O Campus I da UNEB (Salvador) esteve em efervescência nesta semana. Os que tiveram oportunidade de perambular pelos espaços da universidade, entre quarta e sexta-feira (2 e 4), puderam prestigiar as mais diversas alternativas artísticas e culturais que a Bahia produz: foi a V EXPOTUDO.
Em meio a uma caminhada, o expectador desavisado poderia ser surpreendido por uma fanfarra. Levado pela multidão que acompanhava os instrumentos de sopro e percussão, era também possível ver, logo à frente, um grupo de break dance distribuir passos e coreografias.
Ao lado, uma orquestra experimental composta por jovens da zona rural se apresentava. Foram realizadas mostras de fotografia, vídeo e ilustração, recitais de poesia e feiras das mais diferentes propostas. Tudo isso esteve, gratuitamente, à disposição para as comunidades interna e externa da universidade.
A diversidade deu o tom da iniciativa, que foi promovida pela Assessoria de Cultura e Artes (Ascult) da UNEB. Jovens, adultos e pessoas da terceira idade interagiram e promoveram trocas em meio às mais de 70 atividades realizadas nos três dias de evento.
Oportunidade para começar
Para o estudante Entoni Lima, ficar de fora da festa não seria uma alternativa. Após convite da organização do evento, ele e os amigos que participam do projeto de extensão Flauteando, do Campus XVII da UNEB (Bom Jesus da Lapa), puderam sair pela primeira vez do município de Serra do Ramalho para uma apresentação.
As mais de 12h de viagem, entre a zona rural e a capital, foram recompensadas com os elogios e a admiração registrada pelos que passavam em frente à Reitoria da universidade e logo paravam para acompanhar os acordes.
“A música, para mim, é um símbolo nacional e me traz alegria. Estar aqui em Salvador tocando flauta é o começo de tudo. Levo muito aprendizado para casa. O que eu mais gostei foi que meus colegas estão aqui comigo, todos aprendendo junto”, destacou o estudante da Escola Municipal Bartolomeu Guedes.
Sensibilidade para ensinar
Estudante do curso de Pedagogia da UNEB, Tiago Costa é um dos responsáveis por promover a alfabetização musical para Entoni e seus amigos. Acompanhado por professoras da educação básica, ele foi o responsável por reger os jovens e conter a euforia da estreia na capital.
“Este evento é um divisor de águas para mim e para essas crianças. Enquanto estudante de Pedagogia e educador musical é muito importante estar aqui. Colocá-las neste espaço, em contato com diversos públicos e bebendo de outras fontes de cultura, acredito que é uma experiência que vai ficar para o resto da vida deles. É um aprendizado para a vida”, avaliou Tiago.
Além de orientar apresentações dos jovens pelo campus, o estudante aproveitou também para levá-los ao encontro de outras atividades do evento, como o show do Grupo Pavão Dourado, que acontecia poucos metros à frente.
Tradição para transmitir
Famílias também estiveram presentes, seja apresentando o seu trabalho ou prestigiando as atividades. Mantendo vivo os aprendizados e a memória de sua avó, Leide Santos se apresentou, junto a outros familiares, com o Grupo Pavão Dourado.
Acompanhada pela filha, Tatiana, e pela sobrinha, Luiza, ela foi uma das responsáveis por agitar uma roda de confraternização e dança no estacionamento do campus.
“Não queremos deixar a cultura morrer e desejamos multiplicar com as crianças. Essa é uma troca de experiências gratificante. Vamos aprender muito e deixaremos também um pouco da nossa cultura aqui. Espero que isso seja multiplicado pela UNEB e que não seja apenas neste momento, mas também nas salas de aula e nos eventos da universidade”, ressaltou Leide.
Experiência para renovar
As Feiras de Educação para o Campo: Centro Acadêmico de Educação do Campo e Desenvolvimento Territorial; do Coletivo CultArte: Projeto Turismo de Base Identitária; de Agroecológica e Economia Solidária; e do programa Universidade Aberta à Terceira Idade (Uati) da UNEB fizeram também parte da V EXPOTUDO.
Participante das ações da Uati há 16 anos, Marinalva Barbosa manifestou alegria por poder participar e por constatar a valorização dos produtos frutos do trabalho laboral dela e de suas colegas em oficinas como as de crochê, pintura, artesanatos regionais e bordado do programa.
“Aqui a gente se descobre até artista. Fazemos parte do todo e somos visualizados pelo pessoal que participa da EXPOTUDO. Porque, às vezes, o idoso é marginalizado e, quando estamos aqui, levantamos a nossa autoestima e criamos expectativas de novas oportunidades, de esperança. É muito bom que sejamos vinculados a essa oportunidade. A gente só quer agradecer e pedir que não esqueçam de nos convidar no próximo ano”, salientou Marinalva.
Sem vocês, não somos ninguém
A programação da iniciativa contou também com as atividades do I Fórum de Arte: ensino e formação docente na UNEB. O evento reservou diversas atividades, como colóquio, roda de conversa e grupos de trabalho.
Destaque para a Conferência O ensino da arte no Brasil pós-golpe de 2016, que foi proferida pelo professor Marcos Vinicius Medeiros, presidente da Associação Brasileira de Educação Musical (Abem).
Assim, em toda a sua diversidade e abrangência, a V EXPOTUDO foi a consolidação do seu tema: Sem você, meu amor, eu não sou ninguém… Sem cultura, meu amor, nós não somos ninguém.
V EXPOTUDO encerra programação após mais de 70 atividades culturais abertas ao público (matéria)
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Fotos: Danilo Oliveira/Ascom