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Ascom Entrevista: “Ecossocioeconomia: uma gestão que privilegia outra economia” (Carlos Sampaio/FURB)

De acordo com recomendações da Organização Mundial do Turismo (OMT), o Turismo pode ser definido como “atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e permanência em lugares distintos dos que vivem, por um período de tempo inferior a um ano consecutivo, com fins de lazer, negócios e outros”.

Mas, e se extrapolarmos esse conceito e passarmos a pensar não apenas no turista, mas também nas comunidades que os recepcionam? E se a própria comunidade pudesse empreender esforços e deliberar coletivamente sobre os seus projetos e atrativos? E se, solidariamente, todos que compõem essa rede, e mesmo os que não compõem, pudessem ser beneficiados por suas ações?

Todos esses questionamentos estão sendo feitos por pesquisadores brasileiros e estrangeiros que se debruçam sobre as Ciências Ambientais e sua relação com o Turismo, e que trabalham com conceitos como o de Ecossocioeconomia.

As respostas ainda estão em construção e nos levam a temas como o Turismo de Base Comunitária e a Economia Solidária, como manifestações dessa “outra forma de pensar a Economia”.

Um desses pesquisadores é Carlos Alberto Cioce Sampaio. Administrador, mestre e doutor nas temáticas planejamento e gestão organizacional para o desenvolvimento sustentável e pós-doutor em Ecossocioeconomia, ele coordena o Núcleo de Ecossocioeconomia (NEcos), da Universidade Federal do Paraná (Ufpr), e é docente da Fundação Universidade Regional de Blumenau (Furb).

O professor foi um dos convidados do VIII Encontro de Turismo de Base Comunitária e Economia Solidária (ETBCES) da UNEB, realizado nos dias 9, 10 e 11 de julho, no Campus I da Universidade, em Salvador. Ele ministrou a conferência de abertura do evento, intitulada “Ecossocioeconomias: um conceito em construção”.

Em entrevista concedida à Assessoria de Comunicação (ASCOM) da UNEB, Carlos Sampaio apresentou detalhes de ideias relacionadas ao conceito, sob a denominação de Turismo de Base Comunitária, diferenças entre a proposição e como atua a Indústria Convencional do Turismo, e ainda avaliou a experiência do projeto da universidade Turismo de Base Comunitária no Cabula e Entorno (TBC Cabula), o qual considerou de “vanguarda”. Veja abaixo:

Assessoria de Comunicação (ASCOM): O conceito de Ecossocioeconomia é tão difícil de ser compreendido como é para ser pronunciado?

Carlos Alberto Cioce Sampaio (CACS): A Ecossocioeconomia é um conceito não muito amigável. Justamente por isso, sempre uso como sinônimo: uma gestão que privilegia uma outra economia. As Ecossocioeconomias são experiências que acontecem no cotidiano.

Normalmente, elas não são experiências de construções teóricas. Mas, que acontecem, muitas vezes, para que seja solucionado algum problemas em comum.

ASCOM: Existem diferenças reais entre a Ecossocioeconomia e a promoção de boas práticas nas comunidades?

CACS: Ainda que as boas práticas sejam muito bem vindas, a diferença é que elas não funcionam em rede e não tem um fôlego, como já pode ser observado nas experiências de Ecossocioeconomias.

A Ecossocioeconomia pode ser entendida como um conjunto de boas práticas que, entretanto, funcionam em rede e que não beneficiam só as pessoas que compõem a rede, mas o território.

A crítica que se faz à Economia Convencional é que, normalmente, quem é beneficiado são aqueles que praticam as experiências. A ideia da Ecossocioeconomia é de beneficiar também aqueles que não necessariamente participam das experiências.

ASCOM: Você poderia melhor explicar e exemplificiar, se possível, as três modalidades de agir que, segundo seus trabalhos, caracterizam a Ecossocioeconomia?

CACS: Esses três termos são também não muito amigáveis.

Primeiro Princípio: o agir interoganizacional consiste na formação de redes, acordos e arranjos.

Me valendo da resposta anterior, é um conjunto de boas práticas que constituem, essencialmente, uma rede. É um pouco do princípio do Alcoólatras Anônimos (AA): você não larga uma dependência sozinho, você larga quando se sente parte de um movimento maior.

Segundo Princípio: o agir extraorganizacional diz que as redes não podem se autobeneficiar apenas. Mas, tem que beneficiar também as pessoas que vivem no território. Então, não é pelo fato da pessoa não participar da rede, que ela não pode ser beneficiada. Essa é uma lógica importante.

Terceiro Princípio: a ação extrarracional é o respeito pelos saberes e tecnologias locais. A percepção de que as pessoas que vivenciam o problema podem, elas próprias, ter as soluções, mas, às vezes falta o recurso.

