“Nenhuma política pública no Brasil faz tanto com tão pouco como o Sistema Único de Saúde (SUS). Porque isso que é eficiência. E com um dólar por habitante ao dia fazer tanto, é realmente algo fenomenal”.
A avaliação foi apresentada ontem (21) pelo deputado federal e ex-secretário da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), Jorge Solla, durante a conferência de abertura da II Mostra de Saúde do Distrito Cabula Beiru (DSCB) e da II Semana em Defesa do SUS.
Os eventos estão sendo promovidos pela Pro-Reitoria de Extensão (Proex) e pelo Departamento de Ciências da Vida (DCV) da UNEB, em parceria com a Coordenação do Distrito Sanitário Cabula-Beiru (DSCB) e a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS), no Campus I da universidade, em Salvador.
“É importante sempre ressaltar a importância do Sistema Único de Saúde e o papel dele enquanto um direito da cidadania em nosso país e o quanto isso é diferenciado. O SUS está ameaçado como nunca esteve nesses quase 30 anos. Portanto, temos que nos mobilizar em defesa desse patrimônio tão vital para as pessoas”, destacou o legislador.
Ainda durante a atividade, Jorge Solla apresentou avanços conquistados em políticas públicas sociais na última década, mas reconheceu que o sistema permanece subfinanciado.
“O transporte é mais caro do que tudo que o cidadão gasta diariamente com o SUS, para garantir um sistema de saúde que possui o maior programa de vacinação do mundo e até a maior oferta pública de transplante de órgãos”, salientou o gestor.
A atividade foi prestigiada por gestores, professores e estudantes de instituições de educação superior (IES), líderes comunitários e trabalhadores da Saúde do Distrito Sanitário Cabula Beiru (DSCB).
Articulação e integração
A proposta dos eventos foi parabenizada pelo reitor da UNEB, José Bites de Carvalho, que frisou a importância da universidade participar de ações de conscientização da população sobre a importância do SUS e da divulgação das experiências adquiridas pelos trabalhadores que o operacionalizam.
As palavras do gestor foram endossadas pela pró-reitora de Extensão (Proex) da instituição, Maria Celeste Castro, que também abordou a importância de estabelecer o debate sobre as políticas públicas que são verdadeiramente essenciais para a evolução nacional em período de crise.
A presença e participação dos trabalhadores da Saúde foram celebradas pela coordenadora do Distrito Sanitário Cabula-Beiru (DSCB), Lorena Sena: “Esta é apenas uma pequena forma de valorizar o nosso servidor. Fico admirada como com tão pouco vocês conseguem fazer tanto. Eu os admiro muito. Muito obrigada”.
Coordenador da II Semana em Defesa do Sistema Único de Saúde, o professor da universidade Magno Merces convidou os participantes para a promoção de trocas e para garantir uma articulação em prol da atenção básica. “Estejam de corações e mentes abertas para que possamos construir este evento da forma mais participativa possível”, solicitou.
Outro convite foi feito pelo diretor do DCV, Marco Silvany, que pediu aos participantes que ajudassem na consolidação de eventos acadêmicos e políticos, que discutem o status quo.
“É em nome dos oprimidos e vulneráveis que não tem acesso àquilo que esse Sistema Único de Saúde defende que precisamos replicar espaços como esse, para que possamos discutir e criar uma agenda que fale sobre o SUS e sua necessidade de manutenção, principalmente considerando o nosso contexto atual”, afirmou o diretor.
Trocas de experiências
O estreitamento dos laços entre a academia e os trabalhadores “que fazem o SUS vivo dentro do território” foi comemorado pela idealizadora e coordenadora da II Mostra de Saúde do DSCB, a enfermeira Rosicleide Araújo Machado.
Para Rosângela Fontes, representante da Secretaria Municipal da Saúde, o distrito sanitário é um espaço “potente e importante de aprendizagem”, o que justifica a sua articulação com a universidade e a busca efetiva pela qualificação dos seus agentes.
A enfermeira Érica Velasco Gomes trabalha, há 4 anos, na Unidade de Saúde da Família do Alto da Cachoeirinha, no DSCB, e apresentou o pôster “A avaliação do pé diabético como estratégia para estimular adesão de usuários à consulta de enfermagem” durante o evento.
“É sempre bom retornar aos espaços da universidade. Isso contribui para a nossa atualização e para o compartilhamento das experiências. A questão do pé diabético é um tema bastante relevante e que, infelizmente, não tem a visibilidade que deveria ter”, avaliou a profissional.
Questões como a maior dificuldade que o portador da diabetes tem de cicatrização, a perda de sensibilidade protetora e as consequentes infecções por lesões foram discutidas por Érica, que ainda expôs relatos das suas experiências na prática do atendimento.
Além dos pôsteres, o evento conta também com apresentações orais, ambos sobre gestão em saúde, integração ensino-serviço e práticas em saúde. A programação segue ainda com palestras, mesas-redondas, rodas de conversas e apresentações culturais até a amanhã (23).
Fotos: Danilo Oliveira e Cindi Rios/Ascom
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