“Com tiranos não combinam brasileiros, brasileiros corações”. Esses foram os versos estampados nas camisas e entoados pelas vozes da comunidade da UNEB, que esteve presente no desfile oficial do 2 de julho, na manhã do último domingo (2), em comemoração ao Bicentenário da Independência da Bahia.
A data marca a vitória do povo baiano na luta pela independência da Bahia, que culminou com a expulsão do exército português das terras brasileiras. Desde 1823, o desfile da independência rememora e atualiza essa conquista exaltando o caboclo e a cabocla enquanto representantes dos combatentes anônimos que participaram ativamente das batalhas.
“É muito importante a Universidade estar presente nas comemorações do 2 de julho, não só no cortejo, mas também com publicações e exposições, para conhecer e visibilizar uma história que ainda não foi contada: a história da participação popular, das mulheres, negros, indígenas, que consolidaram a independência do Brasil”, declarou a vice reitora Dayse Lago, que esteve presente no desfile.
O 2 de julho é feriado estadual, efeméride nacional e se tornou Patrimônio Cultural Imaterial do estado em 2006.
“A Universidade tem como compromisso a participação ativa nas manifestações populares e não podia ficar de fora do Bicentenário da Independência. É uma reafirmação da nossa resistência, da luta do nosso povo por liberdade, por autonomia, por independência”, declarou o chefe de gabinete Pedro Daniel, articulador da comemoração no âmbito da universidade.
O cortejo da UNEB, que contou com a presença de gestores, servidores técnicos e docentes, estudantes e movimentos sociais, se concentrou no Largo da Soledade e seguiu com a população baiana até o Centro Histórico de Salvador, com ponto de encontro no Centro de Estudos dos Povos Afro-Índio-Americanos (Cepaia), no Santo Antônio Além do Carmo, Centro Histórico de Salvador.
“Essa é uma das datas cívico-populares mais importantes da Bahia, no 2 de julho nós vimos se concretizar o levante de aldeias aquilombadas do nosso povo. Nessa luta, Maria Felipa se destacou como liderança feminina do recôncavo da Bahia e, hoje, ela se faz presente em cada pessoa desta comunidade acadêmica, aqueles e aquelas que moram na periferia, na roça, no interior, e que constroem estratégias cognitivamente sofisticadas para se fazerem presente na batalha que é ser baiano, ser baiana, ser baianes em nosso estado”, declarou Dina Maria, pró-reitora de Ações Afirmativas.
Protagonismo popular
O cortejo da UNEB contou ainda com a presença do Cacique Juvenal Payayá, liderança dos povos Payayá do território da Chapada Diamantina.
“Esse é um momento importante para nós, povos originários. Estamos na luta pela na reconquista da territorialidade e do fim da experiência de ter passado 500 anos vivendo com o colonizador. Hoje, eu me sinto bem aqui e vejo que as pessoas estão nos recebendo, compreendendo que nós, Payayás, estamos vivos, recuperando a nossa cultura. A gradeço a UNEB por ser uma instituição parceira nesse processo”, declarou o Cacique que, conforme deliberação do Conselho Universitário da universidade, irá receber o título de Doutor Honoris Causa.
Neste ano em que a Bahia celebra os 200 anos de independência, a UNEB comemora 40 anos de história.
“Pra mim é um prazer e uma honra estar presente com a UNEB em um momento tão importante da história da Bahia. Sobretudo neste ano em que completamos quatro décadas de existência”, afirmou a servidora técnica Manoela Martins, que este ano desfilou acompanhada da sua filha Maria Esther Martins.
No Cepaia, os participantes puderam ainda conferir a exposição de alguns dos projetos de pesquisa selecionados pelo edital Programa de Apoio a Projetos de Extensão (Proapex) da UNEB, que destacaram o protagonismo dos povos originários brasileiros.
“Esse é um festejo cívico que reafirma o protagonismo do povo baiano no processo histórico da independência da Bahia e do Brasil. E a participação da UNEB é muito importante, pois somos uma universidade inclusiva, que promove o ingresso desse mesmo povo, historicamente afastado deste espaço de produção de conhecimento diverso e amplo”, explica Euclides Santos, coordenador do Cepaia.
A programação cultural contou com o pré-lançamento do livro “Adupé”, que reúne pesquisas de sete territórios de identidade da Bahia, ressaltando o papel da mulher na construção da identidade baiana.
“O livro é uma homenagem do nosso grupo de pesquisa Ciência e Resistência às contribuições das mulheres baianas, parteiras, benzedeiras, ialorixás de povos e comunidades tradicionais da Bahia, que foram fundamentais para a construção da nossa identidade”, explica o professor Helder Bomfim, do Campus XVII, Bom Jesus da Lapa.
Confira aqui a programação cultural completa exposta no Cepaia
Texto: Wânia Dias e Leandro Pessoa/Ascom
Fotos: Danilo Oliveira/Ascom