Conferência discute política de permanência com estudantes cotistas dos 24 campi

Danilo Cordeiro
Núcleo de Jornalismo
Assessoria de Comunicação

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Pró-reitor (Proaf), Wilson Mattos, entrega homenagem a Ivete Sacramento, ex-reitora da UNEB

A UNEB, por meio da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas (Proaf) e do Centro de Estudos dos Povos Afro-Índio-Americanos (Cepaia), realizou, nos dias 2 e 3 de agosto, a 1ª Conferência de Estudantes Cotistas (CONFCOTAS 2016) da universidade, em Salvador.
O evento reuniu a comunidade acadêmica com o propósito de discutir a elaboração de um Programa de Permanência para Estudantes Cotistas, que referencie e oriente todas as atividades relativas ao Sistema de Cotas na instituição.
O reitor da UNEB, professor José Bites de Carvalho, presidiu a mesa de abertura e destacou a consolidação do sistema de cotas na universidade.
“A UNEB se recriou a partir da implantação do Sistema de Cotas.Temos que lutar para que esse sistema seja consolidado enquanto princípio institucional e para construirmos coletivamente uma política de permanência eficiente”, ressaltou o reitor.
Segundo o pró-reitor da Proaf, Wilson Mattos, essa é uma nova fase para o desenvolvimento das ações afirmativas na universidade.
“Nosso objetivo é sair dessa conferência com um documento que subsidie uma política de permanência para os estudantes cotistas, com a finalidade de otimizar as condições acadêmicas, socioeconômicas e de saúde desses discentes”, destacou o pró-reitor.
A mesa de abertura do evento contou ainda com a presença da vice-reitora, Carla Liane Nascimento, da coordenadora do Cepaia, Marluce Macedo, e da ex-reitora da UNEB, Ivete Sacramento.
Ivete Sacramento destacou o pioneirismo da UNEB na implantação do Sistema de Cotas, processo que se iniciou durante a sua gestão como reitora.
“Recordo que no ano de implantação das cotas na UNEB, apenas 1% de jovens negros estudavam aqui. Era uma época de muito preconceito em torno desses estudantes, que não podiam se afirmar cotistas para não sofrer com a discriminação de colegas e professores. Muito mudou de lá para cá, contudo, ainda presenciamos situações dessa natureza. Temos que empoderar e visibilizar esses alunos e conscientizar a comunidade do papel desafiador do jovem negro na sociedade”, reforçou Ivete Sacramento, atual secretária de Reparação de Salvador (Semur).
Na ocasião, Ivete Sacramento leu uma carta anônima com conteúdo racista e discriminatório, que recebeu quando reitora, no ano de 2002, um dia após a aprovação da implantação do Sistema de Cotas, pelo Conselho Universitário (CONSU) da instituição.
“Já apresentei essa carta em vários países e congressos afro-brasileiros, mas é a primeira vez que a apresento na UNEB. Fomos muito perseguidos após a aprovação do sistema e essa carta marca esse período difícil, mas também simboliza o estopim da mudança, de um novo momento para a sociedade brasileira”, relembrou a ex-reitora, que foi homenageada no evento pelo trabalho e luta no processo de implantação do Sistema de Cotas na instituição.
Também prestigiaram a abertura do evento a pró-reitora de Ensino de Graduação (Prograd), Khatia Marise Sales, a pró-reitora de Extensão (Proex), Maria Celeste Castro, o pró-reitor de Assistência Estudantil (Praes), Ubiratan Menezes, o diretor do Departamento de Educação (DEDC), Valdélio Silva, e o assessor de Comunicação (Ascom) da universidade, Tiago Sampaio.

Extensa programação

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A conferência de abertura foi ministrada pelos pesquisadores Nilma Lino Gomes, da Universidade Federal de Minas Gerais (Ufmg), e Ronaldo Crispim Barros, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (Ufrb).

“As políticas afirmativas têm estimulado e fortalecido a presença dos estudantes cotistas no interior das universidades, trazendo um espaço inclusivo, que antes era guetizado. Esses jovens trazem sua cultura e expressões, tornando as instituições mais abertas e populares”, considerou a pesquisadora Nilma Gomes, ex-ministra das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos.

Para o pesquisador Ronaldo Barros, as cotas são um projeto social que podem modificar significativamente a vidas das pessoas e corrigir desigualdades históricas.

“A política de cotas é uma radicalização do processo democrático, não só de acesso, mas também de oportunidade e igualdade”, avaliou o palestrante, ex-secretário especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

O estudante do curso de Letras do campus de Barreiras Rangel Araújo prestigiou a conferência de abertura.

“Este é um evento de grande importância para a conscientização e sensibilização dos estudantes cotistas sobre os seus direitos e o seu papel na sociedade, além de desqualificar o preconceito arraigado, que ainda persevera na comunidade”, afirmou o discente.

O Confcotas reservou ainda em sua programação debates, grupos temáticos e plenárias. Destaque para a participação do estudante do curso de Letras do Campus I da Universidade, Geilson dos Reis, que apresentou um emocionante manifesto intitulado Carnificina.

Foto (home): Tainan Mattos, com edição de Anderson Freire/Ascom
Fotos internas: Juliana Cardoso/Ascom

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