É um pouco a ideia de Mohammed Yunus, ganhador do Nobel da Paz, do trabalho com microcrédito. Ele defende a ideia de que as pessoas vulneráveis socioeconomicamente têm as soluções e não tem acesso aos recursos que possibilitam a resolução desses problemas.

ASCOM: No artigo “Turismo como fenômeno humano”, você afirma que a ecossocioeconomia sob a denominação do Turismo de Base Comunitária consiste em um divisor de águas. O que justifica essa afirmação?

CACS: Acredito que a Ecossocioeconomia seja um divisor de águas, porque nela a comunidade arregaça as mangas para construir a concepção de turismo que mais lhe favorece. O próprio nome diz: Turismo de Base Comunitária. Diferente do que normalmente acontece, já que o Turismo tradicional costuma ser pensado por empreendedores que têm pouca identificação com as comunidades.

ASCOM: Existe algum ponto de intercessão entre a Ecossocioeconomia e o investimento de grandes empresas privadas?

CACS: Pela minha formação, que é de administrador, tenho uma entrada no mundo empresarial. Então, eu conheço tanto o lado bom, quanto o ruim. Como também existe nas outras esferas de poder. O mundo comunitário não é só um mar de flores.

Eu, já de antemão, não reconheço as experiências empresariais como Ecossocioeconomia. Mas, eu reconheço que algumas são interessantes, como por exemplo a da linha de produtos da Natura que se chama Natura Ekos.

Normalmente, as fábricas das indústrias de cosméticos ficam localizadas no Sul e no Sudeste do Brasil. A Ekos montou a base em Belém, no Pará, onde a matéria prima que compõe a linha é extraída por associações de moradores que vivem na Floresta Amazônica. É uma iniciativa muito interessante, mesmo não sendo isenta de críticas.

Não chamo de Ecossocioeconomia na sua íntegra, porque a racionalidade empresarial é econômica. Mas, eu não nego a importância que essas experiências têm, e é isso que eu chamo de transitoriedade entre uma Economia Convencional e uma Ecossocioeconomia.

Faço esforço para não ter preconceito e logo achar que essas experiências tem algo por trás, porque não é finalidade da empresa o bem comum. Talvez, o bem comum dos sócios. Mas, há algumas iniciativas interessantes.

ASCOM: Quais as principais diferenças entre o Turismo Comunitário e o Turismo de Base Comunitária?

CACS: Em sua tese, a professora da UNEB Francisca di Paula, que é coordenadora do VIII ETBCES, apresenta essas diferenças. O Turismo Comunitário, ainda que seja um nome muito simpático e progressista, se apropria dos modos de vida da comunidade ofertando esses modos para o visitante.

Já o Turismo de Base Comunitária, enquanto manifestação da Ecossocioeconomia, é construído pela própria comunidade, e ela é quem determina o que deve ser apropriado ou não. Então, são dois nomes muito próximos, mas de concepções conceituais bem diferentes.

ASCOM: Em comunidades tão diversas e historicamente marginalizadas, como as do entorno da UNEB, que tem aproximadamente 500 mil moradores, é possível estimular a cooperação, o planejamento e o trabalho integrado?

CACS: A maior parte das experiências de Turismo de Base Comunitária é registrada em regiões costeiras, rurais. Os registros em regiões urbanas são poucos. Então, o que faz a experiência do Projeto TBC Cabula importante, uma referência, é o contexto urbano.

Não é um trabalho fácil, porque os muitos atores envolvidos têm visões de mundo diferentes. Mas, defendo que o que faz possível o diálogo é o bem comum para a comunidade. Não importa os meios, alguns mais democráticos outros menos, mas o fim é o bem comum. Isso me parece que é o que faz da experiência do Cabula ter essa vitalidade. Estamos no oitavo encontro!

ASCOM: Qual a importância da consolidação da Ecossocioeconomia e do Turismo de Base Comunitária como pautas de uma universidade como a UNEB?

CACS: Essas experiências que são denominadas Ecossocioeconomias muitas vezes não surgem de um conceito teórico e inovador. Elas surgem porque as comunidades que vivem o problema, desassistidas pelo Estado, fazem com que essas experiências possuam elementos que não necessariamente as teorias conhecidas e trabalhadas nas universidades possam dar conta.

Então, a dificuldade maior é que essas experiências inalam elementos novos e daí a importância de você ter um projeto de pesquisa sistêmico e que respeita a emergência dessa sabedoria local e dos conhecimentos tradicionais, de maneira que você possa incorporar no repositório de teorias. Me parece muito apropriado realizarmos dissertações de mestrado e teses de doutorado, porque são pesquisas de fôlego.

Pelo que soube, boa parte dos alunos que aqui estudam moram na região. Aqui temos uma solução muito simples de envolver a universidade na comunidade em que ela está instalada.

