Professores Maristela Sestelo, Paulo Barbosa e Giovana Figueirôa coordenam os projetos
Devido à pandemia da Covid-19, os portadores de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) tiveram a rotina de tratamento modificada, por serem considerados do grupo de risco e terem chance de desenvolver a forma mais grave da doença causada pela infecção viral.
Pacientes que antes realizavam exames, consultas e outros tratamentos de saúde regularmente, reduziram a frequência ou até mesmo abandonaram o tratamento.
Fonte: Ministério da Saúde
Além disso, algumas clínicas, ambulatórios e hospitais suspenderam ou reduziram a realização de consultas, exames e procedimentos não urgentes por conta da pandemia, dificultando, em muitos casos, a manutenção do tratamento desses pacientes.
Diante desse cenário, a UNEB vem desenvolvendo projetos voltados para o tratamento de doenças crônicas como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e a Diabetes, além de realizar ações de acompanhamento e orientação para idosos, que também integram o grupo de risco da Covid-19.
O cardiologista e professor do curso de Medicina da UNEB Paulo Barbosa destaca a responsabilidade social das universidades na contribuição do enfrentamento ao coronavírus.
“Como instituição produtora do conhecimento, as universidades têm o papel fundamental de direcionar novas linhas de pesquisa no enfrentamento da Covid-19 e também de promover ações extensionistas que possam colaborar com as demais iniciativas do poder público, no sentido de reduzir os danos da pandemia na sociedade”, ressaltou o docente, que também coordena o Serviço Médico, Odontológico e Social (SMOS) da UNEB.
Risco para doentes respiratórios crônicos
Pessoas que possuem doenças respiratórias crônicas representam um grupo mais vulnerável às complicações ocasionadas pelo novo coronavírus, como sinaliza a pneumologista e professora da UNEB Maristela Sestelo.
.
“A maioria das doenças pulmonares apresenta risco para contaminação da Covid-19, sobretudo, aquelas que trazem alterações estruturais na árvore brônquica, a exemplo da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), Bronquiectasia e da Asma. A Rinite Alergia e a Sinusite são situações que sensibilizam as vias aéreas superiores, facilitando a penetração do vírus”, esclareceu a docente.
Mesmo com a pandemia, Antonieta Costalima, 75, não abandonou o tratamento da DPOC. A aposentada é acompanhada por meio de teleconsulta e teleatendimento pela equipe interprofissional do projeto “Cuidado em saúde de portadores de doenças respiratórias crônicas na pandemia de COVID-19” da UNEB.
“Tenho mais de cinco meses sem sair de casa. Tomo as medicações recomendadas pelo médico e toda semana faço os exercícios fisioterapêuticos e respiratórios a distância com a equipe do projeto. Antes do tratamento, tinha várias crises devido à doença não controlada, e mal conseguia ter fôlego ao falar”, contou a aposentada.
O projeto, coordenado pelo médico e professor da universidade Aquiles Camelier, é desenvolvido por estudantes e docentes dos cursos de graduação em Fisioterapia, Medicina, Nutrição e do Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas (PPGFarma) do Departamento de Ciências da Vida (DCV), no Campus I da universidade, em Salvador.
Pacientes realizam exercícios fisioterapêuticos por videochamada.
Com a pandemia, o projeto passou atender os pacientes virtualmente, através do aplicativo WhatsApp. As teleconsultas contemplam necessidades de tratamento farmacológico, acesso a medicamentos e exames complementares, vacinas, atividade física e estratégias de fisioterapia, além de orientação nutricional e educação em saúde. O tratamento fisioterápico conta com a coordenação da professora da UNEB Fernanda Warken.
Como o grupo de risco deve se proteger do vírus?
Mesmo diante de todas as dificuldades para manutenção dos cuidados médicos durante a pandemia, os profissionais da saúde alertam para os perigos da interrupção do tratamento.
