Com vistas a oferecer orientações e discussões acerca do mundo do trabalho, estudantes da UNEB participaram ontem (20) da 1ª Feira de Trabalhabilidade da universidade, realizada no Campus I da instituição, em Salvador.
O evento teve como destaque o tema “Universidade, Trabalho e as Perspectivas das Juventudes”. A iniciativa foi aberta pela reitora da UNEB, Adriana Marmori. Em sua fala, a gestora da instituição ressaltou a importância das universidades públicas na formação e qualificação profissional dos jovens para ingresso no mercado de trabalho.
“Segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE, 27% das pessoas que buscam emprego são jovens sem estudo. Daí a importância do papel da UNEB e das universidades públicas na formação de pessoas que buscam ocupação e tenham uma qualificação e uma formação profissional. Nós precisamos profissionalizar as pessoas nas diferentes áreas de conhecimento para que consigamos fazer a ocupação dos espaços que estão disponíveis e daqueles que serão construídos. O trabalho tornam as pessoas livres, emancipadas e donas das suas próprias vidas”, destacou a professora Adriana Marmori.
A mesa de abertura da feira contou também com a participação da vice-reitora da universidade, Dayse Lago; o secretário Especial de Relações Interinstitucionais (Seai), Ricardo Moreno; o pró-reitor de Ações Afirmativas (Praes), Jean Santos; e a analista de processos e negócios do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Ana Carla Persi.
“É importante conhecermos o mercado de trabalho, o nosso campo de atuação e fazermos uma análise. Este evento traz uma reflexão crítica do mercado de trabalho e do campo de atuação de cada estudante. É preciso que a gente lute para que alguns espaços sejam oferecidos e oportunizados para todos e todas nós”, salientou o vice-reitora da universidade, Dayse Lago.
O secretário da Seai, Ricardo Moreno, frisou a extensa programação da feira como oportunidade de conhecimento do mundo do trabalho aos estudantes. “Esse evento é muito importante para nossos discentes porque aqui estamos discutindo oportunidade de estágio e emprego e orientações para o mercado de trabalho“.
Para a analista de processos e negócios do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Ana Carla Persi, a iniciativa torna-se espaço de discussão e trocas de experiências sobre o mercado de trabalho: “Eventos como esse não só enriquecem o corpo discente e docente, mas também são muito importantes para a construção de futuros prósperos, entendendo a importância para o desenvolvimento de carreiras e profissional do estudante”.
O pró-reitor da Praes, Jean Santos, apontou que as ações como a Feira de Trabalhabilidade tende a ter uma potência grande e de articulações da universidade com empresas para a busca de jovens e estudantes da instituição à inserção ao mercado de trabalho.
Diagnóstico do emprego na Bahia e no Brasil
O evento reservou a conferência “Diagnóstico do emprego na Bahia e no Brasil”, proferida por Ana Georgina Dias, supervisora técnica do escritório regional do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na Bahia. A conferencista destacou a desigualdade da formação do mercado de trabalho no Brasil.
“Nosso país tem uma formação de mercado de trabalho extremamente heterogênea e de desigualdade gigantesca e latente. Aqui na Bahia, os últimos dados disponíveis do quarto trimestre de 2022, percebemos que mais de 53% das pessoas ocupadas estão no trabalho informal. Isso significa, que basicamente, mais da metade dos trabalhadores baianos estão fora da proteção e da cobertura social’, refletiu a palestrante.
Ana Georgina ainda considerou que além do desemprego de longa duração, que afeta predominantemente mulheres, as pessoas negras e os jovens, e as pessoas desalentadas, aquelas que desistem de procurar por emprego, é uma realidade no país e causa o aumento da pobreza.
“Maçiçamente mulheres, jovens e pessoas negras são maioria no desemprego de longa duração. Mas, além do desemprego, temos ainda aquelas pessoas que estão no desalento, elas desistem de procurar emprego. Muitas delas atribuem à desistência à uma desesperança. Essa situação é muito ruim porque a maior parte dos rendimentos das pessoas obviamente vem do trabalho. Então quando temos um desemprego persistente e que atinge uma parcela grande da população, reflete no aumento da pobreza e se manisfesta na insegurança alimentar”, explicou a economista.
Políticas públicas sobre trabalho, emprego e renda
A Feira de Trabalhabilidade ainda reservou a palestra “Políticas públicas sobre trabalho, emprego e renda”, ministrada pelo secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia (Setre), Davidson Magalhães, e pelo professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Roberto Marinho.
Para o gestor da Setre, Davidson Magalhães, o estado da Bahia sofre reflexos impostos pela política macroeconômica do país e como consequência a permanência do trabalho informal.
“A Bahia tem na sua característica o mercado de trabalho mais ao voluntário e individual não formalizado do que o trabalho formal e com carteira assinada. Isso sofre reflexos nas políticas públicas de trabalho, emprego e renda no estado”, explicou o secretário.
O secretário ainda pontou que a atual matriz econômica do estado é outro elemento somatório que repercute para a geração de emprego e renda no estado e de necessária discussão para uma nova implementação de desenvolvimento econômico na região.
“A matriz econômica baiana é marcada por uma concentração muito forte do produto interno bruto (PIB) na Região Metropolitana de Salvador por conta do seu processo de industrialização. Então, a concentração do PIB no estado é setorial e territorial, o que implica em distorções muito grande da economia baiana. Portanto, o debate da mudança sobre a matriz econômica e de uma nova política de implementação de desenvolvimento econômico para a Bahia é fundamental para interferir no mercado de trabalho”, sinalizou o gestor.
O docente da UFRN, Roberto Marinho, destacou a importância do trabalho para o processo de capacitação e conhecimento do ser humano.
“Nós somos, seres humanos, somos o que somos por causa do trabalho. O trabalho é o ato que combina um processo de prévia ideação e de objetivação. O trabalho não significa apenas fazer, mas também conceber e realizar. E esse é um processo de humanização, é pelo trabalho em que desenvolvemos as nossas capacidades, o nosso conhecimento e desenvolvemos o nosso corpo”, analisou o palestrante.
A primeira edição da Feira de Trabalhabilidade contou com extensa programação, entre elas conferência, palestras, oficinas, minicursos, estandes de empresas onde estudantes tiverem oportunidade de experenciar em processos seletivos e momentos de saúde. As atividades da feira podem ser revistas no canal da TV UNEB, no YouTube.
O evento foi organizado entre a Secretaria de Relações Interinstitucionais (Seai) da UNEB e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), com apoio das pró-reitorias de Ensino de Graduação (Prograd), de Pesquisa e Ensino de Pós-Graduação (PPG), de Assistência Estudantil (Praes), da Unidade Acadêmica de Educação a Distância (Unead) da universidade.
Texto: Danilo Cordeiro/Ascom
Fotos: Danilo Oliveira/Ascom