Nas universidades existem muitas iniciativas diferentes, que muitas vezes estão pulverizadas. Então, é importante discutir esses temas, porque o que falta é uma maior integração. A ideia é que o espaço onde a universidade está funcione como um cimento, que associa e agrega os esforços pulverizados.

Assim, eu enalteço o trabalho do TBC Cabula, porque parte também de uma visão a partir de processos de ensino-aprendizagem. Então, não é um projeto de intervenção de uma universidade que tem muito conhecimento e tem muito a ensinar a comunidades que pouco sabem.

ASCOM: Dentro da ideia do deslocamento transitório, como incentivar o envolvimento dos turistas com os projetos comunitários de forma não apenas pecuniária?

CACS: Acredito na abordagem da educação. O enfoque da educação é chave, porque o que está associado hoje à ideia de tempo produtivo, é como ele é remunerado.

Como se o tempo produtivo não remunerado não fosse digno. Então, as pessoas muitas vezes não investem o seu tempo em produção coletiva, porque não é remunerada. Um exemplo: as pessoas não participam de reuniões de associação porque, em uma visão míope, é como se fosse uma perda de tempo.

Na verdade, não tem uma solução fácil. Precisamos reforçar um processo de cidadania ativa, em que a ideia de você ser um liderado é tão boa como a de ser líder.

Então, é um processo de formação de longo prazo, em que a universidade tem um papel importante, até para repensar um pouco os seus currículos. Porque, por vezes, uma boa aula pode se dar fora da sala, em ações e projetos como o TBC Cabula.

ASCOM: Proponente de novas formas de pensar o Turismo, através de um enfoque complexo-sistêmico, transdisciplinar e que valorizem os entendimentos das Ciências Ambientais, como você avalia a oferta dos cursos de Turismo e Administração?

CACS: Hoje, os cursos de Turismo no Brasil vivem uma crise. Muitos cursos fechando, pelo menos nas regiões Sudeste e Sul. Mas, o que eu percebo é que a Indústria Convencional do Turismo acaba gerando subempregos. Muitas profissões meritórias, mas muito mal remuneradas. Então, os jovens não se sentem tão atraídos.

O que me parece é que os cursos de Turismo poderiam repensar um pouco a grade curricular e favorecer um curso muito mais voltado para a construção de políticas públicas e, inclusive, para a concepção do Turismo de Base Comunitária. Sobretudo, por ser um curso transversal e que promove uma mescla da Economia, da Sociologia e da Ciência Ambiental. Seria oportuno repensar sob essa perspectiva.

Inclusive, algo muito polêmico para mim que sou da área de Administração, é que seria importante repensar a ideia de empreendedorismo. Talvez, repensar no sentido de um socioempreendedorismo.

Pensar não só no empreendedorismo individual, mas em um que seja coletivo e que favoreça o território. Que favoreça as pequenas escalas. Porque um grande problema de agências e estatais é que elas enxergam o bom empreendedor apenas naquele que pensa em escala maior de produção. Como se a pequena escala não fosse meritória.

Para informações sobre experiências de Ecossocioeconomias já implementadas no Brasil, sugerimos o artigo “Turismo como Fenômeno Humano: princípios para pensar a ecossocioeconomia do turismo e sua prática sob a denominação turismo comunitário”, do autor.

Ascom Entrevista: Jaci Menezes (Grupo de Pesquisa Memória da Educação na Bahia)

Wânia Dias
Núcleo de Jornalismo
Assessoria de Comunicação

A história da UNEB se entrelaça com a da educação superior baiana. Todo o processo que culminou na criação da universidade foi resultado de movimentos e lutas pela implantação do ensino superior no estado, vinculados à ideia de que o desenvolvimento econômico e social nordestino estava fortemente articulado ao desenvolvimento educacional.

Desde a criação da Faculdade de Agricultura do Médio São Francisco (Famesf), em 1960, até a decisão de articular todas as unidades de ensino superior criadas nos diversos territórios de identidade da Bahia, se passaram mais de duas décadas. Nesse período, a educação baiana foi se transformando, se expandindo e se consolidando com o trabalho e suor de muitos. Esforços que resultaram na institucionalização da UNEB, em 1983.

Neste dia 1º de junho de 2016, a universidade completa 56 anos de história e 33 de institucionalização. Para comemorar a data, a Assessoria de Comunicação (Ascom) da instituição convidou a professora Jaci Menezes para contar essa história, que se confunde, inclusive, com sua própria trajetória de vida, já que a educadora dedicou décadas de trabalho e luta à educação baiana, sendo 31 anos em atividade na UNEB.

Coordenadora do Grupo de Pesquisa Memória da Educação na Bahia e coautora de um detalhado estudo sobre a universidade e a educação baiana, Jaci nos concedeu extensa entrevista em que contextualiza historicamente o processo de criação da UNEB, relacionando-o com o desenvolvimento socioeconômico e cultural do estado com referências que remontam o período colonial.

