Seminário da UNEB reúne pesquisadores internacionais para dialogar sobre geopoética

Com temática geral “Paisagens em transe”, evento congregou docentes e estudantes de diferentes cursos da universidade

A UNEB realizou, por meio do grupo de pesquisa Geopoética – Estudos do espaço, cultura, memória, literatura e artes, vinculado à Cátedra Fidelino de Figueiredo, da universidade, o I Seminário Internacional em Geopoética do Brasil.

O evento ocorreu entre os dias 1º e 2 de setembro, de forma híbrida: presencialmente, em auditório do Departamento de Ciências Exatas e da Terra (DCET) do Campus I da UNEB, em Salvador, e em transmissão online pelo canal da Cátedra no YouTube.

Tendo como temática geral “Paisagens em transe”, a programação do evento contou com conferências, exibição de documentários e atividades culturais, reunindo docentes e estudantes de diferentes cursos da instituição.

Compuseram a mesa de abertura o diretor do DCET, Leandro Coelho, o diretor do Departamento de Ciências Humanas (DCH) do mesmo campus, Flávio Correia, a presidente da Cátedra, Rita Aparecida Coelho, a coordenadora do curso de Urbanismo, Clélia Maria Vieira, o coordenador do Programa de Pós-graduação em Estudos Territoriais (Proet), Agripino Coelho Neto, e a coordenadora do grupo de pesquisa, Lirandina Gomes.

Em suas falas, os integrantes da mesa saudaram os participantes e palestrantes, destacando o ineditismo do evento ao trazer as pesquisas em geopoética da universidade para apresentação.

No primeiro dia de atividades, aconteceu uma conferência internacional de abertura, reunindo pesquisadores da UNEB e de outras instituições do Brasil, Chile, França e Portugal. Os trabalhos foram iniciados com a leitura de um texto do pesquisador francês Régis Poulet, do Institut International de Géopoétique, que discorreu sobre os conceitos da geopoética, distinguindo-a das investigações do campo da ecologia à luz da relação entre o homem e a natureza.

Em seguida, os pesquisadores chilenos Miguel Laborde e Cristián Berger, do Centro de Estudios Geopoéticos de Chile, desenvolveram os conceitos e aplicações da geopoética a partir da experiência dos seus grupos de estudos, contribuindo assim para a compreensão da difusão dessa perspectiva de estudo ao redor do mundo.

A segunda conferência teve como tema “Salvador: paisagens sonantes e dissonantes” e reuniu os docentes Rita Aparecida Coelho, Lirandina Gomes, Camila Sant’Anna (UFG) e Jânio Santos (Uefs).

Os participantes tiveram a oportunidade de refletir sobre aspectos da geopoética da cidade de Salvador, apresentando perspectivas literárias, como as dos escritores Jorge Amado e Myriam Fraga. As aproximações entre a capital baiana e Lisboa, capital de Portugal, foram tratadas a partir de avaliações toponímicas e topográficas, sempre levando em consideração as perspectivas poético-literárias registradas ao longo da história.

À tarde, a programação teve como tema “Paisagens literárias”. Sob mediação da professora Maria José Curado, da Universidade do Porto (Portugal), os pesquisadores dialogaram sobre a geopoética aplicada em estudos das cidades portuguesas.

Estiveram presentes o pesquisador Duarte Natário, sócio-fundador do atelier Terra – Arquitectura Paisagista (Portugal), e os professores Daniel Alves e Natália Constâncio, ambos da Universidade Nova de Lisboa, e Frederico Bertolazzi, da Università degli Studi di Roma ‘Tor Vergata’.

A programação do primeiro dia foi encerrada com a exibição do documentário “Tudo é paisagem”, dirigido por Duarte Natário.

Cinema

A programação do seminário teve continuidade na sexta-feira (2), pela manhã, com a conferência “Literatura, cidade e turismo”, sob mediação do professor Natanael Bonfim (UNEB) e participação dos docentes Silvia Quinteiro, da Universidade do Algarve, Ida Alves, da Universidade Federal Fluminense (UFF), Fabrízio Boscaglia, da Universidade Lusófona, e Sonia Simon (UNEB).

As atividades prosseguiram com a conferência “Intersecção entre geografia, urbanismo e cinema nas narrativas sobre a cidade”, com os pesquisadores Lívia Azevedo (Uefs), Liz Sandoval (Cinema Urbana) e Luciene Gomes (UFRB). A apresentação de trabalhos e o diálogo foram mediados pela professora Lysie Oliveira (UNEB).

A última mesa da programação teve como tema “Entreter, denunciar, sonhar: funções sociais do cinema em cidades desiguais”, com o cineasta e produtor audiovisual Cláudio Marques (Coisa de Cinema) e o docente João Pena (Ministério Público da Bahia), sob mediação da professora Camila Sant’Anna.

Geopoética

A geopoética é um campo de estudos inaugurado pelo escritor franco-escocês Kenneth White que visa desenvolver uma relação sensível e inteligente com o planeta Terra.

O pensador aponta, assim, para a necessidade de o sujeito circular ao redor do mundo, buscando captar nas viagens toda a beleza que se encontra na diversidade, e também explorar, no nomadismo intelectual, os diferentes saberes e obras artísticas desenvolvidas nas mais diversas culturas.

A prática da geopoética está associada à superação das fronteiras físicas, culturais e políticas. Este seminário busca trazer diferentes perspectivas sobre o olhar para as cidades, ultrapassando as visões funcionalistas e economicistas”, afirmou a Lirandina Gomes.

A coordenação do evento esteve a cargo das docentes Lirandina Gomes e Camila Sant’Anna e do pesquisador Duarte Natário.

Texto e fotos: Leandro Pessoa / Ascom.