A XI Semana de Urbanismo da UNEB ofereceu, entre os dias 6 e 9 de novembro, alternativas para que os participantes pudessem conhecer diferentes formas de produção e apropriação dos espaços urbanos.
A produção hegemônica foi discutida em mesa realizada na última terça-feira (7), no Teatro UNEB, em Salvador. Presidente da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), Tânia Scofield Almeida participou da atividade.
“Temos uma grande diferença de índice de desenvolvimento humano (IDH) em Salvador. Costumo dizer que na capital temos a Noruega e o Haiti”, ressaltou a gestora, que também socializou resultados de pesquisas que orientaram a construção do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) do Município de Salvador.
A professora Nelma Gusmão, da Uefs, expôs uma avaliação crítica sobre o planejamento habitual das cidades brasileiras. “Precisamos discutir quais os resultados desse modelo de planejar cidades, no qual normalmente o investimento é público, mas a apropriação do lucro é privada”.
A atividade contou ainda com colaborações da promotora de Justiça Cristina Seixas, que apresentou a atuação do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), e da vereadora de Salvador Marta Rodrigues, que avaliou os projetos urbanísticos da capital.
Diferentes olhares
Após o debate sobre a produção hegemônica, os participantes puderam conhecer outras perspectivas que coexistem na convivência urbana e nas disputas pela apropriação dos espaços da cidade.
Liderança do movimento Luta Popular, Helena Silvestre abordou a auto-organização territorial urbana e a busca de populares pelo reconhecimento de direitos.
“Quando se ocupam terras questionando o fato delas estarem sem cumprir função social nenhuma, estão visibilizando uma legião de famílias que não tinham moradia e eram invisíveis antes de organizadas em um espaço e em disputa por ele”, destacou Helena.
Docente da Uefs Jânio Santos registrou que as diferentes formas de produzir a cidade já são objeto de estudo há bastante tempo no Brasil e ainda apresentou trabalhos realizados por pesquisadores em parceria com a população, a exemplo do Plano Popular da Vila Autódromo, no Rio de Janeiro.
“A experiência de décadas de resistência contra esse modelo. E é necessário lembrar que a cidade se entrelaça com o corpo. Nos apropriamos dela com o corpo. Talvez a primeira prática insurgente seja a dos grupos que militam para ter os seus corpos respeitados no espaço da cidade”, salientou o professor.
A mesa foi coordenada pelo professor da UNEB Agripino Coelho e contou ainda com a participação da jornalista Sabrina Duran, que apresentou relatos sobre as lutas das pessoas em situação de rua em São Paulo e sobre o projeto de revitalização e ressignificação do Vale do Anhangabaú, e da advogada Thaianna Valverde, do Centro de Estudo e Ação Social (Ceas), que discutiu o trabalho de assessoria de ocupações urbanas em Salvador.
A semana foi encerrada com o debate sobre o papel do urbanista na construção do espaço urbano. A programação do evento contou também com oficinas e foi aberta com a conferência Produção do Espaço Urbano: Atos e Atores, ministrada pela professora Heloisa Costa (UFMG).
A XI SEMUR foi realizada em parceria com os discentes do Curso de Urbanismo, e o Centro Acadêmico de Urbanismo (CAURB).
Fotos: Cindi Rios/Ascom
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