  • Veja entrevista na íntegra:

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO (ASCOM) – Qual era o contexto econômico, social e político que embasou os movimentos de luta pela educação superior na Bahia?

JACI MENEZES – Vamos por partes. O processo que culminou na decadência da economia baiana, predominantemente vinculada à agroindústria do açúcar, se inicia lá atrás, a partir da metade do século XIX,  quando as províncias da Região Nordeste, falidas, começam a vender os seus escravos às províncias do Sul, em especial São Paulo e Minas Gerais, com o início da lavoura do café. Para essas regiões também se dirige, mais fortemente, o fluxo imigratório –  a imigração era vista pelos proprietários paulistas como solução e caminho com a abolição da escravatura, sendo inclusive subsidiada pela província de São Paulo e depois pelo governo imperial.

Nesse contexto, com o objetivo de capacitar esses imigrantes, o governo imperial cria escolas agrícolas: uma em Campinas (SP), na região do café, e outra na Bahia, em São Bento das Lages, na região açucareira, próxima a Santo Amaro. Essas escolas representam um marco importante no que se refere ao desenvolvimento da educação no país e, consequentemente, na Bahia.

Dando um salto na história, em 1925, o governo Góes Calmon  articula um plano de desenvolvimento para a Bahia. O então secretário de Educação, Anísio Teixeira, preocupado em ampliar a oferta de Educação Básica, busca a expansão da educação primária e do sistema de formação de professores, fortalecendo a Escola Normal de Salvador, reinstalando a Escola Normal de Caetité e criando a de Feira de Santana. Das três, apenas a de Salvador não esteve, nem está hoje, vinculada a uma universidade.

Nesse ínterim, a Escola Agrícola de São Bento das Lages foi estadualizada e o governo Calmon propõe a sua transferência para Salvador, o que acontece já na década de 1930. A escola inicialmente funcionou em Monte Serrat e depois na Ondina, onde outras escolas superiores já existiam, a exemplo da Faculdade de Medicina Veterinária, hoje Universidade Federal da Bahia (Ufba).

ASCOM – Os primeiros movimentos da Bahia voltados para a educação superior culminaram na criação da Universidade Federal da Bahia. Em que momento esses movimentos identificaram a necessidade de interiorizar o ensino superior?

JACI – A criação da Ufba é resultado de um forte movimento da Bahia como um todo. Reúne esforços de todos os lados e contou com apoio da bancada de deputados constituintes. Contudo, o Decreto-Lei que a criou limitava a sua ação a Salvador. Após sua criação, começam a surgir pressões pela organização e expansão do sistema público de ensino superior para o interior do estado da Bahia.

Historicamente, existia na Bahia uma tensão entre interior e capital pelo domínio do poder político do estado, consubstanciado nas ações do governo, inclusive na área da educação. Em meio a esse turbilhão, surge, em 1960, a Faculdade de Agricultura do Médio São Francisco (Famesf), em Juazeiro, como resultado de movimento de estudantes concluintes do ensino médio e sua pressão sobre a Assembleia Legislativa do Estado. É a primeira unidade estadual a se formar. Diria que a sua criação está vinculada a todo o movimento de desenvolvimento do Vale do São Francisco, que propõe a regularização da navegação no Rio São Francisco, a criação da Chesf e da barragem do São Francisco, em Paulo Afonso, e a implantação da agricultura irrigada.

ASCOM– Após a Famesf, outras escolas de ensino superior foram implantadas de acordo com as necessidades econômicas de cada região do estado. Em 1980, foi criada a Superintendência de Ensino superior do Estado da Bahia (Seseb) com o objetivo de agregar e articular essas unidades de ensino. Em que momento e por qual motivo avaliou-se necessário transformar a antiga superintendência em uma universidade multicampi?

JACI – O período de Navarro de Britto como Secretário da Educação, no governo de Luís Vianna, inicia ações para a expansão do ensino superior, com a  criação, em 1969, da Universidade de Feira de Santana. Em 1971, foi promovida uma avaliação das Escolas Superiores então existentes. Diagnostica-se, então, a necessidade da unificação das formas de recrutamento e remuneração dos professores. Nessa época, a Coordenação das Escolas Superiores era feita pelo Departamento de Ensino Superior e Cultura, função que depois passou a ser da Seseb.

A Superintendência articulava e coordenava a Faculdade de Agronomia do Médio São Francisco (Famesf), em Juazeiro, as Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras de Juazeiro (FFCLJ) e Caetité (FFCLC), as Faculdades de Formação de Professores de Alagoinhas (FFPA), Jacobina (FFPJ) e Santo Antônio de Jesus (FFPSAJ) e o Centro de Educação Técnica da Bahia (Ceteba).

