A UNEB homenageou os 50 anos de iniciação de Mameto Lembamuxi, líder espiritual do Terreiro Tumbenci, um dos mais tradicionais do Candomblé de nação Congo-Angola no Brasil, localizado no bairro de Tancredo Neves (antigo Beiru).
Inciativa da Assessoria Especial de Cultura e Artes (Ascult) em parceria com a Assessoria de Comunicação (Ascom) e apoio da Reitoria da universidade, a cerimônia foi realizada na tarde de ontem (30), no Teatro UNEB, Campus I, em Salvador, com a presença de diversas lideranças e membros de comunidades e instituições de matriz africana, além de convidados de órgãos públicos do estado e município, docentes e pesquisadores.
A reitora Adriana Marmori enviou mensagem em vídeo, devido à sua impossibilidade de comparecer, por motivo de agenda externa.
“Parabéns à sacerdotisa Mameto Lembamuxi pelo cinquentenário de iniciação, por sua longa luta na defesa do Tumbenci. Sintam-se todas e todos em casa aqui na UNEB, uma universidade que se reconhece no antigo quilombo do Cabula e que traz uma trajetória marcada de diálogo com os povos negros de Salvador, da Bahia e do país. Contem sempre com a UNEB, vamos continuar construindo esse diálogo profundo com as casas de terreiro e com os povos originários”, disse a reitora.
Nascida Guerena Passos Santos, Mameto Lembamuxi tinha 24 anos de idade quando assumiu a liderança espiritual do seu terreiro, herdado de sua tia-avó Maria Neném.
“Agradeço a esta universidade pelo acolhimento e, em especial, à reitora Adriana Marmori e toda sua equipe pela homenagem. Respiro o ar do Tumbenci desde que nasci, com respeito, carinho, dedicação e humildade. Ali eu me casei, ali pari meus filhos e ali eu vou morrer. Sou grata por tudo que meu santo está recebendo aqui. Esta universidade está assentada em cima de um terreiro de candomblé. Só tenho a agradecer a vocês”, destacou Mameto Lembamuxi.
Saudando os presentes e agradecendo o trabalho de sua equipe, a assessora especial Nelma Aronia (Ascult) ressaltou que “nos preocupa muito a preservação desse patrimônio cultural que são os terreiros de candomblé; estamos aqui disponíveis para acolher toda proposta que vise preservar a cultura dos povos de matriz africana”.
No início da solenidade, foi exibido o documentário “Cá te espero no Tumbenci – saberes e fazeres“, da pesquisadora e servidora da UNEB Hildete Costa, baseado em sua tese de doutoramento.
“Fui muito bem acolhida por Mameto, uma mulher de caráter maravilhoso, e por toda a comunidade do Tumbenci, para fazer minha tese. Quem bate nas portas daquele terreiro não sai sem um agrado, sem um direcionamento de vida”, afirmou, emocionada, Hildete Costa, acrescentando que “agora estamos lutando para conseguir o registro no Ipac (Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia) do Tambenci como patrimônio cultural afro-brasileiro“.
Dirigindo-se diretamente à sacerdotisa, a etnolinguista e docente da UNEB Yeda Castro salientou que “foi um grande presente participar desta homenagem, a senhora sempre foi uma guia para mim e uma grande incentivadora“.
Compuseram a mesa da cerimônia também as professoras e pesquisadoras da UNEB Francisca de Paula, que coordena o projeto Turismo de Base Comunitária no Cabula e entorno (TBC Cabula), e Janice Nicolin, fundadora da Associação Artístico-cultural Odeart e Pesquisadora do Quilombo Cabula; o chefe de gabinete da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Alexandro Reis, que representou o governo do estado; o presidente do Conselho Municipal das Comunidades Negras (CMCN), Evilasio Bouças; a coordenadora do Centro Social Urbano (CSU) do bairro de Narandiba, Cláudia Rejane, além de lideranças de comunidades do Candomblé Congo-Angola.
Conduzida por Adriano de Andrade, da Ascult, a cerimônia teve ainda a apresentação musical de Gabas Machado e do grupo Mãos no Couro.
Texto: Toni Vasconcelos/Ascom. Fotos: Danilo Cordeiro/Ascom.