Em noite de encontro das histórias da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), a Administração Central da instituição lançou ontem (21), em videoconferência, o curso Gestão Universitária: Trilhas Formativas para a sua primeira turma, composta por diretores e diretoras dos Departamentos do interior e da capital.
Segundo a reitora, professora Adriana Marmori, a iniciativa conta com a participação e interação dos cursistas, portanto, está em construção e em constante atualização, em virtude da sua perspectiva autoinstrucional e das trajetórias que cada participante realizará na busca pelas formações específicas.
“Esse foi um curso pensado por várias pessoas, a partir de uma necessidade de pôr em diálogo as práticas e as experiências que cada gestor e gestora vêm acumulando ao longo dos anos nesse lugar de gestão. E, também, pela necessidade de estarmos juntos e juntas pensando a gestão acadêmica e administrativa da nossa universidade”, ressaltou a gestora.
A formação é fruto do trabalho de pesquisa da servidora Luzinete Gama, atualmente lotada na Pró-Reitoria de Administração (Proad) da UNEB, desenvolvido no Mestrado Gestão e Tecnologias Aplicadas à Educação (Gestec) da UNEB.
A partir dos caminhos apresentados pela dissertação, o curso foi consolidado após debates e ampliações promovidas pelas equipes das Pró-Reitorias de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas (PGDP) e de Planejamento (Proplan), da Unidade Acadêmica de Educação a Distância (Unead) e da Assessoria Especial da Reitoria (Assesp).
A iniciativa visa contribuir na formação dos servidores técnicos e docentes, em exercício, de modo que disponham de elementos teórico-práticos que melhor qualifiquem a gestão da universidade, assegurando a inclusão, a autonomia e a democracia, valores defendidos pela comunidade universitária.
De acordo com a professora Dayse Lago, vice-reitora da instituição, a troca de informações, a discussão, o compartilhamento de ideias, desafios e encaminhamentos são caros para a gestão pública e serão possibilitados, com a memória de todo o trabalho e de todas as produções, pela formação.
“Esse é um espaço formativo, informativo, de autoformação, onde você vai buscar as suas trilhas, administrar o seu tempo e as suas necessidades. Um local privilegiado para colocarmos as nossas questões, entendermos melhor as nossas leis, e também para estarmos em um fórum de debate, com possibilidade de atualização e acréscimo de novos temas e problemáticas”, destacou a vice-reitora.
Trilhas e percursos formativos
A mediação da atividade de lançamento foi realizada pela pró-reitora Rosângela Matos (PGDP), que também apresentou o escopo do projeto da formação.
O curso será realizado na modalidade a distância (EaD), autoinstrucional, com carga de 390 horas, distribuídas inicialmente em três trilhas formativas, com três encontros presenciais, que serão realizados após cada uma delas.
TRILHA 1: CONHECENDO A UNEB
- – Trajetória Histórica e Formação da Universidade Inclusiva, Autônoma e Democrática
- – Políticas Educacionais
- – Marco Regulatório Institucional
- – Comunicação Institucional
- – Os Conselhos Superiores e Departamentais
- – Planejamento Institucional, Financiamento e Execução Orçamentária
- – Avaliação e Acompanhamento do Desenvolvimento Institucional
TRILHA 2: GESTÃO PÚBLICA E UNIVERSITÁRIA
- – Articulação entre Ensino, Pesquisa e Extensão
- – Relações Internacionais
- – Assistência Estudantil e Permanência
- – Ações Afirmativas Transversais
- – Relações Interinstitucionais
- – Negociação e Mediação de Conflitos
- – Liderança e Gestão de Pessoas
- – Avaliação Contínua e Monitoramento de Resultados
- – Gestão de Informação à Luz da LGDP
- – Tecnologias Sociais e Inovação
TRILHA 3: TDIC’S APLICADAS À GESTÃO UNIVERSITÁRIA
- – Tecnologias de Comunicação Aplicadas à Gestão Universitária
- – FIPLAN
- – RH BAHIA
- – SEI
- – SPGU
- – SAGRES
- – SISPROEX
- – SONIC
- – SIP
Pró-Reitora de Planejamento, a professora Lídia Boaventura frisou que discutir a gestão da UNEB não se trata apenas de discutir como gerir uma universidade, mas, a gestão de uma instituição que é peculiar desde o seu nascedouro.
“Vamos propiciar para todos nós um espaço de diálogo, de aprendizagem sobre a gestão da nossa UNEB, que já nasce com a proposta de ser multicampi, multiregional, porque está em 19 territórios de identidade, e de forma orgânica, com uma identidade própria, preservando as identidades das regiões onde ela está instalada e atua”. “É gerir e conseguir esta articulação com todos os campi. É integrar essa comunidade universitária de quase 40 mil pessoas”, ressaltou, sobre os desafios institucionais.
Cooperação e inovação
Chefe de Gabinete da Reitoria, o professor Pedro Daniel participou das discussões para o planejamento do curso. Ele salientou a perspectiva da inovação desta oferta, por possibilitar maior autonomia para os gestores, na organização do seu processo individual e na busca por formação mais específica e aprofundada em algum ponto ou aspecto que tenha maior dificuldade.
