“Universidade Pública: Gestão e Produção Acadêmico-Científica”. Esse foi o tema que norteou a Formação de Diretoras e Diretores de Departamento da UNEB para Gestão (biênio 2024-2026), realizada nesta semana (19 a 22 de fevereiro), em Salvador.
O evento visou proporcionar discussão, interpretação e reflexão quanto ao processo da gestão universitária, em especial no âmbito do departamento, mediante a abordagem de temáticas pertinentes a processos acadêmicos e administrativos, considerando as dimensões política, organizacional e social da gestão educacional, sob a orientação da legislação nacional e legislação estadual relativa à educação superior e das normativas institucionais.
Além de reunir os diretores de departamento, o evento contou com a participação de gestores da universidade. Estiveram presentes nas atividades a reitora Adriana Marmori, e a vice-reitora Dayse Lago.
“Tivemos um encontro com as diretoras e diretores de departamento que vieram pensar junto com a administração central o fortalecimento da nossa UNEB. Momentos excepcionais de trabalho em grupo, de convergência para a máxima que nos torna a universidade, que é pensar os nossos estudantes dentro da instituição. De que forma podemos fazer que a universidade pública atue fortemente na formação dos nossos discentes, como também na produção científica e na extensão universitária. É um momento de grande imersão e de muito trabalho, mas também de muito aprendizado e quem ganha é a comunidade acadêmica e sociedade baiana e brasileira”, ressaltou a reitora Adriana Marmori.
Para a vice-reitora, Dayse Lago, o encontro sobre a formação de diretoras e diretores é uma oportunidade para promover experiências e trocas entre os gestores. “A reflexão sobre a gestão de uma universidade multicampi como a UNEB é fundamental. A escuta atenta dos diretores e o entendimento das questões do cotidiano são essenciais para uma gestão universitária mais qualificada”, disse.
Presente no encontro, o diretor eleito para o Departamento de Ciências Exatas e da Terra (DCET) do Campus I da universidade, Djalma Fiuza, salientou que o evento torna-se um momento oportuno para integração e aprendizado para os gestores da universidade.
“É uma formação que perpassa as questões de ordem técnica e que deve ser mantida, deve ser uma continuidade de gestão, mas a gente lida também em discutir questões das regulamentações institucionais, lida com o perceber a universidade nas suas diversas facetas que assume nos variados departamentos, naquilo que nos aproxima, naquilo que é particular de cada departamento. Então, eu vejo que é um momento muito rico desta integração e aprendizado entre os diretores e gestores da universidade”, contou o gestor.
Reeleita diretora do Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias (DCHT) do Campus XXI, em Ipiaú, Izabel Cristina Dias ressalta que “os processos formativos contribuem para competência técnica e aprendizado do gestor na condução do departamento”, afirmou.
Extensa programação
Durante quatro dias de atividades, o evento reservou extensa programação como rodas de conversa e debates, destaque para a palestra sobre o tema “Universidade Pública: Gestão e Produção Acadêmico-Científica”, que teve as participações das reitoras da UNEB, Adriana Marmori, e da Universidade do Estado do Rio Grande Norte (UERN), Cicília Maia.
“O papel da universidade pública para o desenvolvimento do país é muito significativo. Para que tenhamos uma instituição forte, é necessário que todos que a compõem precisam estar fortes. É necessário que se promova o diálogo, a conversa e a troca de experiência. Enquanto gestores, é nossa função também nos debruçarmos nos documentos institucionais da universidade e nas legislações especificas voltadas para a educação superior pública. Precisamos entender que a universidade é um espaço que precisamos discutir, refletir e de nos posicionar. A sociedade que nós merecemos e desejamos, ela passa por discussões dentro da academia”, pontuou Cecilia Maia.
A reitora da UNEB Adriana Marmori frisou que a formação traz a oportunidade de refletir profundamente sobre a gestão universitária. “Dentro da história, o processo de gestão foi se modificando assim como a própria sociedade. Então, nós tínhamos antigamente um modelo muito pautado no conceito de administração, de você contornar as situações dentro daquele campo e isso foi se aprofundando, aprimorando, com a própria reflexão mesmo a partir da prática e chegamos ao conceito de gestão. A palavra gestão é como algo mais amplo que abarca outras direções não só na administração em si. Hoje usamos muito o termo governança um aprimoramento do conceito de gestão no sentido de observar a governança como algo que há um governo a favor”, analisou a reitora.
No segundo dia do encontro, os gestores dos departamentos da universidade prestigiaram a palestra “Prevenção e Enfrentamento ao Assédio Moral e Sexual”, ministradas pela juíza do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), Ana Conceição Barbuda e a professora Isabela Leal.
Ana Barbuda destacou em sua fala o ciclo de aprisionamento que a prática assediadora instaura nas instituições, em que pesquisas apontam que o sujeito assediado é um potencial assediador. “Desse modo se faz necessário restaurar todo o ambiente de relações a partir de práticas empáticas. Não se trata apenas de punir, mudar o sujeito de setor, mas de enfrentar as questões enraizadas que estão diretamente associadas à prática assediadora, que são o abuso de poder, o racismo, a misoginia”, explicou a palestrante.
Representando a Comissão de Prevenção ao Assédio e outras discriminações do TJ-BA, a docente Isabela Leal apresentou os diferentes tipos de assédio moral e sexual que agridem a dignidade humana. Ela aproveitou para destacar modalidades assediadoras novas que vem surgindo com a extensão das relações de trabalho para o mundo tecnológico, como o stalking (prática de perseguição digital tipificada criminalmente) e as mensagens de trabalho enviadas em redes sociais no período de descanso do trabalhador. Na oportunidade foi distribuída dos gestores da UNEB uma cartilha de combate ao Assédio Moral e Sexual produzida pelo TJ-BA.
O terceiro dia de atividades reservou a palestra “Responsabilidade fiscal e o papel do agente público”, que foi proferida por Inaldo Araújo, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE-BA). O palestrante destacou o papel pedagógico do Tribunal de Contas para as instituições públicas.
“O Tribunal de Contas é um parceiro da administração e a nossa função é basilar, está inclusive em nosso plano estratégico de orientar a administração. Então, quanto mais encontros como este, quanto mais técnicos no tribunal que devem ingressar no universo da universidade, quanto mais técnicos da universidade que possam visitar o tribunal para trocar essas experiências, trocar essas suas ideias, cresceremos juntos”, afirmou.
A atividade também contou com cases e debates sobre os setores acadêmicos e administrativos da universidade. A formação ainda também teve a mesa-redonda “Bahia, UNEB e Gestão Pública em Dados”, proferida pelo representante do IBGE, Francisco Brito.
Texto: Danilo Cordeiro e Leandro Pessoa/Ascom. Fotos: Danilo Oliveira/Ascom