Discentes, professores, técnicos administrativos e comunidade externa prestigiaram o evento. Fotos: Cindi Rios/Ascom
Para além da importância dos atrativos gastronômicos para o turismo na Bahia, a comunidade acadêmica teve a oportunidade de, na última sexta-feira (17), descobrir detalhes das relações, harmônicas ou não, que consolidaram a rica cultura culinária do estado.
As relações das populações tradicionais com o alimento foram destacadas por Carlos Eduardo
Durante o evento Gastronomia Baiana como Atrativo Turístico, promovido no Campus I da UNEB, em Salvador, houve espaço para a mistura entre as referências históricas do sertão, do recôncavo e do litoral.
“Se não compreendermos o que foi a presença tupinambá no litoral e no recôncavo, e de que forma eles empurraram os tapuias para o sertão, não vamos entender a diversidade baiana”, ressaltou o pesquisador da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas (Proaf) da universidade, Carlos Eduardo Santana.
O professor frisou ainda que um dos principais elementos de fixação das populações indígenas na região do litoral e do recôncavo foi a mandioca e os seus derivados, como a farinha.
Após a contextualização, o chefe de cozinha Alicio Charoth salientou a importância de catalogar, registrar e valorizar a nossa cultura e quem a consolidou, para que possamos “mostrar o leque de abrangência da nossa culinária e da nossa cultura gastronômica”.
Alicio Charoth: “A culinária baiana, entre as brasileiras, é a mais internacional”
“A culinária baiana, entre as brasileiras, é a mais internacional. E, ainda hoje, podemos observar que ela é reduzida ao dendê ou a um mini receituário. Muitos dos pratos da Bahia têm uma base matricial muito forte”, destacou Alicio.
Mulheres na cozinha
A relevância das contribuições femininas para o desenvolvimento da cultura gastronômica baiana e dela enquanto identidade do seu povo também esteve em pauta durante a iniciativa.
De acordo com Cláudia Cristina Lima, cozinheira e produtora de eventos, a mulher negra substituiu a indígena na cozinha, sobretudo, pelas técnicas e conhecimentos adquiridos ainda na África, no exercício de sua fé religiosa.
“A primeira mão-de-obra de cozinheiras nasceu sob a condição escrava, de trabalho compulsório, não remunerado. E isso traz essa herança de submissão e de invisibilidade para o mercado de trabalho ainda hoje”, avaliou Cláudia, frisando que o empoderamento e o devido reconhecimento só será conquistado por meio de articulações, conhecimento histórico e trabalho.
Ainda houve espaço para o debate sobre a importância das mulheres enquanto mantenedoras culturais a partir da culinária e enquanto articuladoras insurgentes da aculturação promovida pelos colonizadores, proposto pela comunicóloga e gastróloga Lilian Almeida.
Cláudia Cristina: busca pela conquista do empoderamento e do reconhecimento
O evento foi promovido por estudantes do quinto semestre do curso de Turismo e Hotelaria ofertado pelo Departamento de Ciências Humanas (DCH) do Campus I da UNEB, em Salvador.
Discente do sétimo período, Matheus Motta prestigiou a iniciativa e celebrou pela manutenção da cultura de promoção de eventos e integração entre cursos e comunidades acadêmica e externa na graduação.
“Aqui está sendo discutido não só o turismo, estamos falando de gastronomia, de cultura, de turismo, de gente, que é o que a universidade tenta trabalhar o tempo todo. Então, estamos integrando pessoas da comunidade acadêmica, de diversas áreas, além da comunidade que está ao redor da universidade”, destacou o estudante.
O evento também contou com apresentações culturais e de pratos típicos da culinária baiana. Houve também exposição e comercialização de artesanato produzido com produtos orgânicos.
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