Tiveram início nesta terça-feira (5) a XVIII Semana de Urbanismo e o Seminário Urbanismo na Bahia (urBA[24]), eventos realizados pelo curso de Bacharelado em Urbanismo e pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos Territoriais no Departamento de Ciências Exatas e da Terra (DCET), localizado no Campus I da UNEB, em Salvador.
Tendo como tema “Imagens e práxis urbanas: racismo, desigualdade e ação política”, a mesa de abertura reuniu a reitora da UNEB, Adriana Marmori, o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Estudos Territoriais (Proet), Antônio Muniz, e do coordenador geral do evento, João Pena.
“Pensar a cidade é pensar os seres da cidade, não só os seres humanos, mas todos os seres vivos. É fundamental que tenhamos um olhar para os espaços urbanos que também se entrecruzam com o campo e outros espaços rurais; pensar sobre as nossas possibilidades de ir e vir nesses espaços. Até que ponto a gente consegue fazer esse trânsito, que é assegurado pela Constituição Brasileira, mas que por vezes se impede de ter esse ir e vir com liberdade”, declarou a reitora Adriana Marmori.
Em seu pronunciamento, o professor João Pena destacou a importância de ir além da denúncia do racismo como elemento presente nas relações de territórios da cidade: “São questões fundamentais, urgentes e incontornáveis, que refletem a cidade que a gente tem, mas que não impedem que a gente pense caminhos para construir uma nova realidade e isso deve acontecer não só a partir de quem está aqui na Universidade, mas também a partir de quem está nos territórios fora dela”, afirmou.
Estiveram também presentes na mesa o diretor do DCET-I, Djalma Fiuza; a coordenadora do Colegiado do Curso de Bacharelado em Urbanismo, Clélia Dantas, o representante da Faculdade de Arquitetura da UFBA, Leo Name, e a coordenadora do grupo de pesquisa Lugar Comum, vinculado à Faculdade de Arquitetura da UFBA, Ana Fernandes.
Cidades e questões étnico-raciais
Em seguida, a primeira Mesa-redonda recebeu, sob o tema “Cidades e Questões Étnico-raciais” a professora Rita Montezuma, pesquisadora das Universidades Federal Fluminense (UFF) e Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apresentou um histórico do processo de formação das cidades brasileiras, destacando aspectos como a escravização dos negros e a exploração de sua mão-de-obra e a criação de Leis Racistas que retiravam direitos da população. A exposição avançou então para o presente para refletir sobre para quem foram construídas as cidades como as conhecemos.
“É importante discutirmos as cidades contemporâneas como eventos espaciais que são extremamente recentes na história da humanidade, um processo no qual nós ainda estamos inseridos e que pode urgentemente ser revisto. Acredito que a partir de pesquisas que levantem dados concretos sobre as práticas das cidades, que identifiquem suas diferentes práticas diante de marcadores como classe, raça e gênero, dentre outros, possamos oferecer condições para que as comunidades lutem por reparação, para a construção de políticas públicas”, explicou a palestrante.
O evento visa oportunizar o debate crítico, reflexivo e propositivo sobre as mais variadas problemáticas que envolvem o espaço urbano, em especial as que atingem mais fortemente os grupos sócio-raciais vulnerabilizados pelo racismo. Pela primeira vez, o evento converge os dois eventos (semana e seminário) em uma realização simultânea.
“Esse evento simultâneo é fruto de um trabalho coletivo e acredito que daqui sairão novas ideias potentes com novas possibilidades de trabalho conjunto. Que sejamos provocados a desenvolver pesquisas, colaborações e parcerias que contribuam para cidades justas, menos desiguais”, destacou a professora Ana Fernandes, que celebrou a parceria entre a UNEB e a UFBA na realização do evento.
A programação segue até esta sexta-feira (8) com diversas mesas, e debates organizados a partir de quatro eixos temáticos: Cidades e questões étnico-raciais; Desigualdades e diferenciações socioespaciais urbanas; Movimentos sociais, ação política e cidadania; Espaço urbano e a problemática ambiental.
Texto: Leandro Pessoa/Ascom. Fotos: Danilo Oliveira e Leandro Pessoa/Ascom