“Parar o tratamento não é uma opção. Os portadores de doenças crônicas devem manter o acompanhamento médico que já realizavam para evitar o agravamento da doença”, reforçou o cardiologista Paulo Barbosa.
O médico ainda ressaltou que o idoso portador de doença crônica tem dois fatores de risco para o vírus: a idade e a doença. Portanto, essas pessoas deverão ter um cuidado especial na proteção e na continuidade do tratamento.
“É importante que o doente crônico mantenha-se sempre em casa e, se houver necessidade de sair, deve utilizar máscara. É imprescindível lavar as mãos ou usar o álcool gel com frequência, evitar levar as mãos ao rosto e praticar o distanciamento social. Ao chegar em casa, retirar a roupa e ir direto para o banho”, orientou Paulo Barbosa, que também é coordenador do projeto “UNEB contra o Coronavírus”.
Ao ir às unidades de saúde para realizar qualquer procedimento, a pneumologista Maristela Sestelo recomenda que o paciente “deve assegurar-se do distanciamento de atendimento para cada paciente, observar às condições de higiene e espaçamento do local, asseio dos materiais e aparelhos utilizados em procedimentos, em especial os de exames respiratórios, e chegar na hora marcada para evitar aglomerações”, indicou a especialista.
Projeto orienta idosos por telefone
O projeto “UNEB contra Coronavírus”, está orientando, por telefone, pacientes que são atendidos nas Unidades de Saúde da Família das comunidades de Pernambuezinho e Arenoso, em Salvador.
Fonte: Ministério da Saúde
A iniciativa busca criar condições para minimizar efeitos do isolamento durante a pandemia para os pacientes do grupo de risco.
“No projeto, os idosos, que em alguns casos são portadores de doenças crônicas, são orientados a evitar o sedentarismo, a manter uma alimentação saudável e higienizar os alimentos de forma correta, além de trabalhar questões ligadas à sua autonomia de forma lúdica e com suporte psicológico”, descreveu o coordenador da ação, Sóstenes dos Santos.
A equipe do projeto é formada por residentes e professores da área de Nutrição, Enfermagem, Saúde Coletiva e Saúde Mental.
Atendimento fisioterapêutico para diabéticos
A Clínica-Escola de Fisioterapia, vinculada ao Departamento de Ciências da Vida (DCV) do Campus I da UNEB, realiza tratamento de fisioterapia para pessoas com pé de risco e amputação de membro inferior.
Intitulado “EPRAMI”, o projeto de extensão atende pessoas com diabetes e com doença vascular periférica, encaminhadas do Centro de Referência Estadual para Assistência ao Diabetes e Endocrinologia (Cedeba), do Centro de Prevenção e Reabilitação de Deficiências (Cepred) e do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS).
.
“O pé de risco é aquele que apresenta alterações vasculares e do nervo periférico. A falta de controle da glicemia pode agravar a doença e acarretar alteração da sensibilidade protetora nos pés e deformidades, além de alterações da marcha, surgimento de feridas e infecções, e até levar a amputação do membro”, explicou a coordenadora do projeto de extensão, Giovana Figueirôa.
A iniciativa, que durante a pandemia está sendo desenvolvida via WhatsApp, oferece atividades de orientação de exercícios para melhorar a condição do membro inferior e da sensibilidade, indicações de calçados, orientações de enfaixamento de coto amputado e avaliação de prótese.
O técnico em elétrica, Francisco Moreira, 65, portador da Diabetes, é um dos pacientes atendidos no projeto. Há quatro anos o profissional necessitou amputar o membro inferior esquerdo após um acidente.
“Com o tratamento obtive melhora na minha marcha e alívio de algumas dores. Além disso, procuro sempre manter a glicemia controlada através das medicações. A interação com os profissionais do “Eprami” é muito satisfatória, visto que eles nos incentivam a ter uma melhora na qualidade de vida e a elevação da autoestima”, ressaltou o paciente.