A conferência de abertura do evento abordou o tema Direito à educação, sujeitos e políticas de EJA. Fotos: Cindi Rios
Centenas de pessoas, entre professores, pesquisadores e estudantes, participaram, na última quarta-feira (30), da abertura do VI Encontro Internacional de Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos (ALFAeEJA), no Teatro UNEB, no Campus I da universidade, em Salvador.
O evento, promovido pelo Programa de Pós-graduação do Mestrado Profissional em Educação de Jovens e Adultos (MPEJA), buscou9 ampliar o debate e a difusão do conhecimento sobre a alfabetização e educação de jovens e adultos, com foco nas discussões contemporâneas, enfatizando os direitos humanos, inclusão e igualdade social.
A mesa solene contou com a presença de gestores da universidade, autoridades e pesquisadores da área.
Mediado pelos professores Patrícia Lessa e Antônio Pereira, a conferência de abertura Direito à educação, sujeitos e políticas de EJA, foi proferida pelos docentes Stéphanie Gasse (Universidade de Rouen) e Leôncio Soares (UFMG).
Em sua pesquisa sobre Direito à educação do sujeito no processo de alfabetização e educação na África Subsariana, Gasse relatou que, a partir da década de 1960, iniciou-se um processo de mudança no sistema educacional da região.
“Historicamente, o sistema educativo da África subsaariana pertenceu à herança colonial francesa. A partir da década de 1960, inicia-se um processo de política educacional de ensino não-formal, mais próxima da comunidade local, de modelo participativo e democrático. As organizações não-governamentais tiveram papel fundamental nesse processo, devido as dificuldades financeiros dos países da região e extrema pobreza”.
Leôncio destacou que a educação de jovens e adultos é direito de todos, prevista na Constituição de 1988, mas que essa regra não é incorporada, na medida das demandas do público atendido.
“No Brasil temos 60 milhões de brasileiros que não concluíram o ensino fundamental. Isso demonstra o desgaste e desafio para a nação e nas vidas dessas pessoas, que não estão inseridas na escola. Historicamente, temos um país marcado pela desigualdade social e injustiça. Tivemos um período curto de avanços na educação, mas, atualmente estamos vivendo um processo de retrocessos e desmontes”.
A importância de Paulo Freire na EJA
Edvaldo voltou a estudar aos 37 anos através do programa EJA.
Participaram da mesa de abertura do evento, a assessora-chefe da reitoria da UNEB, Dayse Lago, a coordenadora do programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA), Isadora Sampaio, a coordenadora do Fórum EJA, Marlene Faria, a gerente do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac-BA), Italany Barbosa, secretário de Educação de Itaparica, Matheus Albergaria.
Com o tema A educação como prática da liberdade: O legado de Paulo Freire na contemporaneidade, a coordenadora do evento, professora Patrícia Lessa salientou que a memória de Paulo Freire “é uma esperança para o país, na luta por justiça social e por uma educação mais libertadora”.
Representando o reitor da universidade José Bites de Carvalho, Dayse Lago destacou a importância do evento. “Este é um tema muito especial ao qual a UNEB se une para promover conhecimento e debates a cerca da educação de jovens e adultos. Um assunto infelizmente esquecido em nossa sociedade”, pontuou.
Com 10 anos de existência, somente na rede estadual, o programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) atende 121 mil estudantes na Bahia. De acordo com a coordenadora Isadora Sampaio, é preciso mudanças no atual sistema do programa.
Banda filarmônica União dos Artistas de Bom Jesus dos Passos se apresentou na abertura do evento.
“A educação de jovens e adultos foi construída com base nos ideais de Paulo Freire. É algo muito especial para nosso estado e que não pode ser abandonada. Por isso, estamos dialogando com a universidade, o fórum EJA e a secretaria da Educação para reestruturar a EJA, trazendo novos elementos da contemporaneidade, sem deixar a base freiriana”, explicou a coordenadora.
Em uma declaração emocionada, o estudante da EJA, Edvaldo da Paixão, revelou que aos 13 anos abandonou os estudos para trabalhar e aos 37 teve a oportunidade de voltar a estudar através do EJA. “Percebi que era importante o retorno à sala-de-aula. A educação nos concede dignidade e reconhecimento social”, declarou o aluno, que recentemente concluiu o ensino fundamental pelo programa.
A programação do evento seguiu até esta sexta-feira (1º) e reservou palestras e mesas de debates, além de lançamento de livros, minicursos, apresentação de trabalhos, relatos de experiência. e atividades culturais.