Terceira edição do evento Ecossistema Vivo destaca estudo sobre empreendedores de Camaçari

As atividades do evento foram realizadas no Campus XIX da UNEB e no Colégio Estadual Monte Gordo

A terceira edição do evento Ecossistema Vivo movimentou o Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias (DCHT) do Campus XIX da UNEB, e o Colégio Estadual Monte Gordo, ambos localizados em Camaçari.

O evento, promovido nos últimos dias 23 e 24 de novembro, teve como proposta transmitir os desdobramentos do projeto “A baianidade e o(a) empreendedor(a) em seu fazer cotidiano: um estudo sobre os(as) microempreendedores e seus estabelecimentos na cidade de Camaçari”, iniciativa integrada ao grupo de pesquisa Enlace da UNEB. A atividade contou com a presença dos gestores do projeto, estudantes do grupo de pesquisa da universidade e do Colégio Estadual Monte Gordo.

Suely Messeder: “A universidade deve estar próxima do povo”

Esse projeto tem um significado especial, é um dos primeiros com essa dimensão de diálogo mais direito com a comunidade. Hoje, percebemos o quanto a universidade deve estar próxima do povo. O que a gente traz aqui é realmente fazer uma mediação de saberes entre a academia e a comunidade, em diálogos com a escola. Esse é um projeto em que nós temos a prova de que podemos seguir a adiante nessa parceria”, ressaltou a coordenadora do evento, Suely Messeder.

Representando o Colégio Estadual Monte Gordo, a professora Lícia Magalhães, destacou a relevância da parceria entre a universidade e a educação básica. “Esse contato da universidade com o colégio tem nos permitido mostrar aos alunos que eles podem sonhar com a universidade e que o ambiente acadêmico também é deles. A maior vantagem desse contato é transformar o destino dessa juventude, mostrando que eles podem ocupar esses espaços”, afirmou.

Presente no evento, o diretor do DCHT do Campus XIX da instituição, Sérgio Henrique da Conceição, frisou que a universidade dever ser um espaço de inclusão e diversidade. “Historicamente a universidade sempre foi um lugar de exclusão, de privilégio para poucos de nós segmentos raciais e sociais. A nossa missão é de fomentar a integração da educação superior com a educação básica, valorizando as trajetórias de vida e os saberes ancestrais e da resistência das pessoas na sociedade“, declarou.

Sandra: Universidade deve ser um espaço de transformação”

A atividade também contou com a palestra “Arte e criatividade na disseminação de conhecimento científico: experiências de Moçambique”, que foi ministrada pela pesquisadora Sandra Manuel, da Universidade de Eduardo Mondlane. A pesquisadora defendeu que a universidade deve ser um lugar de construção, de troca e de dialogo coletivo do conhecimento.

“Não podemos nos isolar em uma torre de marfim, onde só falamos com quem pensa igual a nós, com quem domina as mesmas técnicas, métodos e teorias. Precisamos abrir as portas da universidade para a sociedade, para os movimentos sociais, para as culturas diversas, para as vozes marginalizadas. Precisamos nos engajar com os problemas reais do nosso mundo, e buscar soluções criativas, inovadoras e participativas. A universidade deve ser um espaço de transformação, não de exclusão“, disse Sandra Manuel.

A Força da cocada

O encontro ainda reservou o lançamento dos produtos do Museu Digital Saberes e Fazeres, do Jogo Digital da Cocada Dona Maria e o Jogo Analógico. A cerimônia contou com a presença de dona Maria Cristóvão Alves, fazedora de cocada há cerca de 40 anos.

Maria: ” Batalhei e criei meus filhos com a força da cocada”

“Me sinto muito feliz de ter aprendido e ensinado boa parte da minha família desse trabalho de fazer a cocada. Batalhei e criei meus filhos com a força da cocada. Hoje minhas filhas realizam esse trabalho com muito orgulho”, contou a moradora da comunidade de Monte Gordo.

Gildevan Dias, neto de Dona Maria, é o criador do Jogo Digital da Cocada, uma ferramenta tecnológica que narra e preserva a história das mulheres que fazem cocadas na comunidade de Monte Gordo.

Gildevan: “Contar a história da cocada é resgatar o meu passado

Para mim, contar a história da cocada é resgatar o meu passado e o da minha família, pois eu também já vendi cocadas para me sustentar e tenho muito orgulho disso”, disse o egresso do curso de Desenvolvimento de Jogos Digitais da UNEB.

programação da atividade contou com mesas temáticas sobre empreendedorismo, a relação do mundo do trabalho e as mulheres pretas, e dispositivos em difusão do conhecimento aplicados na produção do conhecimento científico.

O evento também reservou oficina sobre justiça restaurativa e marcas coletivas, roda de conversa, encontro com professores do Colégio Estadual Monte Gordo, atividade cultural e musical, visita guiada à exposição Saberes e Fazeres.

A iniciativa foi realizada em parceria entre a UNEB, Colégio Estadual Monte Gordo, comunidade do distrito de Monte Gordo, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb).

Texto e fotos: Danilo Cordeiro/Ascom