Todas as unidades de educação superior eram autarquias e, por isso, tinham o mesmo grau de autonomia que a Seseb, que era vinculada à Secretaria da Educação e Cultura. Ao ser criada a universidade, foi preciso encontrar uma forma para garantir o grau de autonomia universitária dessas instituições. A multicampia ajudou nisso, na sua institucionalização enquanto universidade. São campi diversos, múltiplos, de uma mesma universidade, todos com o mesmo status universitário.

ASCOM – Por que nem todas as unidades de ensino integraram a estrutura da UNEB, como o Núcleo de Educação Superior de Ilhéus, por exemplo?

JACI – Durante o processo de institucionalização da UNEB foi realizado um estudo que definiu as unidades que constituiriam a universidade. Esse estudo contemplou diversos elementos relacionados à economia e à expectativa da comunidade local, por exemplo. Cada região, cada cidade tinha as suas próprias necessidades socioeconômicas. Vou usar o seu exemplo: o núcleo de Ilhéus. A Região do Cacau sempre teve uma luta forte pela criação de sua própria universidade. No governo Luís Viana chegou a ser criada  em Ilhéus/Itabuna, uma universidade, a Universidade do Sul da Bahia, que não foi nunca instalada. Dessa forma, unidades privadas de educação superior se instalam em Ilhéus e em Itabuna. Tratava-se da Federação de Escolas Superiores (Fespi) que, em 1997, passaria a integrar a Universidade Estadual de Santa Cruz, no governo de Waldir Pires.

ASCOM – A UNEB não foi uma universidade criada na capital, que depois se expandiu para o interior. Ela já nasceu no interior. De que modo essa experiência refletiu no formato da instituição, na sua metodologia de ensino e na valorização dos territórios de identidade?

JACI – A Universidade do Estado da Bahia surge do desejo e da luta das diversas comunidades da Bahia, e a sua expansão obedece a essa lógica. É uma instituição criada com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino superior. Uma universidade que nasce do povo, para o povo. A sua concepção foi balizada em  valores como a inclusão e a participação que, inclusive, pautam as ações da universidade até hoje. A multicampia lhe permite ainda um enraizamento na sua comunidade de referência. Os diversos campi da UNEB têm uma grande importância nas cidades onde estão instalados, seus professores e diretores têm apoio e penetração nos municípios e regiões de identidade do estado.  As diversas unidades são requisitadas para ações conjuntas com outros órgãos do governo do Estado e de órgãos federais.

ASCOM – Como a institucionalização da UNEB mudou a face da educação superior baiana? O que mudou do ponto de vista socioeconômico, político e cultural?

JACI – A institucionalização – entendida como a criação da UNEB –estende o estatuto universitário ao conjunto de unidades que já existiam; o que  ajuda no amadurecimento das atividades já desenvolvidas, aprofundando, integrando e expandindo ações de ensino, pesquisa e extensão por todo o estado.

ASCOM– A criação da UNEB foi fruto de um trabalho conjunto, com esforço e suor de muitos. Quem foram os principais responsáveis pela institucionalização da Universidade do Estado da Bahia?

JACI – A UNEB é fruto da ação de todos que nela estudam e trabalham. Passa, às vezes, por muitas dificuldades. Creio que o trabalho a ser feito é de consolidação e de fortalecimento do respeito de que ela goza e de sua relação com as comunidades científicas nacional e internacional. A ideia é que o crescimento da universidade se faz no dia a dia e no trabalho de cada um. Naturalmente, assim como em cada área de conhecimento e de atuação, ela se beneficia sempre dos seus líderes e do seu enraizamento nas comunidades estadual e local.

ASCOM – Desde a sua institucionalização, a UNEB cresceu muito. Foram criados novos campi, novos cursos de graduação e de pós-graduação lato e stricto sensu. Além de ser referência na formação de professores, a UNEB desenvolve pesquisas em diversas áreas do conhecimento como tecnologia (robótica, games educativos), diversificando a sua área de atuação. Esse crescimento, em sua opinião, é qualitativo?

JACI – Sem dúvida. Principalmente no que se refere à criação e instalação dos cursos de pós-graduação, uma exigência da legislação federal, que criou novas demandas e, a partir delas, muitas ações foram e estão sendo realizadas para garantir o fomento a pesquisa e o apoio ao professor pesquisador com a oferta de cursos de pós-graduação para complementar a formação docente e para garantia da divulgação qualificada de seus trabalhos.

É preciso também falar do papel que a UNEB desempenha hoje no sistema de educação superior do Estado da Bahia. A análise dos dados de matrícula tem nos mostrado uma universidade em plena expansão e consolidação, que mantêm e renova sempre o seu compromisso com propostas e demandas de comunidades específicas, como a de indígenas, assentados, quilombolas, sem perder a visão de conjunto. A UNEB está presente na maioria dos territórios de identidade da Bahia, seus alunos são, majoritariamente, oriundos da rede pública de ensino e a sua política de ações afirmativas tem garantido a presença de um número de alunos negros e afrodescendentes maior do que as cotas de 40% estabelecidas por seus programas.

