Lavagem do Bonfim: UNEB retorna às manifestações populares de rua em dia de reverência às tradições e à cultura

Gestoras, professores, técnicos-administrativos e estudantes foram, em cortejo, rumo à Colina Sagrada

De branco, a pé, com fé e representando a Universidade do Estado da Bahia, a comunidade acadêmica, em cortejo, fez-se presente no tão esperado retorno da Lavagem do Bonfim, ontem (12), na segunda quinta-feira deste 2023, após dois anos de suspensão dos festejos por imposição da pandemia da Covid-19.

Foi um dia de reencontros, abraços, sorrisos, respeito e, sobretudo, de reverência às tradições e, também, à ancestralidade. A instituição de toda a Bahia com o seu povo, compondo o tapete branco vivo, caminhando em direção à Colina Sagrada.

“A UNEB, como universidade plural, que tem dentro da sua comunidade acadêmica todas as crenças, não poderia ficar de fora do Bonfim. Estamos aqui reiterando a tradição, a cultura, a fé no Senhor do Bonfim, que move a Bahia e a todos nós”, destacou a reitora da universidade, professora Adriana Marmori.

A celebração já registra cerca de 280 anos de história, democraticamente acolhendo devotos, diferentes manifestações de fé, curiosos e as também conhecidas promessas, em uma caminhada de mais de seis quilômetros entre os bairros do Comércio e do Bonfim, em Salvador.

O permanente desejo de abertura institucional da UNEB às pautas e às manifestações populares foi ressaltado pelo chefe do Gabinete da Reitoria, professor Pedro Daniel: “Esta é a universidade da diversidade. Estando aqui, reconhecemos também os trabalhos com as comunidades tradicionais, com os festejos e com as questões culturais”.

Para muitos, a renovação para o ano que se inicia se dá apenas após a famosa data. Esse é o caso da estudante de História da instituição, Gleissia Santos, que também participou do cortejo junto aos amigos unebianos.

“Muito feliz por fazer parte deste momento, porque quando falamos de identidade e história, falamos também de culturas e tradições. Nesta festa é o momento de nos unirmos, celebrando conquistas, sobretudo, neste início de ano. Momento de renovar as energias”, avaliou a discente.

Com o retorno das festas de largo no estado, a Universidade do Estado da Bahia também está de volta ao seu projeto de participação institucional na ruas, com novas edições previstas já nos próximos meses.

Retomada e fortalecimento identitário

Pró-Reitor de Ações Afirmativas (Proaf) da UNEB, o professor Marcelo Pinto acompanhou todo o cortejo. Para ele, o retorno da celebração e da representação institucional da UNEB na rua celebrou a vida, a alegria e as relações do povo baiano com a sua casa e com a sua fé.

Desde as primeiras horas do dia, as pessoas já se organizaram para acompanhar os festejos. Assim fez também a pró-reitora de Ensino de Graduação (Prograd) da instituição, professora Gabriela Pimentel. “A UNEB e nós, que também a compomos, estamos a vivenciar a Bahia, com suas cores e seus sabores, a nossa identidade”, frisou a gestora.

Espaço essencialmente democrático, a Lavagem do Bonfim congrega católicos, que reverenciam o santo durante cortejo e, também, fiéis das religiões de matrizes africanas, que homenageiam Oxalá. Com vasos de água de cheiro e vestidas com o tradicional branco, as baianas continuam a perfumar os caminhos até a Colina Sagrada.

Esse é um cenário que é contemplado e vivido com fervor há décadas pelo servidor Euclides Santos, diretor do Centro de Estudos dos Povos Afro-índio Americanos (Cepaia) da UNEB.

“Participo todos os anos, com a mesma felicidade. Fico ainda mais emocionado ao perceber que a universidade nunca abriu mão deste espaço, desse lugar de diálogo, de querer dar voz à comunidade e de garantir que esta manifestação e que o Senhor do Bonfim, ou Oxalá, nos dê força para continuar lutando”, celebrou o gestor.

Além de visitar a imagem peregrina do Senhor do Bonfim, que mais uma vez saiu da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia em procissão, a comunidade acadêmica reuniu-se também no Edifício Jequitaia, na Calçada, para a também tradicional feijoada da UNEB.

Texto: Danilo Oliveira/Ascom
Fotos: Ícaro Rebouças e Wânia Dias/Ascom