“A terra é feminina e é quem dá todos os frutos: água, minério, alimento, árvores, animais. Essa terra que germina, que gera tudo isso, nós somos essa terra.”
Citando Cristiane Julião, do povo Pankararu, de Pernambuco, a reitora da UNEB, Adriana Marmori, discursou durante a solenidade de lançamento Selo Lilás, emocionando as mais de 600 pessoas que acompanharam o evento na manhã dessa quinta-feira (13), no Teatro UNEB, no Campus da universidade, em Salvador.
A gestora, segunda mulher a assumir a reitoria da universidade, destacou a expressiva presença feminina na UNEB, somando hoje 18.869 mulheres unebianas entre docentes, discentes e técnicas.
“Esta universidade está envolvida e comprometida com as políticas públicas para mulheres, com ações que ajudem a reconstruir e humanizar o nosso país. É uma cruzada em defesa da igualdade de gênero no Brasil, uma luta diária por respeito e equidade para nós mulheres. Mulheres negras, quilombolas, indígenas, ribeirinhas, mulheres, mulheres, mulheres”, destacou a reitora.
O Selo Lilás, que visa reconhecer e certificar empresas que promovem o enfrentamento da desigualdade de gênero no ambiente de trabalho, é uma das ações de um robusto pacote de políticas públicas para as mulheres, assinado pelos governos do Estado e Federal.
A solenidade contou com a presença do governador Jerônimo Rodrigues, acompanhado da primeira-dama Tatiana Velloso, e da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, além das secretárias de Política para Mulheres (SPM), Elisangela Araújo, da Educação (SEC), Adélia Pinheiro, e outras autoridades.
“Nós reunimos aqui hoje com movimentos de mulheres, professoras, estudantes e apresentamos programas de investimento, em parceria com o Governo Federal, e com recursos próprios do Estado. Lançamos o Selo Lilás, que faz um convite às empresas baianas na construção de um ambiente mais sadio, de proteção e autonomia para as mulheres. Firmamos também parcerias com a Casa da Mulher Brasileira, um programa que visa erradicar às violências contra a mulher no trânsito, em parceria com o Detran, além de ações que vão acontecer nas escolas públicas e particulares”, detalhou Jerônimo.
Para a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, a parceria com o Estado e com os municípios é importante para preservar o pacto federativo proposto pela Constituição Federal. “As mulheres são 52% da população brasileira, mas esse grupo ainda sofre com questões de violências de gênero como feminicídio e assédios sexuais. Ainda ganhamos menos no mercado de trabalho, por isso a importância do Selo Lilás e da Lei de Igualdade Salarial, sancionada pelo presidente Lula no dia 3 de julho, para podermos efetivamente trabalhar a questão da igualdade e do respeito entre homens e mulheres”, declarou.
Políticas públicas para mulheres
Durante o evento, a secretária Elisângela assinou o Decreto que Regulamenta a Concessão do Selo Lilás no Estado da Bahia. O investimento na ação é de R$ 500 mil.
“Nós já temos um grupo de trabalho composto por diversas secretarias do Estado, representantes da iniciativa privada e da classe trabalhadora. Vamos lançar o edital e as empresas que preencherem os requisitos serão certificadas. Será uma parceria potente, uma vez que as empresas serão estimuladas a cumprir o seu papel e função social no fortalecimento e valorização da atuação feminina no ambiente de trabalho, e o Governo do Estado vai oferecer incentivos e dar destaque a essas empresas”, detalhou a secretária.
A vice-reitora da UNEB, Dayse Lago, destacou que é “muito simbólico a UNEB sediar o lançamento desse conjunto de ações afirmativas voltadas para as mulheres, nesta que é uma universidade cuja gestão principal é feminina. Compreendemos que são iniciativas transversalizadas, assumidas por todas as secretarias, e a universidade, certamente, está comprometida com essa discussão, com essa luta pela valorização das mulheres no mercado de trabalho e espaços de poder, assim como no combate à violência de gênero”, frisou.
O projeto Oxe, Me Respeite nas Escolas, resultado da parceria entre a SPM e SEC, somou-se as ações celebradas no evento. A iniciativa visa a promoção de práticas educativas que ampliem o pensamento crítico e os questionamentos de normas sociais geradoras das desigualdades de gênero e das violências advindas dessas relações, de modo a construir sistemas culturais mais justos e humanizados através do engajamento da comunidade escolar, contribuindo com políticas de prevenção a violência contra a mulher.
Serão distribuídos materiais de sensibilização e conscientização sobre o tema, como ventarolas, adesivos, marcadores de livro, cartilhas e materiais digitais. O projeto terá atividades interativas durante três meses, com projeção de chegar aos 27 territórios de identidade até 2024.
Ainda foram assinados dois termos de cooperação técnica, um entre a SPM e o Departamento de Trânsito da Bahia (Detran), com foco no combate à importunação e assédio sexual no trânsito, além de um protocolo de intenções para implantação da Casa da Mulher nos territórios de Irecê, Litoral Sul e Portal do Sertão.
No evento, também houve o lançamento da campanha Se a gente não fala, a violência não para, que usa o recurso do audiovisual para visibilizar como a cultura do machismo está no centro das violências de gênero. O filme, produzido e dirigido por mulheres, tem o público masculino como alvo.
Mulheres nas artes – A celebração das ações afirmativas de políticas públicas foi intercalada por momentos culturais conduzidos por mulheres baianas.
A abertura ficou por conta do Balé Teatro Castro Alves, em seguida as estudantes do Colégio Estadual de Coroa Vermelha, em Santa Cruz Cabrália, apresentaram cantos indígenas do povo Pataxó.
O último momento cultural ficou com a cantora Ayla Soares, que emocionou a plateia interpretando Geni e o Zepelim (Chico Buarque) e Mulher do Fim do Mundo (Rómulo Froes/Alice Coutinho).
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Com informações do GOV BA