Hoje (23), as bandeiras estão a meio mastro na UNEB. A comunidade acadêmica permanece consternada com a irreparável perda do primeiro reitor da instituição, Edivaldo Machado Boaventura.
Em reconhecimento à sua efetiva atuação em defesa da educação pública e de qualidade e em prol da interiorização do ensino superior, a Reitoria da universidade decretou luto de sete dias e a suspensão das atividades no período vespertino desta quinta-feira, para que a comunidade acadêmica possa comparecer ao sepultamento.
A Universidade do Estado da Bahia registra os seus votos de solidariedade e condolências à pró-reitora de Planejamento (Proplan) da instituição, Lídia Boaventura, filha de Edivaldo, e os estende aos demais familiares e amigos pela imensurável perda.
Realização da vida
Enquanto secretário estadual da Educação (SEC), entre os anos de 1983 e 1987, foi o responsável por coordenar os esforços para a elaboração do projeto de criação da UNEB, instituição na qual foi o primeiro a exercer o cargo de reitor.
Entusiasta da ampliação do ensino superior para os principais centros urbanos da Bahia, Edivaldo aliou as suas experiências ao pensamento de vanguarda e delineou os primeiros esboços de uma universidade multipolar no estado.
Para tal, levou em consideração os conhecimentos de organização multicampi adquiridos durante estudos nos Estados Unidos, sobretudo na The Pennsylvania State University (Penn State), e no Canadá, na Universidade de Quebec.
Das inspirações nacionais, as universidades paulistas USP, Unicamp e Unesp tiveram destaque para o esclarecimento de que sem o “modelo multicampi tem-se uma duplicação de serviços com várias reitorias ou a não aconselhável faculdade isolada”, como afirmou o próprio Edivaldo.
Assim, Edivaldo Boaventura promoveu a reorganização da educação superior do estado da Bahia e concebeu a UNEB como instituição pública multicampi, de qualidade e popular.
A autorização para o seu funcionamento foi conquistada em 1986, unindo faculdades, esforços e efetivando a interiorização da educação superior na Bahia.
Ícone da Educação baiana
Em discurso na solenidade de outorga do título de Doutor Honoris Causa da UNEB, em 2012, Edivaldo afirmou que “se não tivesse feito outra coisa na vida, já estaria realizado por ter criado a UNEB”. Entretanto, muitas foram as suas realizações acadêmicas, administrativas e políticas.
Protagonista de uma história dedicada à educação, Edivaldo nasceu na cidade baiana de Feira de Santana, em 10 de dezembro de 1933.
Graduou-se em Direito (1959) e em Ciências Sociais (1968) pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), além de ser doutor em Direito e ter obtido a livre docência em Economia Política (1964) pela instituição.
Ainda foi mestre (1980) e Ph.D. em Administração Educacional (1981) pela Penn State, dos Estados Unidos, e pós-doutor pela Universidade de Quebec, do Canadá.
Em sua produção literária se destacam obras como “Problemas da Educação Baiana” (1977), “Pela Causa da Educação e da Cultura” (1984) e “A Educação Brasileira e o Direito” (1997), entre outras. Edivaldo também integrou o conselho editorial de cerca de 10 revistas da área de Educação e Ciências Humanas.
Entre outras conquistas, o escritor presidiu a Academia de Letras da Bahia (2007-2011), foi secretário estadual da Educação em duas gestões (1970-1971 e 1983-1987), e ainda implantou o doutorado em Educação da Ufba.