Pesquisadores e estudantes da UNEB realizam estudo sobre a arara-azul-de-lear

Estudo realiza levantamento do número de indivíduos da espécie própria do Raso da Catarina

Integrantes do Grupo de Pesquisa Antropologia, Corpo e Ambiente (ACA) da UNEB, da Ufba e da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) estão participando do Censo da Arara-azul-de-lear, ação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Arara-azul-de-lear é uma espécie própria da natureza baiana, que atrai interesses diversos

O estudo realiza levantamento do número de indivíduos da espécie, considerando sua distribuição endêmica no Raso da Catarina, ecorregião localizada na parte centro-leste do bioma caatinga, no estado da Bahia.

A participação do grupo de pesquisa no censo é fruto do projeto de pesquisa “Caatinga: desenvolvimento, aves e extinções – uma etnografia de insurgências ecológicas em torno da conservação da arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari)”, idealizado e coordenado pelo docente da Universidade, Elizeu Cruz, que atua com estudantes dos cursos de Ciências Biológicas, Ciências Contábeis, Turismo e Hotelaria, além de mestrandos e doutorandos dos Programas de Pós-graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental (PPGEcoH) e em Ensino, Linguagem e Sociedade (PPGELS) da instituição.

Docente da UNEB, Elizeu Cruz participa dos estudos

“O nosso projeto tem uma característica interdisciplinar, ainda que o ponto de partida seja a etnografia em antropologia. Estabelecemos diálogo com várias áreas porque a questão ambiental pede esse diálogo. A conservação da arara-azul-de-lear envolve questões como lazer, turismo e a hospitalidade. Muitas pessoas do mundo inteiro vêm ver essa arara porque ela é uma ave exótica e muito carismática, que só existe na natureza aqui na Bahia. Então há um interesse internacional em torno dela, com deslocamento de pessoas para as comunidades rurais para observar esses animais. Isso tudo toca em questões de desenvolvimento regional, sustentabilidade, turismo e no nosso artesanato”, destaca o pesquisador, que possui formação em antropologia (bacharelado e doutorado em ciências sociais) e licenciatura em ciências biológicas.

Desde 2022, o ACA tem estudado a interação entre humanos e aves no Raso da Catarina, abrangendo várias comunidades, como as tradicionais de fundo de pasto, indígenas e outras áreas rurais. O grupo se interessa por temas como educação ambiental, desenvolvimento regional sustentável, associativismo, empreendedorismo feminino, turismo, hospitalidade e lazer.

Censo da arara-azul-de-lear

Realizado em 2022, no Raso da Catarina, o último levantamento populacional da espécie estimou que 2.254 aves vivem na localidade.

Monitorar as estimativas populacionais e a distribuição das espécies ao longo do tempo permite avaliar a taxa de declínio ou crescimento das populações. Esses dados são utilizados como um dos critérios para determinar o grau de ameaça de uma espécie, servindo de base para o planejamento adequado das estratégias de conservação e, a longo prazo, permitindo uma avaliação consistente da efetividade dessas ações.

O censo populacional da arara-azul-de-lear começou a ser organizado anualmente pelos órgãos governamentais a partir de 2001, quando foram contabilizadas 228 araras no Raso da Catarina. No entanto, foi apenas a partir de 2018, quando a população foi estimada em média em 1,7 mil araras, que os censos passaram a seguir uma metodologia padronizada. As contagens são realizadas simultaneamente em pontos fixos nos dormitórios conhecidos, ocorrendo em três dias consecutivos e em dois períodos do dia, totalizando seis amostragens.

Além do ICMBio, o Censo da Arara-Azul-de-Lear é realizado em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e voluntários, com apoio do Campus Avançado da UNEB, em Canudos.

Texto: Danilo Cordeiro/Ascom. Fotos: arquivo pessoal