A universidade reforça, em cada ação e projeto, o seu caráter inclusivo e popular, democratizando o acesso à educação superior. Hoje, a demanda é pelo fortalecimento dessas ações, garantindo a sua efetividade.

ASCOM – Tendo em vista o seu processo de criação e o seu expressivo e contínuo crescimento, como você vê a UNEB daqui a mais 33 anos?

JACI – A UNEB já é uma universidade grande. Certamente, o seu caminhar deve ser no sentido do aprofundamento da sua presença no estado e nas regiões, caminhando passo a passo com o crescimento da Bahia e do seu povo.  Já tenho 31 anos de UNEB e tudo o que vi e vivi aqui me dá a certeza de que temos potencial para ir muito mais longe. Desejo à UNEB e a todos que por ela lutam e lutaram vida longa e fecunda.

Ascom entrevista: Eliana Yunes (Cátedra UNESCO de Leitura do Brasil)

Wânia Dias
Núcleo de Jornalismo
Assessoria de Comunicação

Coordenadora da Cátedra Unesco de Leitura do Brasil e idealizadora do Programa Nacional de Leitura (Proler), a professora e pesquisadora Eliana Yunes (PUC-RJ) trabalha com um conceito específico de leitura baseado na interação do indivíduo consigo mesmo e com o outro.

Para ela, ler é mais que decifrar códigos, é compreender o sentido das coisas e do mundo, e suas significações. “A contemplação induz à teorização”, diz.

A pesquisadora acredita que a alfabetização contemporânea é mecanizada e defende que a leitura precisa ser inserida em um novo contexto formativo, mais amplo e contínuo. A ausência da prática da leitura, segundo ela, é um grave entrave para o crescimento do país: “O Brasil que não lê nos custa muito caro.”

Eliana Yunes é uma das convidadas do V Encontro de Leitura e Literatura da UNEB, que acontece entre os dias 9 e 12 de novembro, no Campus I da Universidade, em Salvador. A professora vai ministrar a conferência de abertura do evento, no próximo dia 9, às 16h30.

Em entrevista concedida à Assessoria de Comunicação (ASCOM) da UNEB, Eliana avaliou o atual panorama da leitura no Brasil e falou sobre formação do leitor, sobre novas tecnologias aplicadas à educação, sobre a importância da figura do mediador no processo de letramento e sobre os impactos da alfabetização instrumental no desenvolvimento social, econômico e cultural do país.

Veja entrevista na íntegra:

Assessoria de Comunicação (ASCOM): Quando você fala sobre o ato de ler, você fala de paixão, de emoção, de troca e interação do indivíduo consigo mesmo e com o outro. Quando e em que contexto surgiu seu conceito de leitura?

Eliana Yunes (EY): Ler é antes criar um sentido para as coisas e para o mundo. O texto do mundo tem que ser composto no ato de ler e de configurar uma cosmovisão. Ele se apresenta sob a forma de linguagem, uma entre muitas possíveis: a da língua materna oral e escrita, nas narrativas imagéticas e sonoras; tudo o que o homem cria é uma representação de suas ideias e sentimentos na relação com a natureza e a cultura.

Foi vivenciando a prática da leitura com crianças e com adultos que se foi desenhando o conceito; a contemplação induz à teorização. Assim a partir do trabalho com o Proler em todo o Brasil, procurei confirmar as hipóteses traçadas e disto veio se fundamentando uma tese para a formação do leitor.

ASCOM: Na cátedra, você desenvolve trabalhos que propõem reverter o lugar da leitura, inserindo-a em um contexto formativo mais amplo, superando a alfabetização instrumental, e define o mediador como um dos principais agentes desse processo. Quem são (ou podem ser) esses mediadores e como formá-los para que se tornem agentes transformadores nas escolas brasileiras?

EY: Mediadores são todos os que se dispõem a serem pontes, entre a experiência humana e sua tradução às linguagens, isto é suas textualidades: pais, professores, bibliotecárias, colegas, artistas, criadores, até mesmo situações e vivências podem ser definidas com mediadoras . O que ajuda a fazer nascer leitores pode ser, em diferentes circunstâncias, um mediador apenas apaixonado que sabe seduzir, da mesma forma que foi seduzido pela leitura.

ASCOM: Como você avalia a didática escolar e os recursos pedagógicos utilizados nos processos de alfabetização contemporâneos?

EY: A questão da alfabetização avançou muito com observação direta do processo com crianças e adultos e a partir de teorizações de estudiosos como Piaget, Vygotsky, Paulo Freire, Emílio Ferreiro. O problema está na pós-alfabetização quando o abandono da experiência de ler em favor de uma gramática do texto desarticula a participação do leitor.

