobiológico, que é de 50%.
Dizer que a eficácia da Coronavac é de 50,4%, por exemplo, significa que, estando imunizado por essa vacina, o indivíduo tem 50,4% de chance de não adoecer quando exposto ao vírus. Em um contexto de pandemia, esse é um salto muito importante, uma vez que, além da proteção individual, resguardará também o outro, já que não será mais transmissor do vírus. Assim será possível quebrar essa cadeia infinita de transmissão no mundo.
Vale ressaltar que a eficácia da vacina Coronavac varia a depender da gravidade do caso. Em casos moderados e graves, por exemplo, a eficácia do imunizante é de 100%. O que significa dizer que o indivíduo vacinado, mesmo que seja infectado pelo vírus, não desenvolverá a forma grave da doença, que requer internamentos prolongados, desobstruindo o sistema de saúde.
Porque duas doses?
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A Coronavac, a AstroZeneca, assim como todas as demais vacinas contra a Covid-19 que estão sendo produzidas no mundo, precisam de duas doses para imunização.
Essa metodologia é necessária para reforçar a memória imunológica contra o vírus e buscar uma resposta mais rápida. Ou seja, após o organismo ser adequadamente vacinado, ao ser exposto ao vírus, o seu sistema imunológico responderá melhor, protegendo-o da infecção e ou doença.
“Nos estudos e experimentos realizados durante o processo de criação da vacina, os cientistas perceberam que, com a primeira dose já ocorria a produção de anticorpos, mas com a segunda, em um intervalo definido de tempo, essa produção era potencializada, tornando a vacina ainda mais eficaz”, explicou a epidemiologista.
Vacinação em massa, quando?
Jeane Magnavita: A vacina é segura e eficaz. Precisamos dela para a manutenção da vida humana.
O mundo inteiro está precisando de vacina. Trata-se de uma demanda gigantesca que precisa ser atendida com celeridade. Contudo, além do empenho dos pesquisadores, instituições e laboratórios, é essencial que as pessoas acreditem na ciência e se vacinem, como destaca a professora Jeane:
“A vacina é segura e muito eficaz. Precisamos dela para a manutenção da vida humana. Todo o processo de criação, produção e distribuição está sendo feito com cautela e muito cuidado, respeitando os critérios de produção, as etapas de testagem e, sobretudo, a análise, monitoramento e avaliação das agências reguladoras de cada país. Quanto mais vacinas ao redor do mundo forem validadas com eficácia e segurança, mais rápido iniciaremos a vacinação em massa” afirmou a epidemiologista.
A vacina chegou! Como ficam as atividades na UNEB?
A saúde pública mundial deu um enorme passo com a criação, produção e distribuição da vacina em tempo recorde. Contudo, o caminho ainda é longo.
De acordo com orientações da OMS, para que as atividades voltem definitivamente ao normal, finalizando o isolamento social, a transmissão local da Covid-19 deve estar controlada. É essencial ter muito domínio sobre a doença e sobre as repercussões e tempo da eficácia do imunizante.
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Enquanto isso não acontece é preciso manter todos os cuidados já amplamente orientados. Ainda não é possível dispensar, mesmo aqueles que já estão vacinados, o uso de máscara, a higienização constante das mãos e o distanciamento social. Esses cuidados devem ser mantidos por toda a sociedade, por todas as instituições, inclusive as escolas e universidades.
Caroline Tannus: A Cobio está estudando as medidas necessárias para resguardar ao máximo a saúde da comunidade unebiana.
Segundo a Comissão de Biossegurança (Cobio) da UNEB, ainda é cedo para falar sobre retorno presencial das atividades. Após aprovação do uso das vacinas produzidas pelo Butantan e Fiocruz, muitos fatores precisam ser avaliados, como previsão de vacinação que contemple um contingente significativo da população, redução do número de casos que necessitam de internação na Bahia, adequação das instalações da UNEB para retomada presencial das atividades, entre outros.
“Estamos acompanhando todos os dados e realizando reuniões semanais para discutir os novos cenários e traçar as medidas de Biossegurança necessárias para resguardar ao máximo a saúde da comunidade unebiana”, explicou a presidenta da Cobio, professora Caroline Tannus.
Acredite na segurança e eficácia da vacina!
E quando chegar a sua vez, vacine-se!
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Quer conhecer um pouco mais sobre o trabalho de nossos pesquisadores?
– Ms. Caroline Tannus
– Dr. Clausilson Bastos
– Ms. Jeane Magnavita
– Dr. Paulo Barbosa
Informações: www.coronavirus.uneb.br