Para o assessor especial da Reitoria, Sérgio São Bernardo, “começar pela gestão é começar bem”. “Temos várias proposição sobre como pensar uma educação melhor, muitas vezes nos esbarramos em como é que fazemos. Então, estamos no tempo das epistemologias, do modo de fazer. A universidade é o campo especial para pensarmos isso. Vamos ensinar a quem já ensina. Então, nós vamos compartilhar aprendizagem”, destacou.
Os encontros presenciais serão promovidos no formato de plenária, com a participação dos servidores que cursaram 90% das componentes da trilha. Nas oportunidades, serão realizadas as relatorias dos encontros, com a finalidade de subsidiar a Administração Central na proposição de conteúdos para estruturação de novas trilhas e, principalmente, para identificar pontos de melhorias na gestão universitária nas diferentes instâncias e territórios.
O produto final, a ser apresentado no encerramento do curso, é a elaboração de um plano de ação para um departamento ou unidade universitária.
“Quando a gente une espírito de colaboração e cooperação com inovação e aprendizagem a gente consegue fazer coisas diferentes”, avaliou a coordenadora geral da Unead, Tânia Benevides.
“Esta é uma experiência de utilização dos cursos moocs, cursos massivos, autoinstrucionais que podem chegar a tempos e lugares diversos. Para uma universidade multicampi é uma proposta muito valorosa, porque podemos dialogar com uma presença virtual, podemos estar presentes virtualmente estabelecendo diálogos e trocas muito profícuas”, destacou.
Ao tratar sobre a história da UNEB e as perspectivas para a instituição, a gestora resgatou um depoimento do professor Edivaldo Boaventura, idealizador e primeiro reitor da UNEB, para a Revista Bahiaciência, em 2015:
“Temos que ser pelas aprendizagens híbridas, a presencial e aquela a distância; as duas modalidades devem se complementar. Já usamos o computador em sala de aula, trata-se agora de usar mais intensivamente as tecnologias.”
Conhecendo a UNEB
Neste primeiro encontro, os gestores puderam mergulhar nas histórias da gênese, da organização e do amadurecimento institucional da Universidade do Estado da Bahia. Essa imersiva apresentação foi realizada pela professora Nadia Hage Fialho, docente da instituição desde 1988.
“Esta primeira parte do curso é um chamado para que possamos, juntos, refletir sobre a nossa universidade, compreender porque ela é assim, porque foi pensada com a estrutura que tem, qual a missão que ela desenvolve dentro dessa modalidade organizacional”, explicou a pesquisadora.
De acordo com a professora, a instituição nasceu quando a Bahia demonstrava uma tímida cobertura do sistema educacional na área da Educação Superior. Àquela época eram poucas instituições e menos ainda a oferta de vagas públicas para a população.
Os participantes foram apresentados aos esforços do professor Anísio Teixeira, para o avanço da consolidação das primeiras universidades brasileiras, e às pesquisas e experiências do professor Edivaldo Boaventura em diversas instituições pelo Brasil e pelo mundo.
“A UNEB nasce de uma concepção sistêmica de formação, que envolve tanto a educação superior, como a educação básica, criando novas oportunidades e ampliando-as por via da interiorização e, também, do assentamento de campi em bases regionais, e que envolve a preservação das culturas locais, ancestrais, dos saberes de cada localidade em respeito às suas próprias identidades, às suas próprias histórias”, destacou.
Assim, a pesquisadora explicou que a universidade é fruto de planejamento, de ideias consolidadas na vanguarda do seu tempo no país, mas, de maneira ordenada.
“É entendendo a Governança com essa matriz de diretrizes para a vida universitária, que conduz a gestão universitária. Compreender a UNEB é um passo extraordinário para que possamos ter argumentos para redefinir a sua estrutura organizacional, para aprimorar a sua gestão, para termos possibilidade de discussão com dirigentes com os quais a universidade estabelece relações de corresponsabilidade, no financiamento, por exemplo”, sugeriu.
A pesquisadora defendeu que não é apenas através da pesquisa, do ensino ou da extensão que a universidade e os seus membros podem interagir com as diversidades de realidades culturais, das problemáticas educacionais e econômicas das comunidades, dos municípios nos quais se fazem presentes ou com os quais estabelecem alguma relação. Mas, também, através da governança e da gestão.
“Esses conhecimentos e experiências são muito importantes para a compreensão da universidade, da história da UNEB, que muitos não conheciam, estando na gestão e já tendo uma longa trajetória na instituição. Estou como estudante e não como gestora, aprendendo cada coisa do que ainda não sei e do que preciso aprender dessa universidade, que é nossa”, celebrou a professora Áurea da Silva Pereira, diretora do Departamento de Linguística, Literatura e Artes (DLLARTES) do Campus 02, em Alagoinhas.
O primeiro encontro contou ainda com um momento com a professora Lídia Boaventura, que explicou detalhes dos impactos da Lei Nº 7176, de 1997, na estrutura da universidade, e convidou os participantes para reflexões sobre autonomia universitária e sobre o arranjo institucional da UNEB.
As atividades do curso já terão continuidade no fim deste mês, com a liberação dos conteúdos no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA/Moodle), já com previsão de ampliação para os diferentes gestores da universidade.