ASCOM: Qual a sua opinião sobre as novas tecnologias aplicadas à educação? Como elas atuam no processo de formação do leitor?

EY: As tecnologias eletrônicas como as anteriores – do rolo ao códice, do códice ao livro e agora do livro à tela – podem ser de auxilio efetivo à prática de ler e escrever e, como tudo o mais, depende do uso que se faz delas, de como ela se desenvolve e se articula com outros meios. É de um complexo de fios – uma rede ampla de diferentes suportes e práticas – que pode favorecer a leitura e a escrita.

ASCOM: O processo de alfabetização da criança e do adulto apresentam metodologias distintas. Quais os principais desafios da formação de leitores nessas duas fases da vida?

EY: Os universos de cada um precisam ser atualizados nesta formação. E as experiências e visões que são certamente bastante diferentes. Por isso as práticas serão diversas; e múltiplos os recursos metodológicos e didáticos.

ASCOM: Quanto custa o Brasil que não lê? Qual o impacto da alfabetização mecânica no desenvolvimento do país?

EY: O Brasil que não lê nos custa muito caro. Desde problemas na saúde (práticas equivocadas para tratamentos), no trabalho (acidentes e incongruências), na vida urbana e social (o lixo, o transporte, a corrupção). O Brasil precisa avaliar os fatos, os acontecimentos e conectá-los com a ausência de práticas de leitura: vazamentos de petróleo nos portos, rompimento do césio em Goiânia, etc. O Brasil que lesse poderia comprometer o leitor com a cidadania, com maior assiduidade.

ASCOM: De que forma eventos como o Elluneb estimulam a leitura e auxiliam na formação de leitores?

EY: Sem dúvida, atividades densas, reflexão, pesquisa, formação de jovens leitores e de mediadores é o caminho para a criação de redes de experiências que trarão inclusive uma formação continuada. No caso presente, é importante não conhecer apenas teoria e práticas, mas, sobretudo ler literatura, ler ficção e não ficção para se envolver com o sentido que se atribui – ou não – ao mundo da letra e à letra do mundo.

Ascom Entrevista: David Hopffer Almada (Academia Cabo-Verdiana de Letras)

O cabo-verdiano David Hopffer Almada é um homem de muitas credenciais. Político, escritor e advogado são algumas delas. Em 1975, ainda aos 30 anos, assumiu o Ministério da Justiça de Cabo Verde, no primeiro ano de independência do país.

Personagem ativo do movimento que culminou na independência do país africano, David avalia que aquele momento histórico pode ser interpretado como “um tempo agridoce, em que dava ‘prazer’ sofrer todos os sacrifícios para fazer o país sobreviver, avançar e mostrar que era possível”.

A sua trajetória acadêmica e política o levaram a assumir também o Ministério da Informação, Cultura e Desportos do país e a conquistar uma cadeira na Academia Cabo-Verdiana de Letras (ACL).

Entusiasta das obras de Jorge Amado, o cabo-verdiano afirma que as semelhanças entre Brasil e Cabo Verde foram “criadas e impostas pela natureza, pela geografia e pela história” e que o intercâmbio literário entre os países deve contribuir “necessária e inequivocamente, para o reforço do conhecimento mútuo dos dois povos e para o reforço dos laços de amizade”.

David Hopffer Almada é um dos convidados do II Simpósio Internacional de Baianidade (SINBaianidade) e do II Congresso Internacional de Línguas e Literaturas Africanas e Afro-Brasilidades (CILLAA), eventos promovidos pela UNEB, entre os dias 9 e 11 de outubro, no Campus I, em Salvador.

O cabo-verdiano vai participar da mesa-redonda “A literatura de Cabo Verde apresentada por seus escritores”, no dia 10 de outubro, em companhia da compatriota Vera Duarte e da pesquisadora brasileira Simone Caputo Gomes.

Em entrevista concedida à Assessoria de Comunicação (ASCOM) da UNEB, David falou sobre os desafios da sua trajetória de vida, sobre a independência de Cabo Verde e sobre a expectativa para participar dos eventos na capital baiana.

  • Veja entrevista na íntegra:

ASCOM – Segundo informações apuradas em sites cabo-verdianos, o senhor descobriu sua aptidão para o Direito ainda muito jovem. E, aos 30 anos, assumiu o Ministério da Justiça no primeiro ano de independência do país. Fale um pouco sobre o desafio dessa experiência.

David Hopffer Almada (DHA) – Quando se deu a Independência do meu país, Cabo Verde, eu fui convidado para integrar o primeiro Governo da Móvel República, como Ministro da Justiça.

Foi muito importante assumir essas responsabilidades porque se vivia, nessa altura, um tempo novo, em que os sonhos eram muitos, a vontade indómita e a confiança num futuro melhor fazia mover montanhas, desafiar e ultrapassar todos os obstáculos e dificuldades.

