Com a proposta de ampliar os debates sobre as especificidades da violência que ocorre em espaços públicos, e institucionais, estruturais e sistêmicos, foi aberta na última segunda-feira (4), a XII Conferência do Fórum Mundial de Mediação.
Com a temática “A Mediação face às violências contemporâneas: um desafio irrealista?”, o evento, com extensa programação, está sendo realizado de forma presencial e remota até esta quinta-feira (7), no Hotel Fiesta, em Salvador.
A mesa de abertura foi composta pela vice-reitora da UNEB, Dayse Lago, pelo secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), Felipe Freitas, pela desembargadora do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), Joanice Maria de Jesus, pelo presidente da comissão organizadora do evento, Riccardo Cappi, e pela presidente do Comitê Executivo do Fórum, Mylène Jaccoud.
“A nossa Universidade convive com diversos sujeitos de diversos marcadores sociais e também de diferentes necessidades. A UNEB entende a importância de trazer essas questões para dentro do nosso escopo e ter uma implicação epistêmica e também de ações no seu fazer. Discutir a mediação de violências estruturais existentes implica também estarmos envolvidos com um modo de mediação com resolução de conflitos. Ao longo dos seus 41 anos, a Universidade tem se empenhado na busca por mais igualdade e justiça social. Esperamos que, ao trazer essas discussões para dentro da instituição, possamos refletir em nossos currículos formas de gestão e ação que promovam justiça, igualdade e práticas emancipatórias”, destacou a vice-reitora Dayse Lago.
A desembargadora do TJ-BA, Joanice Maria de Jesus, ressaltou a importância da colaboração entre o Tribunal de Justiça e a universidade para aproximar as pessoas dessas instituições. “O Tribunal de Justiça e o Núcleo da Justiça Restaturativa estão comprometidos com as reivindicações necessárias, como o convênio que fizemos com a universidade. Estamos cada vez mais aproximando as pessoas da universidade e do tribunal, falando sobre maneiras adequadas de resolver conflitos. Nosso núcleo de justiça restaurativa precisa da colaboração da mediação e de todos os outros meios disponíveis para que possamos estar unidos na resolução adequada dos nossos compromissos com a sociedade brasileira”, disse.
O secretário de Justiça e Direitos Humanos, Felipe Freitas, destacou a importância da conferência para refletir sobre como lidar com a violência durante as mediações. “Nada é tão urgente numa sociedade desigual como a nossa do que encontrar novas maneiras de responder aos desafios da violência. Essa violência se manifesta nas nossas relações interpessoais cotidianas, nas desigualdades estruturais da sociedade e nos conflitos relacionados à injusta repartição de poder e reconhecimento”, afirmou.
O presidente da Comissão Organizadora da XII Conferência do FMM, Riccardo Cappi, destacou a necessidade de interpretar a violência e os conflitos em diferentes níveis. “Esses fenômenos se manifestam nas instituições, nas comunidades e na estrutura socioeconômica e cultural da sociedade. Quando pensamos nos fenômenos do racismo e na mediação diante da força e da persistência dessas modalidades, que exigem uma leitura estrutural e sistêmica, surge a questão: a mediação ainda pode ser útil? Esse é o desafio que vamos discutir durante esses dias”, considerou Riccardo, também professor da UNEB.
Violências estruturais e sistêmicas
No primeiro dia a conferência abriu espaço para a mesa-redonda “Como podemos pensar sobre a mediação diante das violências estruturais, sistêmicas e coletivas?”, proferida pelos professores Sérgio São Bernardo (UNEB), Gema Varona Martínez (Espanha) e Mauricio Garcia Peñafiel (Chile).
Durante o debate, o docente Sergio São Bernardo analisou as tensões globais e nacionais, destacando a relevância do evento ao abordar a violência em sua dimensão estrutural. “Sabemos que a violência começa nas relações pessoais, mas também está enraizada nas grandes instituições e organizações sistêmicas. É uma realidade mundial. Não podemos discutir a violência no mundo hoje sem tratar dos conflitos étnico-raciais e entender os fundamentos desses conflitos”, analisou.
O Fórum Mundial de Mediação (FMM) é uma organização internacional sem fins lucrativos que atende mediadores de todos os continentes, com base na interdisciplinaridade. A missão do fórum é o desenvolvimento e o intercâmbio de conhecimentos, informações e competências em todos os setores da atividade de mediação, particularmente através das conferências internacionais que organiza regularmente há mais de 25 anos.
O evento tem entre os parceiros a UNEB, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, a Secretaria estadual de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), o Sebrae, e a Associação dos Magistrados do Estado da Bahia (AMAB).
Texto e fotos: Danilo Cordeiro/Ascom