
O Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, um dos mais respeitados templos do candomblé no Brasil, abriu suas portas para a celebração do centenário de Mãe Stella de Oxóssi.
O evento inaugural, realizado no último sábado (26), contou com a participação da UNEB, reunindo escritores, poetas e estudiosos da literatura afrodescendente com o Sarau Afro-literário “Meu tempo é Agora”. A iniciativa proporcionou um espaço de reflexão sobre a trajetória de Mãe Stella e sua contribuição para a identidade negra no país, unindo arte e resistência.
“A UNEB reforça seu compromisso com os territórios de identidade da Bahia e o diálogo com as comunidades externas, como o Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá. Preservar memórias de personalidades como a de Mãe Stella fortalece a resistência coletiva. A Universidade tem sido essencial na valorização da ancestralidade africana e indígena e na formação antirracista, além de atuar em parceria com os povos de terreiro e movimentos sociais na luta contra o racismo”, destacou a representante da Pró-Reitoria de Extensão (Proex) da UNEB, Daniela Galdino.
Além do sarau, ocorreu o Lançamento da Programação Comemorativa, que se estenderá até o mês de dezembro. Sob a coordenação geral de Mãe Ana de Xangô, sucessora de Mãe Stella, e a coordenação executiva do Ogan, Emanuel Antonio Nascimento, presidente da Sociedade Beneficente Cruz Santa do Axé Opô Afonjá. A agenda de homenagens prevê palestras, rodas de conversa, atividades culturais e ações comunitárias que reforçam o legado de Mãe Stella.
“A celebração do centenário de Mãe Stella de Oxóssi é um marco para nossa história, honrando sua dedicação de 42 anos ao Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá. Sua memória continua viva, inspirando a luta pela igualdade racial e a preservação das tradições afro-brasileiras. As atividades foram cuidadosamente planejadas para reviver seu legado, promovendo feiras, seminários e ações que reforçam sua contribuição para o Brasil”, frisou o presidente da Sociedade Beneficente Cruz Santa do Axé Opô Afonjá, Emanuel Antônio Nascimento.
Na celebração do centenário de Mãe Stella de Oxóssi estão previstas sessões especiais na Câmara de Vereadores de Salvador, Assembleia Legislativa da Bahia, Congresso Nacional, seminários, rodas de conversas, feira gastronômica musical, atividade na Avenida Mãe Stella de Oxóssi, show em tributo à Mãe Stella na Concha Acústica e o lançamento do documentário “Memória Afonjá”.
Mãe Stella de Oxóssi foi a quinta ialorixá do Ilê Axé Opô Afonjá, assumindo em 1976 e liderando o terreiro por 42 anos de dedicação. Reconhecida pela defesa da cultura afro-brasileira, tornou-se a primeira ialorixá a integrar a Academia de Letras da Bahia. Em 2009, recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela UNEB. Seu legado inclui a publicação de livros sobre cultura afro-brasileira e a luta pela igualdade racial.
Xirê de Palavras no Afonjá
Uma das ações que integram o Sarau Afro-literário “Meu tempo é Agora” nas comemorações ao centenário de Mãe Stella de Oxóssi é o projeto da UNEB “Xirê de Palavras”.
A iniciativa, vinculada ao Núcleo de Estudos Africanos e Afro-brasileiros em Línguas e Culturas (NGEAALC) da Universidade, busca fortalecer a oralidade e a memória afrocentrada por meio da contação de histórias e da formação docente. O projeto, beneficiado pelo Programa de Arte e Cultura (Proarte) da UNEB, é idealizado pelos professores da instituição, Lise Arruda e Cesar Vitorino.
“O projeto Xirei de Palavras surgiu a partir de uma pesquisa sobre ensino de palavras de base africana e hoje é uma ação de extensão da UNEB. A iniciativa fortalece a oralidade e a memória afrocentrada, promovendo formação docente e contação de histórias. A biblioteca Maria Stella de Azevedo Santos se torna um espaço de difusão desses conhecimentos”, contou a docente Lise Arruda.
O professor César Vitorino destacou importância da iniciativa para as tradições afro-brasileiras. “O projeto Xirê de Palavras, em parceria com a Proex UNEB, fortalece o diálogo entre a academia e as tradições afro-brasileiras. A iniciativa, agora ampliada com um sarau, envolve alunos de Letras Vernáculas na valorização da literatura negra. Celebramos a memória de Mãe Stella e a resistência cultural por meio da oralidade e da produção artística”.
Cobertura realizada por Rozin Daltro/Ascom, sob supervisão de Danilo Cordeiro/Ascom
Fotos: Rozin Daltro/Ascom