Era um tempo agridoce, em que dava “prazer” sofrer todos os sacrifícios para fazer o país sobreviver, avançar e mostrar que era possível.

E na área específica em que estava, a da Justiça, o desafio era enorme e estimulante:

Construir um novo edifício jurídico, legal para o país nascente, aproveitando tudo o que fosse possível e conveniente conservar e preservar da época colonial, com olhos postos no novo mundo que se sonhava edificar.

Foi um desafio estimulante, que me honra e de que me orgulho até hoje.

ASCOM – Como a escolha da sua carreira profissional e a sua trajetória política, à frente do Ministério da Justiça, influenciaram as suas produções literárias?

DHA – A minha tendência literária já vinha de antes. Já quando andava no ensino secundário, escrevia, sobretudo, poemas, o que continuei a fazer durante o tempo da minha licenciatura (Direito) na Universidade de Coimbra (Portugal).

Não terá sido a liderança do Ministério da Justiça, mas os novos tempos vividos com a Independência conquistada, que estimularam a minha produção literária e terão dado até um novo rumo às temáticas dessa produção.

ASCOM – O senhor foi também Ministro da Informação, Cultura e Desportos de Cabo Verde. A partir da experiência no cargo, qual a sua avaliação da produção literária cabo-verdiana antes e depois da independência.

DHA – Cabo Verde muito antes da sua Independência já tinha uma produção literária própria, em que se vivia, se sentia e se proclamava a identidade do povo cabo-verdiano, nas suas diversas vertentes.

Por isso, é que hoje é consensual a opinião de que a “Independência Literária” foi assumida pelos cabo-verdianos muito antes da Independência Politica. Só que depois da Independência Nacional, criaram-se novas condições materiais, políticas e psicológicas para que a produção literária e a capacidade imaginativa do cabo-verdiano se expressassem mais e com mais veemência.

ASCOM – Quais são os principais temas abordados pela literatura do país?

DHA – Os temas abordados na literatura do país são muito diversos e estão se diversificando cada vez mais.

Enquanto que antes (da Independência) os temas tratados andavam, quase sempre, à roda da fome, da escassez das chuvas, do sofrimento, da vontade de querer ficar na terra e ter que partir; depois (da Independência), e nos novos tempos, o escritor cabo-verdiano, sem tirar o “pé do seu chão”, nem esquecer a sua realidade específica, começou a alargar o campo de visão dos temas abordados e tratados nos seus livros.

O escritor cabo-verdiano passou a ser mais universalista no conteúdo e na forma de tratamento dos assuntos.

ASCOM – Desde jovem, o senhor participou de importantes movimentos sociais. Como isso contribuiu para a sua decisão de ingressar na carreira literária?

DHA – A participação em movimentos culturais, sociais, políticos e outros impelem à tomada de consciência das realidades que nos cercam e nos empurram para a expressão daquilo que sentimos, vemos, ouvimos e lemos.

Às vezes cantando, às vezes pintando, às vezes escrevendo, conforme o jeito, a aptidão, a vocação de cada um. A mim, deu-me para escrever. E, assim, ingressei nisso.

ASCOM – Como concilia as carreiras jurídica, política e literária?

DHA – Parecendo que não, essas carreiras estão muito interligadas. Na política e no direito, lutamos por valores e objetivos e pela realização de sonhos. A literatura é, muitas vezes, a forma e a via da expressão e de luta por tais valores, sonhos e objetivos.

ASCOM – Quais são os pontos em comum entre as literaturas brasileira e cabo-verdiana?

DHA – A temática, desde logo, pela muita similitude e proximidade, tanto na maneira de ser, como na forma de encarar a vida. As similitudes entre Brasil e Cabo Verde foram criadas e impostas pela natureza, pela geografia e pela história.

ASCOM – A literatura brasileira influencia a sua obra de alguma forma?

Naturalmente. Dificilmente se lêem os romances de Jorge Amado, por exemplo, para não se sentir influenciado.

ASCOM – Quais contribuições o intercâmbio entre as literaturas cabo-verdiana e brasileira podem proporcionar para ambos os países?

DHA – Os principais laços de ligação entre cabo-verdianos e brasileiros advêm e resultam das proximidades da sua cultura e dos valores que esta insufla na alma de cada um dos povos. E a literatura é uma das maiores e melhores formas de expressão cultural desses povos.

Portanto, o intercâmbio entre literaturas dos dois países contribuirá, necessária e inequivocamente, para o reforço do conhecimento mútuo dos dois povos e para o reforço dos laços de amizade que, naturalmente, os ligam.

ASCOM – O que acha da proposta do II SINBAIANIDADE e II CILLAA? E quais são as suas expectativas para o evento?

DHA – A proposta é muito boa, interessante e oportuna. Por isso, aliás, é que aceitei o convite sem pestanejar. As minhas expectativas para o evento são boas e elevadas.