Estudantes da UNEB comemoram premiação conquistada em evento em São Luís (MA). Fotos: Divulgação
Quatro trabalhos de estudantes do curso de comunicação Social/Jornalismo em Multimeios, do Campus III da UNEB, em Juazeiro, foram premiados no Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste (Intercom Nordeste 2019), realizado em São Luís (MA) entre os dias 30 de maio e 1° deste mês.
As premiações aconteceram durante a Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação (Expocom), um dos eventos do congresso. Agora, os discente representarão a região Nordeste na edição nacional do Intercom, já agendado para setembro em Belém (PA).
A Expocom é destinada aos melhores trabalhos experimentais produzidos por estudantes da área de Comunicação. Neste ano, 13 trabalhos de alunos da UNEB de Juazeiro participaram da competição. Os estudantes concorreram com instituições de ensino superior de todos os estados da região.
Desta vez, quatro produções da UNEB de Juazeiro foram premiadas na edição regional:
– Programa Eufonia Especial Estádio Adauto Moraes
(categoria: Jornalismo/Modalidade: Produção laboratorial em audiojornalismo e radiojornalismo).
O Eufonia, programa educativo de ensino e extensão do curso, criado em 2006, apresentou na edição 590, que foi ao ar no dia 3 fevereiro de 2018, o “Eufonia especial de férias Estádio Adauto Moraes”. O programa, segundo estudante Márcio Reges, autor do trabalho, foi produzido com a intenção de contar histórias através da linguagem radiofônica.
Ao site de notícias Preto no Branco (PNB), o estudante revelou que produzir o programa foi um desafio. “Ao realizar pesquisas na Biblioteca Municipal de Juazeiro e na da UNEB, não encontrei materiais que se aprofundavam no tema. Nesse processo, enfrentei muitas dificuldades, pois tinha pouca coisa escrita. Pensei até em desistir. Mas foi aí que pensei: ‘Por que não contar com pessoas que acompanharam de perto essa história e que vivenciaram parte disso?'”, revelou. O programa tem a participação de diversas personalidades que fizeram história no estádio.
Para Márcio, ganhar o prêmio foi uma emoção indescritível. “Ser de uma universidade pública, que passa por uma série de dificuldades, e conseguir concorrer com outras instituições, que também tinham trabalhos maravilhosos, foi incrível. Não estava confiante, confesso, apesar de ter feito com muito amor. Mas estou muito feliz, ainda mais por saber que foi a primeira premiação do Eufonia. Me sinto muito orgulhoso, pois foi uma iniciativa minha, uma produção minha, com o apoio das professoras orientadoras”, disse o estudante.
– Nas águas do Velho Chico
(categoria: Jornalismo/Modalidade: Documentário jornalístico e grande reportagem em áudio e rádio).
A série de reportagens radiofônicas “Nas águas do Velho Chico” foi feita em parceria com a Comissão Pastoral da Terra (CPT, filial Juazeiro), num processo de vivência que se deu entre março e junho de 2018, no setor de Assessoria de Comunicação da instituição. A reportagem contou com três episódios: “O rio São Francisco não pode morrer”, “A Carta da Lapa, uma voz de vida para o Rio São Francisco” e “Comunidades resistem ao uso exploratório do rio”.
O tema central que uniu os três episódios foi a situação degradante à qual se encontra o rio São Francisco. “A nossa pretensão com a reportagem especial foi apresentar o rio São Francisco desde o local do seu nascimento até as verdadeiras causas de degradação à qual está submetido, alertando a sociedade sobre a possibilidade de sua morte frente ao uso exploratório de suas águas”, considerou Cássio Viana, aluno líder do trabalho.
O estudante se diz satisfeito com o reconhecimento: “É uma oportunidade de fazer ecoar a luta pela libertação dos povos das terras e das águas frente ao modelo de desenvolvimento imposto pelo capital e também de contribuir para a garantia de direitos que foram historicamente negados a essas populações. Esse prêmio mostra que escolhemos trilhar o caminho certo, que é o de construir uma comunicação mais plural, humana e menos industrial, que contemple outras imagens da realidade social. Além disso, possibilita um espaço para construção de outros discursos sobre o nosso semiárido, enfatizando nossas potencialidades e afirmando que o interior do Nordeste também produz jornalismo de qualidade”, disse.
– O campo é delas: mulher, futebol e quilombo
(categoria: Rádio, TV e Internet/Modalidade: Programa laboratorial de áudio).
A série radiofônica “O Campo é delas: mulher, futebol e quilombo” é dedicada a contar histórias de mulheres quilombolas do semiárido baiano que cultivam no futebol solidariedade e pertencimento. A produção aconteceu entre setembro e dezembro de 2018. “Conhecemos a realidade de dois times femininos, Coleguinhas Fashion Futebol Clube e Alagadiço Futebol Clube, que pertencem às respectivas comunidades, Rodeadouro e Alagadiço. Inicialmente, acompanhamos alguns jogos e visitamos as comunidades, com o intuito de conhecer os clubes e as futuras personagens do produto. A principal preocupação do grupo foi legitimar o lugar de fala das mulheres no futebol”, disse Jayane Rodrigues, uma das componentes do grupo.
O trabalho foi pensado como uma ferramenta de visibilidade e reconhecimento da prática feminina em comunidades quilombolas, além de remover os preconceitos do rádio ao tratar da participação da mulher negra e sertaneja no futebol, o que traz uma ressignificação ao papel do jornalismo. Por conta disso, toda a narrativa do podcast foi composta por uma diversidade de vozes de comunidades tradicionais que são constantemente negligenciadas.
“Pelo momento que estamos vivendo na educação pública do país, receber esse prêmio foi um baita estímulo. E levar essas histórias para outros grupos conhecerem é gratificante. Hoje, nós temos um presidente que possui discursos discriminatórios contra o povo quilombola, então, ter essas mulheres como sujeitos ativos do processo comunicativo é manter vivo algum traço da nossa democracia”, salienta a estudante.
– ReconectAr
(categoria: Cinema e Audiovisual/Modalidade: Roteiro de ficção).
“ReconectAr” é um convite à retomada de consciência da nossa presença enquanto natureza. Em meio ao ritmo imposto pelo tempo produtivo do capital e pelas suas armadilhas de dominação, a relação do homem com a natureza foi fragmentada pela modernidade a tal ponto que, por vezes, não nos reconhecemos mais nela, a violentamos ao invés de agradecer e zelar. Em ReconectAr, foram experimentados instantes de reencontro com um corpo não cotidiano, descondicionado e instintivo através da videoperformance.
“ReconectAr surgiu quando percebemos que dividíamos a mesma preocupação com o rio São Francisco e com o meio ambiente, além da relevância local e da possibilidade de o tema ser compreendido numa esfera global. Assim, o nosso desejo foi o de promover a reflexão do público sobre o distanciamento que existe entre natureza humana e ambiental, um dos principais fatores que leva alguém a desrespeitar o meio ambiente e então poluí-lo”, disse Andressa Silva, uma das integrantes do grupo.
“Além de uma motivação para novos trabalhos, é uma oportunidade de aprendizado e reconhecimento através de uma avaliação extracurricular, ainda mais de um evento de comunicação tão importante como esse”, avaliou a estudante.
Matéria publicada no site Preto no Branco.