Justiça racial e segurança pública no bairro do Cabula são temas de audiência pública na UNEB

Evento reuniu estudantes, professores, lideranças comunitárias, movimentos sociais e autoridades públicas.

A UNEB promoveu, nesta terça-feira (22), a audiência pública “Justiça Racial, Defesa da Juventude Negra e Segurança na Região Cabuleira”, no Campus I  da instituição, em Salvador.

Adriana: “Esse espaço de escuta e debate reflete nosso compromisso institucional com a justiça social e os direitos humanos”.

O evento, convocado pela Reitoria da Universidade, reuniu estudantes, professores, lideranças comunitárias, representantes de movimentos sociais e autoridades públicas em um espaço de escuta, diálogo e construção coletiva.

Presidindo a audiência, a reitora da UNEB, Adriana Marmori, ressaltou a importância do encontro para debater a segurança no entorno do Campus I da instituição. “A universidade, como instituição pública, não pode se calar diante da violação sistemática de direitos, sobretudo quando ela atinge a juventude negra, periférica e majoritariamente moradora das comunidades que nos cercam. Esse espaço de escuta e debate é parte do nosso compromisso institucional com a justiça social, com a defesa dos direitos humanos. A produção de conhecimento aqui não está desconectada das lutas do povo. Pelo contrário, é com a comunidade que construímos respostas”, destacou a reitora.

Dayse: “A universidade deve compreender seu papel social, promovendo debates e tomadas de posição sobre a violência estrutural”.

Presente na reunião, a vice-reitora da Universidade, Dayse Lago, frisou a importância da audiência pública para o combate à violência e qualidade de vida da população. “A partir desse diálogo estamos pensando em encaminhamentos constantes, para além dos projetos de extensão e pesquisas que a nossa instituição desenvolve para a comunidade. A universidade deve compreender seu papel social, promovendo debates e tomadas de posição sobre a violência estrutural, visando melhorar a qualidade de vida e a segurança de todas as pessoas”.

Olívia: “A UNEB mobiliza sua comunidade acadêmica para exigir justiça e combater a violência”.

Para a deputada estadual, Olívia Santana, a iniciativa da UNEB em discutir a violência racial e letal é fundamental. “A realização desta audiência pública é essencial, pois demonstra solidariedade com o povo da Engomadeira. A UNEB, localizada no Cabula, está inserida em uma região frequentemente afetada por diversas formas de violência, especialmente a violência racial. A UNEB se engaja nessa luta com vigor, mobilizando sua comunidade acadêmica, que possui uma capacidade crítica e um compromisso em impulsionar a população a exigir justiça e combater a violência”.

Segundo o representante estudantil, Eduardo Arruda, a audiência é um espaço para pensar em possibilidades de contribuir com uma perspectiva antirracista nas questões de segurança pública e na relação da comunidade com a universidade. “A universidade é um espaço que produz ciência, dados e informações, e precisa ter uma posição política sobre o que tem acontecido. É essencial pensar em protocolos e formas de nos sentirmos confortáveis dentro dela, que já carrega o estigma de estar localizada na periferia, mas é um lugar de produção de conhecimento, potência e cultura”.

Daniele: “A política de segurança pública deve assegurar dignidade, vida e livre acesso às comunidades”.

O representante dos docentes, Abraão Félix, ressaltou a relevância da participação dos movimentos sociais no debate da segurança pública. “É essencial que o debate sobre segurança pública inclua não apenas os movimentos sociais, mas também a comunidade local. Em especial, as comunidades do entorno da UNEB, no Cabula, devem ser consideradas, pois sua participação é fundamental para a construção de políticas eficazes e inclusivas”.

Para a representante da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Daniele Costa, a audiência é um momento crucial de diálogo com a comunidade do Cabula, ressaltando o compromisso social da universidade. “É fundamental ter esse tipo de audiência sobre temas tão relevantes como a segurança pública. Sabemos que a política de segurança pública não deve ser vista apenas como uma política de repressão, mas também como uma política que assegure o direito à dignidade e à vida, e o livre acesso às comunidades”.

Alessandra: “A universidade deve ouvir a comunidade externa e dar apoio na busca de soluções para os problemas do bairro”.

Representante da comunidade externa e moradora da Engomadeira, Alessandra Martins, salientou a importância de a universidade ouvir as demandas e necessidades da comunidade externa, sobretudo no tema da violência. “A universidade precisa ouvir a comunidade externa. Levo daqui uma grande acolhida e expectativa de que tudo que foi dito e explanado chegue aos órgãos competentes e resulte em soluções para os problemas que enfrentamos no bairro. Não se trata apenas da recente morte de Ana Luísa, mas das dificuldades diárias que vivemos na Engomadeira”.  

Durante a audiência, foram compartilhadas vivências, denúncias e propostas que evidenciam a urgência de ações integradas para garantir segurança, dignidade e políticas públicas efetivas para os territórios historicamente vulnerabilizados da capital baiana.”

Segundo a reitora da UNEB, Adriana Marmori, será produzido um documento reunindo as propostas que foram sugeridas na audiência pública com vistas a garantir o bem-estar e a segurança da comunidade acadêmica e externa da Universidade. “Esse documento nós vamos compartilhar junto aos órgãos, tanto aos órgãos do Estado, quanto aos órgãos de controle, Ministério Público, para que tenhamos o retorno desses órgãos em relação à posição da universidade, de defesa da vida, de defesa do povo negro, de defesa da capacidade de ter segurança, de se sentir seguro dentro e fora da nossa instituição”.

Texto: Danilo Cordeiro/Ascom
Fotos: Danilo Oliveira/Ascom