Encontro de Lésbicas e Mulheres Bissexuais promove espaço de reflexão e troca de experiências

Encontro abordou tema “Lesbianizar e sensualizar a arte de bem viver”

Lésbicas e mulheres bissexuais se reuniram no último fim de semana, entre os dias 25 e 27 de agosto, para refletir e trocar experiências sobre suas vivências durante a oitava edição do Encontro de Lésbicas e Mulheres Bissexuais da Bahia (Enlesbi), realizado no Hotel Concept, em Salvador.

O encontro, que neste ano abordou o tema “Lesbianizar e sensualizar a arte de bem viver”, contou com palestras, oficinas, rodas de conversa e apresentações culturais, além de promover a integração e o fortalecimento da rede de apoio entre as participantes.

“O viver lésbica e bissexual é uma arte de fato. E o nosso encontro tem um papel formador, de empoderamento. É uma imersão que traz outras vozes que possam contribuir no processo de discussão sobre o nosso viver”, explicou a professora Amélia Maraux, uma das organizadoras do evento.

O encontro contou com a presença de representantes de instituições apoiadoras e parceiras entre elas a vice-reitora da UNEB, Dayse Lago. “A UNEB tem o compromisso de estar junto e em parceria com os movimentos sociais, organizações sociais e coletivos que debatem o tema das lésbicas e mulheres bissexuais, pois a universidade, que defende a política de gênero e da diversidade, assume seus valores republicanos, democráticos e participativos na luta pelos direitos humanos de todas e todos, sem distinção de raça, gênero ou credo”, destacou.

O Enlesbi é um espaço que se dedica também a potencializar a organização de lésbicas e mulheres bissexuais no interior do estado, regiões onde as práticas de lesbocídio são mais presentes, conforme aponta dados do dossiê organizado pelo Núcleo de Inclusão Social (NIS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 2018. A partir da ação interiorizada do encontro que a jornalista e pesquisadora Sarah Sanches teve a sua vida transformada depois de participar de uma edição do evento.

“Eu era estudante da UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), e tive a alegria de conhecer o Enlesbi. Foi um momento muito emocionante para mim, que vinha nesse processo de me reconhecer enquanto lésbica. Estar em espaço coletivo, organizado, afetivo com outras mulheres lésbicas e bissexuais é marcante. A partir desse encontro que eu me senti subjetivamente fortalecida para reivindicar também os meus direitos”, afirmou a estudante de especialização em Gêneros, Raças e Sexualidades pelo Cegres/Diadorim da UNEB.

A estudante do curso de Ciências Sociais do campus I da UNEB, Jéssica Souza, teve a oportunidade de participar do seu primeiro Enlesbi, contribuindo com a organização do evento como monitora de ensino. “Como jovem negra e bissexual vejo que foi essencial a possibilidade de estar em um encontro em que posso expressar a minha orientação sexual e ser acolhida, além de vivenciar essa troca de experiência com mulheres jovens e mulheres mais velhas”, ressaltou a discente.

A programação ainda teve a mesa “Memórias e Histórias Virginianas” como homenagem à pesquisadora e uma das idealizadoras do Enlesbi, Virgínia Nunes, falecida em abril deste ano. As participantes tiveram a oportunidade de saudar umas às outras, saudando também à memória da professora Vírginia – iniciando o encontro com a inspiração de luta e solidariedade que ela representa.

No último dia de atividades (27), as organizadoras do encontro promoveram a Caminhada da Visibilidade Lésbica e de Mulheres Bissexuais, nas proximidades do Hotel Concept. O ato possibilitou que as participantes expressassem nas ruas as suas lutas por respeito e reivindicação de políticas públicas para as lésbicas e mulheres bissexuais.

O Enlesbi teve a realização da UNEB, do Centro de Estudos em Gênero, Raça, Etnia e Sexualidade (Cegres/Diadorim) e da Liga Brasileira de Lésbicas e Mulheres Bissexuais (LBL).

A iniciativa contou com apoio das Secretarias de Políticas para as Mulheres (SPM), de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) e de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), além do Instituto Odara, Rede Lésbi Brasil, grupo de pesquisa Candaces da UNEB, Grupo Amuleto, Coletivo de Mulheres Negras Ayomidê Yalodê e do Fórum Baiano LGBT.

Texto: Leandro Pessoa/Ascom. Fotos: Leandro Pessoa/Ascom e Dilma Venuto